quinta-feira, 29 de maio de 2008

UNASUL - A URSAL do Foro de São Paulo

Não custa lembrar mais uma vez: o Foro de São Paulo foi criado em julho de 1990, por Fidel Castro e Lula da Silva, após o fim da URSS e para substituir a falida OLAS cubana, pois era necessário "recuperar na América Latina o que se perdeu no Leste europeu", segundo palavras de Castro em sua fundação. O coração e o cérebro do Foro de São Paulo residem no Grupo de Trabalho que se reúne uma ou duas vezes ao ano, com o objetivo de traçar as metas para os encontros anuais do Foro. Essas metas são mais tarde debatidas nos Encontros e de lá saem as resoluções que vão ser postas em prática, em ações coordenadas, por todos os países membros do Foro.
O objetivo do Foro, como
já disse aqui anteriormente, é a criação de um bloco sub-continental que estenda-se até o Caribe e rechace a presença dos EUA. Tal idéia não é recente, como parecem fazer questão de frisar alguns dos membros - não por acaso, governantes de esquerdas como Chávez, Morales, Correa e Lula - da UNASUL e que também são membros do Foro de São Paulo.
Em 24 de julho de 2000, o presidente Chávez deu uma declaração ao informativo “La insignia” em que dizia ser partidário de uma união política, econômica e militar do Grupo Andino e do Mercosul. “Deve ser uma integração plena, não só econômica. Há que avançar para a integração, não só para a integração econômica e política” – continuou o presidente. “Há um ano eu dizia: se existe a OTAN, por que não pode existir a OTAS, uma Organização do Tratado do Atlântico Sul, que some à África do Sul?”.
Mais tarde, em setembro de 2003, reuniram-se nas instalações da Escola Militar de Montanha, em Barcelona, Argentina, os Comandantes dos Exércitos da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai para tratar da “integração militar no Mercosul”. Estiveram presentes os comandantes tenente-general Roberto Bendini (Argentina), general-de-exército Francisco Albuquerque (Brasil), Juan Cheyre Espinosa (Chile), Santiago Pomoli (Uruguai), Luis Barreiro Spaini (Paraguai) e César López Saavedra (Bolívia). Nesta ocasião, o general Francisco Albuquerque teria dito: “Esse é um exemplo para o mundo”, referindo-se à “integração militar” que mais tarde Chávez iria sugerir a criação das Forças Armadas da América Latina, coordenadas pelo Mercosul - ou, agora, pela UNASUL.
Nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2004, o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo reuniu-se na cidade de São Paulo e em sua Declaração comunica dentre outras tantas metas, a seguinte:
“1. Os partidos e as forças políticas participantes do Grupo de Trabalho debateram a estratégia comum dos movimentos sociais e da esquerda frente aos temas da integração e do comércio global. Com relação a isso, reafirmam a necessidade de uma verdadeira integração de nosso continente e rechaçam a proposta da ALCA, da forma apresentada pelo Governo dos EUA, assim como os tratados de comércio sub-regionais e bilaterais promovidos por este país. Defendemos uma integração e relações comerciais solidárias, que respeitem a soberania dos países de nossa região e promovam o direito inalienável dos povos ao desenvolvimento econômico e social, deixando claro nossa posição a favor da inclusão de Cuba no sistema inter-americano e condenação do bloqueio estadunidense a esta nação”. Como se pode observar, a inclusão de Cuba ao Mercosul já era uma meta antiga e determinada pelo Foro de São Paulo.
Em dezembro de 2004, o sociólogo comunista germano-mexicano Heinz Dieterich, guru de Chávez e Fidel, em
uma entrevista cedida ao site de extrema-esquerda Rebelión afirmava o seguinte:
“Bem, a única forma de resistir a esta imposição dos tratados de livre comércio é esse Bloco de Poder, com um programa próprio. A luta contra a ALCA tem sido defensiva porém, com a defensiva não se ganha uma guerra e esta é uma guerra contra o Império. Necessita-se de uma proposta estratégica própria. Hugo Chávez a formulou na ALBA: Alternativa Bolivariana para a América Latina. Tem-se dado passos para integrar um eixo Venezuela-Cuba, por uma parte, e um eixo Venezuela-Argentina por outra, porém não há sustentação teórica; é uma integração bilateral que segue a lógica das vantagens comparativas de David Ricardo, e o que necessitamos é um salto qualitativo para conseguir a constituição de um Estado regional que é o MERCOSUL ampliado, aprofundado, democratizado com a Venezuela, com Cuba e em uma segunda fase com Evo Morales na Bolívia e com a CONAIE (Confederação de Nacionalidades Indígenas no Equador) no Equador, que realize a integração o quanto antes nas quatro esferas sociais fundamentais do ser humano: a econômica, a política, a cultural e a militar”.
Em abril de 2005, na Argentina, sob o governo de Néstor Krishner, a Ministra da Defesa Nilda Garré, ex-montonera, desarticulava as Forças Armadas e informava que seu objetivo era criar “um Exército latino-americano chavista e anti-norte-americanista”.
E, finalmente, na reunião da Região Cone Sul do Grupo de Trabalho do Foro, ocorrida em Montevidéu em 7 de dezembro de 2005, em sua “Declaração” ficou acordado o que retransmito no original, em espanhol, para que não reste qualquer dúvida:
“REUNIÃO DA REGIÃO CONE SUL - 2005
DECLARAÇÃO – (Original unicamente em espanhol)
Montevideo, diciembre 7 de 2005
A los Presidentes y Cancilleres de los países del MERCOSUR y asociados
Los pueblos de América Latina avanzan hoy con firmeza hacia su integración haciendo por fin realidad los esfuerzos de los próceres de nuestra independencia para lograr la unión continental.
En este Primer Encuentro de la regional Sur del Foro de Sao Paulo realizado en Montevideo los días 6 y 7 de diciembre de 2005 y en la Cumbre de Presidentes del MERCOSUR que se reúne en Montevideo el 9 y 10 de diciembre, se consagran muchas iniciativas que son decisivas para nuestra integración:
- La incorporación de Venezuela como miembro pleno del MERCOSUR, que significa que toda la costa atlántica de América del Sur se integra en un solo bloque regional de más de 250 millones de habitantes.
- La creación del Parlamento regional, que significa que de la unión económica y comercial se avanza en la integración política e institucional.
- La puesta en práctica de fondos estructurales y el anillo energético.
En la Cumbre de Mar del Plata se demostró que el MERCOSUR era capaz por primera vez de defender los intereses de la región frente a los planes de los países del norte, representados en el proyecto del ALCA, con el apoyo de la Cumbre de los Pueblos y una extraordinaria movilización.
Los partidos políticos de izquierda y progresistas tenemos una tarea fundamental en esta nueva etapa en que ciudadanos y ciudadanas de nuestros países deberán dar sustento a un MERCOSUR que defienda y profundice la democracia y la vigencia de los derechos humanos en la región. El respeto a la diversidad y el desarrollo de políticas activas contra la discriminación de todo tipo deberán ser base sustancial de este MERCOSUR ciudadano.
Saludamos los esfuerzos de nuestros gobiernos para desarrollar una política de paz para la región y el mundo, en contraposición a las políticas de guerra desplegadas por la potencia hegemónica y asimismo manifestamos nuestra preocupación por la presencia de tropas y bases militares extranjeras en la región.
Consideramos fundamental la consolidación de la democracia y el respeto a la libre expresión ciudadana en los comicios a realizarse en la región, Chile y Bolivia en lo inmediato.
Finalmente nuestro MERCOSUR se seguirá ampliando hacia formas más profundas de integración latinoamericana, por el desarrollo económico y social, y hará más justa la distribución de la riqueza y defendiendo nuestros recursos naturales, estratégicos y el medio ambiente.
Viva la integración de nuestros pueblos!

Quer dizer, de um bloco de países sul-americanos reunidos em torno do objetivo único de fortalecer o intercâmbio comercial entre si, o Mercosul sofreu um desvio radical de sua origem, passando a atuar no plano político-ideológico, e futuramente militar, através da recém-criada UNASUL, como uma sucursal do Foro de São Paulo! Portanto, não foi surpresa nem foi à toa a inclusão da Venezuela, tampouco a presença de Fidel Castro (cujo país situa-se no Caribe e não na América do Sul) na Cúpula de Córdoba com vistas à integração no Mercosul.
Na redação inicial do Mercosul, quando da sua constituição, há uma cláusula que especifica que só podem participar do grupo países cujo regime seja democrático e, por esta razão Cuba, que é inegavelmente uma ditadura, está impedida oficialmente de pertencer ao bloco mas isto não impediu que se assinasse um acordo comercial com este país.
Assim, cria-se uma nova organização, com o intuito claro de incluir Cuba e formular as bases para a URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina). Resta saber o quê Cuba tem a oferecer como mercadoria para os novos sócios e com qual dinheiro pagará suas dívidas, pois é sabido no mundo inteiro que Cuba é um Estado falido.

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