segunda-feira, 5 de maio de 2008

Anos de Chumbo

Muita gente, particularmente os jovens, já ouviu ou leu a expressão "anos de chumbo", com a qual as esquerdas procuram identificar o governo dos generais, particularmente o presidente Médici, que se viu no dever de desbaratar a guerrilha e o terrorismo. Ao general Médici, ao contrário, o Brasil deve o maior programa de distribuição de renda da América latina, dentro de um fase de desenvolvimento econômico que ficou conhecida como o "milagre brasileiro".
Mas por que "anos de chumbo", se foi um Presidente profundamente humano voltado extraordinariamente para o social? Os trabalhadores rurais (quarenta milhões atualmente) e o empregados domésticos têm amparo da Previdência Social graças ao seu governo. Mas vamos aos "anos de chumbo".

Estão lembrados do seqüestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burle Elbrick? Para liberta-lo, os seqüestradores exigiram, primeiro, a leitura de um "Manifesto" em todas as emissoras de rádio e televisão, e depois, avião para deixar quinze comunistas no exterior (Argélia, Chile e México).

Para salvar a vida do embaixador, o governo concordou com a exigência dos marginais. Tudo bem.

Eu pediria a atenção dos leitores para a redação do "Manifesto dos Terroristas", com esse mesmo título publicado na edição do O POVO de 6 de setembro de 1969 (o presidente Costa e Silva já estava hospitalizado com grave distúrbio circulatório). O redator do "Manifesto" foi o jornalista Franklin Martins, aquele que comenta política no "Jornal da Globo" [atual Ministro da "Comunicação Social" (propaganda)]. Por ironia do destino, é filho de Mário Martins, jornalista, deputado e senador pela UDN de Carlos Lacerda, e era excelente cidadão, muito bem relacionado com seus colegas do Comitê de Imprensa da Camara.

Mais uma vez, peço a atenção para a redação do "Manifesto". Alias, para justificar os "anos de chumbo" basta o primeiro período, que é o seguinte:

"Ao povo brasileiro. Grupos revolucionários detiveram hoje, o senhor Burle Elbrick, Embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum ponto do país, onde o mantém preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a efeito: assaltos à bancos, onde se arrecadam fundos para a revolução; tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; tomada de quartéis e delegacias, onde se consegue armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários para devolve-los à luta do povo; as explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade o rapto do embaixador é apenas mais um ato de guerra revolucionária que avança a cada dia e que este ano ainda iniciará sua etapa na guerrilha rural".

Que tal? Qual o governo que sem chumbo enfrentaria tal situação? Observem que eles próprios, os criminosos, sem ninguém pedir, confessaram assalto a bancos, tomada de quartéis e delegacias, invasão de presídios, explosão de prédios e "justiçamento". Depois de tudo isso, na área urbana, informavam que, ainda naquele ano (1969), iriam iniciar outra etapa de guerra revolucionária: a guerrilha rural.

Leram com cuidado ? Se possível, repitam a leitura. Então já sabem por nasceram os "anos de chumbo"? E agora me respondam: qual o governo responsável que, diante de tais crimes e tais promessas, todas já em prática, não se disporia a agir com mão de ferro? A situação permitia panos mornos? Não evidentemente. Eram criminosos travestidos de políticos.

A guerra estava declarada e o seqüestro do embaixador, como afirmam os próprios terroristas, não era " um episódio isolado".

Governo nenhum tem noção exata de um movimento clandestino. Pode ser inexpressivo, como pode ser amplo e profundo. Ou o governo entrava para valer ou poderia levar a pior. Felizmente, Araguaia não era lá essas coisas e com poucas horas de chumbo estava tudo desbaratado. O Partido Comunista, covarde como sempre, quis promover guerrilha com estudantes do Congresso de Ibiuna (aquele cujo local conseguiram com prestígio de Frei Beto).

Estão aí, portanto as razões dos "anos de chumbo", que garantiram a paz da família brasileira, dando ao Presidente condições de trabalhar e realizar uma obra pela qual recebeu aplausos num Maracanã lotado. Nessa fase, dez aviões e quatro diplomatas foram seqüestrados.

Dos cinco militares da Presidência, o general Médici foi o mais sensível aos problemas sociais. Só pela ampliação do Funrural (criado pelo general Costa e Silva) seu nome jamais será esquecido dos brasileiros. Já com o general Figueiredo os professores viram garantida a volta da sua aposentadoria aos 25 anos, que FHC acabou. O Brasil teve duas fases de amplo desenvolvimento social: com o Estado Novo de Getúlio e com os militares de 64. A esquerda morre de raiva com isso, mas é a História quem o diz.

NOTA – como estaria o Brasil sem as hidroelétricas de Itaipu, Tucurui e outras construídas pelos governo dos generais?

Escrito por Themistocles de Castro e Silva, em 15/08/2007


Comento:
Não é necessário grande poder de observação para detectar-se a condenação genérica de eventos que, ainda que de modo tênue, relacionem-se ao poder militar. Em nossas escolas, os jovens são ensinados a quase repudiarem o sentimento de patriotismo que outrora marcou o desenvolvimento nacional. Prega-se a repulsa às coisas militares pela falaciosa idéia de que a ação regeneradora de 31 de Março de 1964 voltou-se contra as instituições democráticas em prol de uma ditadura repressora dos direitos humanos.

Na verdade, omitem que o ideal dos que lutaram contra a "ditadura militar" não era o estabelecimento de uma democracia, mas sim o da ditadura do proletariado, apoiados seja pela China, pela URSS ou por Cuba (na verdade, o regime estabelecido em 1964 foi uma democracia adaptada para o enfrentamento das peculiaridades da guerra revolucionária patrocinada por estrangeiros, na qual a eleição presidencial era indireta.

É necessário relembrar que a História do Planeta não conheceu, até hoje, ditadores que permanecessem no poder por tempo pré-estabelecido como no caso dos presidentes militares – que morreram pobres. Basta observarmos o comportamento dos sanguinários ditadores Stalin, Mao, Pol Pot ou Fidel Castro, entre outros, todos encastelados no poder que conquistaram do qual somente foram ou serão removidos por meios violentos ou pela morte).

Condenam-se as relativamente poucas mortes ocorridas sem tecer, por um momento sequer, comparação com os dez milhões de mortos e torturados por Mao, os vinte milhões de torturados e mortos por Stalin, os dois milhões de mortos e torturados pelo Khmer Vermelho, os dezessete mil torturados e fuzilados por Castro, os milhares de mortos pelo Sendero Luminoso (grupo responsável pelas mais inenarráveis torturas) e pelas FARC, os milhares de mortos na própria Revolução Francesa em nome da Liberdade, Igualdade e Fraternidade e, pior do que tudo, os milhares de torturados e mortos anualmente nos governos das esquerdas sem que a mídia o reconheça com a ênfase devida.

Hoje, essas cores tenebrosas são tingidas com matizes que sugerem vivermos em plena normalidade, mesmo estando inseridos em guerra civil onde favelas com status de Estados legislam com mais eficácia que o governo sobre os usos e costumes dos cidadãos intimidados.

A brandura da repressão do governo militar brasileiro quando comparada à que ocorreu no Chile ou na Argentina e em outros países é notável. No Brasil, com uma das maiores populações e um dos maiores territórios do planeta, DURANTE MAIS DE VINTE ANOS DE REGIME MILITAR pereceram cerca de 400 pessoas EM AMBOS OS LADOS. Na Argentina as mortes ultrapassam 30.000 pessoas; no Chile foram mais de 4.000 e, no Uruguai, país de reduzido território e pequena população, cerca de 3.000. A Colômbia, cujos militares não conseguiram erradicar o terrorismo, já perdeu, até hoje, mais de 45.000 pessoas e cerca de um terço do seu território para as FARC.

O que queriam os que criticam a repressão? Que se combatessem terroristas (e marginais) com lições de moral? Entretanto, aqueles marginais, que foram anistiados e agora assumiram o poder, apregoam a todos que lutavam pela defesa das instituições democráticas (escondendo suas antigas reais intenções de estabelecerem aqui a ditadura do proletariado). Provavelmente, referem-se às mesmas instituições democráticas que existiram na URSS e que existem em Cuba...

É incrível a forma como usam dois pesos e duas medidas para engabelarem os jovens que não viveram os dias de prosperidade nacional, quando apenas os que integravam instituições terroristas fomentadas por países comunistas tinham o que temer do Estado. Segundo Elio Gaspari, no livro “A Ditadura Derrotada”, pg 189: “uma pesquisa feita junto a operários indicava que o governo e os militares eram as instituições em que mais confiavam para a defesa de seus interesses. Os mais desacreditados eram os políticos e, entre eles, os da oposição”.

Qual Estado protegia melhor a sua população? O dos governos militares ou o das esquerdas? Para obter a resposta, basta verificarmos que, até 1980, os acidentes de trânsito eram a principal causa de mortes violentas, superando de muito os homicídios. Naquele ano, morreram assassinadas em todo o Brasil treze mil e novecentas pessoas. Hoje, os homicídios são a principal causa dessas mortes. Somente no ano 2000, foram assassinados mais de quarenta e cinco mil seres humanos em nosso país! Em um ano da guerra do Iraque os mortos não superaram os dezoito mil!

Esse cenário de repúdio aos valores nacionais patrocinado pelas esquerdas contribui para gerar forte descrença na capacidade da Nação superar a crise que ora assola o planeta, gerando elevado grau de pessimismo no futuro do país. Esses dois fatores adversos realimentam-se, o pessimismo ampliando a descrença e a descrença avivando na mente dos mais jovens a certeza de que não há caminho para a retomada do desenvolvimento que outrora impregnou de orgulho todos os que amam o verde, o azul e o amarelo.

Aliás, hoje, até mesmo as cores nacionais parecem necessitar do socorro de outras, como o preto e o vermelho para que formem o matiz que, muitos crêem, poderá gerar o progresso. É a síntese da negação da crença no nacionalismo como fator de união e progresso nacionais e no patriotismo como força moral a inspirar o pensamento construtivo, o trabalho produtivo e as ações altruístas, ingredientes indispensáveis à construção de um grande país. Contrastando com tal posicionamento, em diversas partes do globo, mormente onde o desenvolvimento é elevado, testemunha-se mais do que nunca o culto às cores nacionais. Não o culto ao nacionalismo xenofóbico que tantos males causou ao planeta, mas o respeito aos símbolos da pátria e o sentimento de orgulho pelo que é autóctone e pelas realizações dos antepassados.

O paradoxo é que a maioria dos que veiculam esses sentimentos o fazem na certeza de estarem agindo de forma benéfica ao país e ao mundo. Eles parecem desamparados de idéias e de valores onde possam buscar a saída para os problemas que se multiplicam rapidamente. Repetem enfadonhamente as mesmas cantilenas que lhes foram ensinadas ao longo de suas vidas pelas correntes de pensamento majoritárias tidas como politicamente corretas. Agem como que indiferentes às nossas peculiaridades que inexistem em outras nações do planeta. Adotam idéias forjadas em pensamentos importados, nem sempre eivados de boas intenções. Muitos fazem piada de nossa capacidade de levar a efeito mesmo pequenos empreendimentos.

É preciso que alguém aponte outros rumos. Urge que a maioria desperte desse pesadelo paralisante sonhado em berço de ouro. Torna-se imprescindível examinarmos as razões de nossa estagnação, não apenas no âmbito dos mais intelectualizados, mas no seio do povo, tão iludido ao longo dos anos acerca de tantas verdades.

É importante que se mencione que não desprezível parcela de culpa pelo quadro descrito pode ser atribuída aos ideólogos, aos políticos e aos religiosos, sempre enfáticos na defesa de seus interesses, sejam eles pessoais ou corporativos. Uns, sem pensarem nas conseqüências funestas de suas atitudes. Outros, ignorantes das reais condicionantes envolvidas nos problemas, para os quais pensam serem portadores da única solução adequada.

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