quinta-feira, 10 de março de 2011

Parda é Parda. Negra é Outra Parada...

Ultimamente ando praticamente sem tempo para fazer meus posts. Muito trabalho. Mas sempre arrumo um tempinho para responder alguns comentários - os que valem a pena ser respondidos.


Um leitor, chamado Guilherme, fez um comentário a respeito do post Cotas Raciais: Parda Não é Negra. E Não Odeia. Diz ele:


Ótimo post, contudo discordo quando diz que somente 6% da população é negra e a respeito das críticas sobre a estudante. Imagino que à fenótipo, realmente, só 6% são negros, mas e a questão de sangue? ter sangue de negro o considera negro!


Esse sistema de cotas foi criado com o propósito de equiparar as raças brasileiras, mas quem hoje em dia não tem sangue negro?


Logo, não vejo de forma alguma o motivo de crítica à estudande que se autodeclarou parda, pois se ela vem de descendência negra, ela tem a mesma condição social de outro negro.


O Guilherme parece ter boa fé, mas também aderido à desinformação reinante nestes tempos esquerdistas tão vermelhos... A politicagem socialista descendente dos dez mandamentos leninistas corre solta: dividir a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre "assuntos sociais", como maiores direitos para "minorias desprivilegiadas pelo infame sistema capitalista" - desde estas minorias sejam compostas por "quadros" que se encaixem no que os socialistas querem, o que, definitivamente, não era o caso da Tatiana naquele post (veja como verdadeiramente são estas políticas no site da Nação Mestiça. Eles entendem bem como os esquerdistas tratam aqueles que não querem se enquadra em sua política de dissenção social).


Na verdade, Guilherme, o fenótipo pouco diz a respeito da "negritude" da Tatiana. O que a define como parda é sua miscigenação: seu genótipo, sua genética. E, também por isto, somente 6% da população brasileira poderia ser considerada realmente negra! Segundo estudos recentes (na Folha, para assinantes), inclusive, mesmo quem se diz "preto" ou "pardo" nos censos nacionais traz forte contribuição da Europa em seu DNA.


Este trabalho foi coordenado por Sérgio Danilo Pena, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), indicando que, apesar das diferenças regionais - que indicam mais a fenotipia do indivíduo - a ancestralidade dos brasileiros acaba sendo relativamente uniforme: de Belém (PA) a Porto Alegre (RS), a ascendência europeia nunca é inferior, em média, a 60%, nem ultrapassa os 80%. Há doses mais ou menos generosas de sangue africano, enquanto a menor contribuição é a indígena, só ultrapassando os 10% na região Norte do Brasil.


Então, Guilherme, eu lhe pergunto: e o sangue? Ter sangue negro o considera negro? Eu tenho ascendência negra! Mas veja na foto do meu perfil minha "branquitude"... Poderia eu autodeclarar-me um "negão" e solicitar uma cotinha prá chamar de minha? Afinal, preste bem atenção, beiçola grande eu já tenho, hehehe.


Quanto à sua afirmação sobre o sistema de cotas equipar as raças brasileiras... Pfuuu... Que dizer, não é? Somos 180 milhões de cachorros - ou gatos, se for de sua preferência. Afinal, quem tem raça é cachorro - ou gato.


Já foi provado cientificamente que, apesar das pequenas diferenças genéticas, somos uma única raça: a humana. Estas pequenas diferenças são causados por um grupo de 40 variantes de DNA, que os geneticistas chama de "indels" (sigla de “inserção e deleção”) e são exatamente o que o nome sugere: pequenos trechos de "letras" químicas do genoma que às vezes sobram ou faltam no DNA. Cada região do planeta tem seu próprio conjunto de indels na população - alguns são típicos da África, outros da Europa, outros, ainda, da Ásia - e, com eles, dependendo de sua combinação no genoma de um indivíduo, é possível estimar a proporção de seus ancestrais que vieram de cada continente.


Porém, o que mais me espantou em seu comentário foi a conclusão: que crítica foi feita à Tatiana, que se autodeclarou parda para tentar uma boquinha naquela "ação afirmativa" racista chamada cota racial? A crítica foi feita à política exercida pelos grupos esquerdistas que dominam a coordenação - e, no caso dela, a condenação - do racismo neste sistema! E tudo porque ela disse que nunca sofreu preconceito!


Quantos "brancos de olhos azuis" - os culpados pela crise de 2008, como vociferou Lula - pobres existem nos recantos da região Sul e que não tem uma política de cotas para poder estudar numa faculdade? Discriminação você diz? Veja o comentário de um leitor neste post e poderá ter o gostinho da discriminação. E vá ao site do Nação Mestiça, como eu já disse.


E não, Guilherme! O fato de ela ter ascendência negra não a faz ter "a mesma condição social de outro negro". Este tipo de ligação de causa e efeito é uma barca furada sem lógica alguma. Eu conheço muitos negros bem ascendidos socialmente e que fizeram o que muita gente faz, independente de sua cor (lembre-se, a raça é única!): estudaram muito, trabalharam e trabalham muito, fizeram sua parte para crescer como indivíduos.


O que é necessário entender é que não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, japonese e brasileros. E isso não absolutamente é um problema. A única igualdade desejável é que todos sejamos iguais perante a lei - aliás, uma garantia constitucional muitíssmo esquecida nestes tempos tão "esquerdiotizados".


Perante a lei, devemos ser iguais, mas totalmente diferentes na vida, por sermos INDIVÍDUOS, cada um com seus sonhos, suas vontades, suas agruras, suas perseveranças. Quantas pessoas você mesmo deve conhecer que nada querem: não estudam, satisfazem-se com qualquer trabalho, não se preocupam em crescer como pessoas? Eu conheci centenas.


A melhor coisa que se poder fazer é garantir educação básica de qualidade, para que as todas as Tatianas do país possam concorrer igualmente numa instituição superior: o mérito é uma das melhores coisas da vida, Guilherme. Faz-nos saber que vale a pena lutarmos por aquilo que queremos. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, por exemplo, são um despropósito. Além disso, forçam uma identificação racial que não faz parte da cultura brasileira. E forçar classificações raciais é um mau caminho, porque, como já disse, não somos de raças diferentes.


Como diz o pessoal da Nação Mestiça, o PL do Estatuto da Igualdade Racial oficializa o fim dos mulatos, caboclos e de todos os mestiços do Brasil: ESTE É O ESTATUTO DA LIMPEZA ÉTNICA DOS MESTIÇOS! E as cotas raciais só vem contribuindo com esta limpeza.