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As oposições têm de deixar claro que a Petrobras precisa ser DESPRIVATIZADA, que não é propriedade de um partido. De fato, precisam evidenciar que os petistas têm de devolver o Brasil aos brasileiros. E contar, com coragem, com desassombro, como é que esses destemidos estão promovendo a sua privatização – desta feita, às escuras, sem leilão, sem concorrência, sem nada. Ao contrário: as privatizações do PT ajudam a eliminar a competição.
Querem um exemplo claro? Lula mudou uma lei apenas para permitir que Sérgio Andrade, seu amigo, principal financiador de sua campanha e um dos donos da Oi, comprasse a Brasil Telecom. Não! Escrevi errado: ele mudou a lei para LEGALIZAR uma compra que já havia sido feita. Mas não só isso: o BNDES, um banco público, foi um dos financiadores da operação. Dada a seqüência temporal, um banco oficial se comprometeu a financiar uma operação ilegal. Mas se tinha a certeza de que o Apedeuta cumpriria a sua parte. E ele cumpriu. Fundos de pensão – vale dizer: sindicatos de estatais – são donos de uma parcela da Oi. Assim, dinheiro público, do BNDES, financia a fatia do “privatismo” do sindicalismo petista – que é onde, hoje em dia, está o dinheiro.
“Ah, mas o BNDES participou das operações de privatização da Telebras no governo FHC”. É verdade. Operações públicas, que fizeram uma montanha de dinheiro entrar no Tesouro – dinheiro que foi fundamental no processo de estabilização da economia, de que Lula foi grande beneficiário. De qualquer modo, já ali teria sido necessário estancar a sangria de dinheiro das estatais para os fundos se eles queriam entrar no negócio. O fato é que o chamado “escândalo” da privatização da Telebras, está claro a esta altura, foi uma dessas tramóias inventadas em cima do nada. Não! Na verdade, as fitas provavam o contrário do que se queria evidenciar:. O governo de então agiu para elevar o ágio do bem público que estava sendo vendido, não para rebaixá-lo. Ademais, a privatização da telefonia correspondia a trazer a concorrência para o setor – que chegou. Lula se dedica, hoje, a eliminar a competição.
O BNDES também está, por exemplo, na fusão da Sadia com a Perdigão – mais um monopólio está sendo criado no país: é a Petrobras dos Embutidos. E, mais uma vez, os fundos são grandes beneficiários da operação – leia-se: a nata sindical ligada ao PT. O partido dá as cartas por ali. Ademais, as estatais – e isso quer dizer: todos nós – põem dinheiro nos fundos; os recursos não provêm apenas da contribuição dos trabalhadores coisa nenhuma. Quem disse que o PT não gosta de “privatização”? Gosta, sim. Desse modelo de “privatização”, que aumenta enormemente o poder do partido e põe algumas das maiores empresas do país sob o seu controle político. Gosta da privatização, em suma, do dinheiro público.
Uma pautinha muito boa, a ser feita por uma equipe, é mapear o poder real de cada fundo de pensão. Poderia ser assim:
- Nome do fundo;
- quanto a estatal realmente põe de dinheiro no dito-cujo;
- patrimônio – especialmente focado na participação em grandes conglomerados;
- como o BNDES atuou para financiar operações que eram de interesse também desses fundos e, pois, do sindicalismo e do partido a ele associados.
Com efeito, esses fundos poderiam ser a demonstração de que a melhor saída para o mundo do trabalho é mesmo o capitalismo, né? É o modelo que pode realizar sem cadáveres o que o socialismo sempre prometeu. Mas, por aqui, deu-se um jeitinho de perverter a coisa toda:
- dinheiro das estatais continuam a irrigar os fundos;
- em vez de eles injetarem recursos no mercado, são tomadores; é o estado que injeta dinheiro neles.
“Ah, mas esse Reinaldo não sabe o que diz. É assim na maioria dos países”. Não é, não. Pra começo de conversa, os maiores fundos são formados por trabalhadores de empresas privadas. Não há dinheiro público na jogada. E as entidades não estão sob a influência – na verdade, controle – de um partido político. Faça-se a anatomia desses fundos no Brasil, procedendo-se, inclusive, a um “quem é quem” na cúpula. E veremos, então, quem está com o poder real no Brasil e quanto isso nos custa. E então se verá quem realmente é o maior “privatista” do Brasil. Uma fórmula particular de “privatização”. A da telefonia buscava o que conseguiu: universalizar o telefone. Esta outra também consegue o que busca: fortalecer o poder dos burgueses do capital alheio.
Não. As oposições não precisam de todo esse teretetê. Basta lançar a campanha, assim, bem grandiloqüente, com sotaque até antigo: “A Petrobras é do povo! Tirem as patas!”. Como vêem, penso em algo bem sutil para enfrentar a mentirada. Ou se vai pra luta política ou ainda se acaba refém da baixaria. Há certo tipo de gente que parou de assaltar bancos e seqüestrar pessoas para assaltar a verdade e seqüestrar reputações.
por Reinaldo Azevedo
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