A paz e a prosperidade dos brasileiros andam ameaçadas neste momento de crise, em que deveríamos estar mais do que nunca unidos no ideal da ordem e do progresso presentes em nossa bandeira e na formação cívica de boa parte da sociedade. A harmonia não pode ser ameaçada pela ação deletéria dos que carregam os ressentimentos dos equívocos cometidos na mocidade em nome de ideais revolucionários e totalitários. Ideais estes que os levaram a irresponsáveis atos de violência, com mortes, sequestros, em que não faltaram atos de delação sob pressão e dos chamados "justiçamentos" em julgamentos sumários. Na maioria das vezes, por motivos injustificados, como matar quem por razões de arbítrio pessoal queria abandonar a vida clandestina e sem nenhum sentido. Temos de esquecer estes anos de confronto!
Esses brasileiros, que foram manipulados na juventude por profissionais treinados nos centros internacionais financiados pela então União Soviética, receberam a mais generosa e ampla anistia do século 20. Depois, parte deste grupo chegou ao poder com o governo FHC, quando se iniciou a indústria das indenizações, que já atinge a cerca de R$ 3 bilhões e que parece longe de se esgotar, em chocante venda de ideais.
Prova está no número significativo dos que se negam a reivindicar pagamento em troca de sonhos sinceros. Falta-se com o razoável ao se falar em reparação para quem deserta da vida militar, rouba, saqueia, assalta, sequestra, como se não soubesse dos riscos. Todos tinham idade suficiente para saberem em que estavam entrando. E todos sabiam manusear bem uma arma, como atestam os livros de autores insuspeitos como Jacob Gorender, Daniel Aarão Reis e Alfredo Sirkis.
O mesmo grupo atua com desenvoltura e, por vezes, segundo consta, com recursos oriundos do erário, por meio de projetos de ONGs, que por serem não-governamentais deveriam ser proibidas de receber recursos públicos. Querem dividir brasileiros por raças, contrariando nossa formação multirracial e fraterna, mostrada por Gilberto Freyre e nunca contestada. Usam geralmente da boa técnica de acenarem com novas formas de indenizações a minorias raciais por supostas responsabilidades do Estado, em que parte do território nacional é a moeda de troca. São as reservas indígenas, cada vez maiores, e as destinadas a sucessores de escravos denominados "quilombolas", que inquietam a vida do brasileiro que trabalha no campo. Seria cômico, se não fosse trágico. O governo quer dar terras que têm donos legítimos.
O pior é que dividir brasileiros, lançando as sementes do ódio racial, não é tudo. Tem mais. Querem barrar o desenvolvimento nacional, pois combatem equivocadamente o capital, punindo o trabalhador que precisa do progresso do país e de emprego para melhorar de vida. Em nome do meio ambiente, os projetos de alto interesse nacional na infraestrutura são sabotados, encarecidos, por vezes inviabilizados, diante de prolongada paciência do governo, interessado maior nas obras que contrata ou delega por concessão. O governo é, ao mesmo tempo, culpado por omissão e vítima de sua postura conivente com os agentes do atraso. Até o PAC tem sido vítima desta gente.
Vivemos até aqui em singular harmonia. Herdamos do período que vai de 1815, quando nos tornamos Reino Unido, a 1889, com a República, a unidade nacional, a paz racial e social, protegidos especialmente por dois dos maiores nomes de nossa história, imperador Pedro II e Duque de Caxias. Tudo se passou sem maiores traumas, como o salto político e social representado pela Revolução de 30 e pelos Anos Vargas. E mais: a arrancada desenvolvimentista de JK, os anos dourados do planejamento e das grandes obras dos militares e a reconstrução democrática, com José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC e, por fim, o presidente Lula.
As forças vivas da nacionalidade – trabalhadores, empresários, intelectuais, profissionais liberais – deveriam se unir contra esse exército do ódio e do atraso que nos ameaça, em momento gravíssimo por que passa a humanidade. A cruel divisão não é a racial; e sim aquela entre famílias que têm o que comer, vestir e habitar e os que vivem à margem da sociedade. Poluição maior é a pobreza, a doença, a falta de educação pelo mau uso dos recursos públicos, que são suficientes, mas sordidamente desperdiçados, como se sabe, numa cultura da irresponsabilidade de impunidade.
A história mostra que nas crises tanto pode-se encontrar lideranças do bem como demagogos irresponsáveis.
Vamos amar mais e promover a união no lugar do ódio de frustrados e ressentidos, que, se sofreram – e quando sofreram –, foram os únicos responsáveis. A história mostra que nas lutas entre irmãos, nas guerras civis, revoluções, no campo da violência todos se nivelam.
O Brasil é maior do que esta postura.
por Aristóteles Drummond, jornalista – Opinião do Correio Braziliense
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