Às vezes pego-me perguntando: por que não consigo ser um ser humano normal, politicamente correto, do tipo seguidor da corrente, da multidão, esperançoso, sem muitas opiniões e sempre pronto a dizer alguma coisa edificante em qualquer ambiente e para qualquer platéia?
Por que não guardo minhas opiniões, principalmente as políticas, para mim mesmo e não deixo os "intelectuais" tecerem seus loas às políticas ditas sociais feitas pelos esquerdistas humanistas e humanitários - afinal, já diz o ditado popular que "política, religião e futebol não se discute"?
Por que não paro de criticar Lula, por suas bobagens proferidas e feitas, e o PT por seu desejo ferrenho de implantar o igualitarismo socialista entre nós, apesar de terem feito "pequenos desvios" como o mensalão, os dólares na cueca, criado os vampiros, os sanguessugas, os dossiês contra a oposição (e eu já ia dizer "nem tão oposição assim", mas vou abster-me de tecer tal comentário), abrigar e empregar terroristas, entre "otras cositas más"? E por que não paro de criticar os membros do Foro de São Paulo, entidade fundada pelo PT, na figura de Lula, e pelo PC Cubano, sob a batuta de Fidel Castro, que congrega a maioria das esquerdas latino-americanas - mais recentemente tem tido, em suas reuniões, até membros dos países muçulmanos?
Por que não consigo fechar os olhos, como a manada que me circunda, e simplesmente condenar Israel pelo abusivo ataque à Palestina, ao invés de condenar os terroristas do Hamas só porque eles, durante muitos anos, desrespeitaram a trégua que havia sido estabelecida lançando, em menos de três anos, mais de 3.500 foguetes sobre a cabeça das crianças israelenses sem qualquer reação por parte de Israel (e eu ia dizer que todos estes que agora condenam Israel ficaram absolutamente calados durante todo este tempo, mas não vou)?
Por que não falo mal de Álvaro Uribe, presidente da Colômbia - o "lacaio do império" -, que vem combatendo os pobres coitados dos narco-terroristas das FARC ao invés de apiedar-me destes e querer, como todos os humanistas e progressistas, que aquele governo bole uma solução pacífica para o problema (e eu ia dizer que todas as vezes que os presidentes colombianos, antecessores de Uribe, promoveram tais soluções, as FARC aprofundaram seus ataques à população e fizeram mais reféns ainda, mas não vou)?
Por que continuo criticando Fidel (cujo apelido entre os "cubanos descalços" é Esteban, uma forma abreviada de "Este Bandido") e Raul Castro - e todos aqueles que apóiam o regime cubano pós-revolução de 1959 -, já que há, na ilha, nenhum analfabeto e os melhores médicos do mundo (e eu já ia, com essa minha mania, dizer que, apesar disso, Fidel foi operado por um médico Espanhol que NÃO ESTUDOU EM CUBA, mas não vou)?
Por que me escandalizo e vejo um claro viés ideológico numa atitude como a do nosso Ministro da Justiça, Tarso Genro, quando ele abriga pessoas como o "Cura" Medina, militante das FARC, ou Cesare Batisti, ex-chefe do PAC (Proletários ARMADOS pelo Comunismo) que, entre outros crimes, cometeu dois homicídios e foi o mandante em outros dois (e eu ia citar o caso da extradição dos dois boxeadores cubanos que aqui pediram asilo e sequer tiveram o benefício da análise do caso, tendo sido deportados no dia seguinte num avião VENEZUELANO, mas, novamente, não vou)?
Por que não me emociono com a posse de Barack (Sadam) Obama Hussein, chegando mesmo às lágrimas pelo "momento histórico" e por aquilo que ele vai fazer pelo mundo todo, preferindo, ao invés, temer suas ações, só porque ele ainda não provou ser um cidadão norte-americano, nascido nos EUA, como determina a Constituição daquele país (e eu ia dizer que, talvez por isso, ele tenha engasgado na hora do juramento que todo presidente faz, de respeitar e defender o país, mas não vou)?
Por que, como um verdadeiro humanista, não defendo a demarcação contínua da Reserva Raposa do Sol e a expulsão dos arrozeiros (e eu ia dizer que isto tudo é contra a vontade da maioria dos índios da região, mas não vou)?
Ou por que, como um progressista, não admito que as cotas raciais são sensacionais por fazerem "justiça social" para com a população "afro-descendente" que se auto-declara negra (e eu ia dizer que, assim, eles não precisam se esforçar para ingressar numa faculdade, muito embora as melhores conquistas estejam justamente no mérito das coisas que fazemos bem feitas, mas não vou)?
E por que não consigo olhar candidamente e com piedade para a massa ignara do MST, bovinamente doutrinada por seus mestres comunistas para invadir e depredar a propriedade alheia, uma vez que eles só querem um pedacinho de terra para plantar (e eu ia dizer que há nenhuma terra, das já doadas pelo governo e ocupadas, produzindo um pé de alfafa, que seja, e a maioria das terras já foram vendidas e que agora os membros deste movimento atacam o agro-negócio e as empresas que geram riquezas para o país, mas não vou)?
Talvez eu seja um sabotador da esperança. Um fascista reacionário vilipendiador do divino direito de outrem em ser apenas mais um membro da maravilhosa manada mudial. Ou como disse-me uma vez um outro comentarista esquerdista, numa crítica que fiz a uma reportagem num prestigiado jornal, talvez eu seja somente um "porco direitoso"!
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