Antônio Carlos Atella Ferreira, o sujeito que foi ao posto da Receita em Santo André com uma procuração falsa de Verônica Serra e que obteve lá documentos sigilosos que depois alimentaram a canalha dos dossiês, deu há pouco uma entrevista à CBN.
Bem, ele é quem é, como viram. E agora afirmou que quer se dar bem. Em entrevista à Folha, havia afirmado não se lembrar quem lhe fez a encomenda criminosa porque tem muitas agendas; afinal, diz, é um homem bem-sucedido.
Há pouco, na rádio, disse que pretende arrumar a vida com essa história. Se quiserem nomes, vão ter de pagar muito bem. Sim! É isso mesmo que vocês leram. O cinismo não parou por aí. Falou à repórter que ela deveria se sentir “agraciada” porque aquela seria sua última entrevista gratuita.
Há um indício aí de que ele está recebendo ajuda “profissional”. A verdade interessa a que lado? À vítima — no caso, Verônica Serra. Os que faziam dossiês ilegais — os petistas da campanha de Dilma — preferem o imbróglio. Ora, o que quer que diga agora, por vontade própria, para elucidar o caso pode ser considerado parte de um negócio. Numa democracia normal, apostaríamos no trabalho da Polícia Federal.
Por que um sujeito afronta com essa desfaçatez a lei — na verdade, a Constituição — e ainda faz chantagem à luz do dia? Certeza da impunidade! Digam-me:
- ele é diferente de Otacílio, o Cartaxo do PT, secretário da Receita?;
- ele é diferente da Corregedoria da Receita, que sabia, prova-o o Estadão, que tudo indicava um crime e, ainda assim, participou da pantomima com Cartaxo?;
- ele é diferente da candidata Dilma Rousseff, para quem tudo isso não passa de factóide?;
- ele é diferente dos dirigentes todos do PT, que dizem, cinicamente, ser este um “problema de Serra”?;
- ele é diferente de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, para quem tudo se resume ao crime de “falsidade ideológica”?;
- ele é diferente da cúpula do Ministério Público Federal, que assiste a um crime contra a Constituição e a cidadania e, mesmo tendo a prerrogativa de agir, se cala?;
- ele é diferente de alguns “colunistas” que, curiosamente, resolveram voltar suas baterias contra o PSDB; para os quais nada existe além de pesquisas de opinião, num esforço desesperado de guardar seu lugarzinho no coração daquele que já consideram o “futuro governo”?
Não! Ele é igual a toda essa gente. Tornou-se uma personagem desse tempo.
Por Reinaldo Azevedo
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