Nos anos 60, o mundo vivia uma divisão política entre capitalismo e socialismo: a Guerra Fria. E no Brasil, quando o presidente Jânio Quadros renunciou, assumiu o vice, João Goulart, que acenava em direção a políticas populistas. Foi aí que o país começou a enfrentar uma profunda crise política, com o perigo de virar uma ditadura de esquerda. Então, os militares tomaram o poder em 1964, e iniciou-se o período de ditadura que durou mais de 20 anos.
Durante o regime militar, as forças políticas que defendiam a instauração de uma ditadura de esquerda no Brasil foram perseguidas, e seus parlamentares tiveram os mandatos cassados pelo AI5. Mas como diz o ditado: em política e no poder não há vácuo. Assim, a esquerda, sem espaço institucional, passou a atuar nos movimentos sociais, ocupando entidades representativas da sociedade civil nos movimentos sindical, estudantil e comunitário, que se tornaram o principal o principal meio de luta contra a política oficial do país.
Como consequência, o governo militar passou a perseguir os movimentos sociais. A partir daí, surgiu o conceito de que a participação em tais esferas é “coisa de comunista”, e quem não era de esquerda passou a se afastar definitivamente desse espaço de poder.
Ora, não poderia dar em outra, pois com as entidades diretamente ligadas aos interesses mais imediatos da população nas mãos da esquerda, os conceitos socialistas, aos poucos, foram se incorporando à mentalidade da população, e o regime militar, que iniciou com ampla aprovação da sociedade, foi perdendo popularidade até o seu final em 1985.
Porém, o preconceito da direita com a participação política nos movimentos sociais se manteve, mesmo após o fim da ditadura. E isso explica o crescimento gradual da candidatura Lula, cujo seu partido, o PT, surgiu exatamente aí, em especial no sindicalismo. A esquerda do Brasil sabe a importância de cada espaço de atuação política e o poder da sua influência na mentalidade da população.
É por isso que, hoje, não temos sequer um partido de direita que defenda claramente os princípios de propriedade privada, da livre iniciativa, do estado mínimo e da prioridade aos direitos individuais. Atualmente, com exceção dos partidos de esquerda, todos os demais são apenas legendas eleitorais sem nenhuma definição ideológica ou programática.
Dessa forma, o Brasil segue os mesmos passos que outras nações já desgraçadas pela trajetória socialista:
1º - A esquerda toma o poder e aplica uma política de aumento do Estado;
2º - Implementam-se políticas populistas para “comprar” o apoio da maioria pobre da população;
3º - O Estado é aparelhado, dando emprego à militância, que se torna um exército de atuação política interna;
4º - A política econômica baseia-se no aumento da carga tributária, forte burocracia estatal, ataques à iniciativa privada, destruição do parque industrial e comercial e redução do poder econômico do país;
5º - Corroem-se as liberdades individuais, começam os ataques à liberdade de imprensa e a perseguição à oposição;
6º - Com o passar do tempo, o Estado fica comprometido financeiramente e entra em crise financeira;
7º - Cai a popularidade do governo;
8º - O país entra numa encruzilhada, cuja direção é: ou o aprofundamento de uma ditadura de esquerda, ou a queda do governo.
Não faltam exemplos de países que seguiram estes passos básicos, que vão do nascimento à morte do socialismo/populismo. Podemos dizer que o Brasil está numa posição entre o 3º e o 4º passos - e já flertando com o 5º passo.
Infelizmente, a oposição, sem representação social, inexiste. O único candidato oposicionista, atualmente, faz uma campanha tentando se mostrar mais defensor da política oficial que a candidata da situação, sem compreender que o espaço que está tentando ocupar já está preenchido. Isso explica a queda contínua de José Serra nas pesquisas de intenção de votos, ao passo que Dilma segue crescendo na carona da popularidade de Lula, mas também graças à forte militância petista, bem como a milhões de dependentes do Bolsa Família. Enquanto isso, quem não se identifica com a política oficial simplesmente não tem opção, o que explica também o crescimento das intenções de voto Branco e Nulo, segundo as mesmas pesquisas de opinião, que tende a ficar em 3º lugar na eleição.
O que podemos prever diante disso? Primeiro, que Dilma provavelmente vencerá a eleição presidencial; segundo, que o Brasil vai aprofundar os passos rumo a tudo o que já vimos em outros países que foram governados pela esquerda.
E a oposição? Terá que se reinventar, construir um verdadeiro partido político de direita, com inserção social, que reuna forças para defender os direitos de propriedade e as liberdades individuais. E isso é um trabalho árduo, com resultados somente a longo prazo. Mas enquanto os liberais continuarem tomados pelo preconceito à atuação política, seja nos movimentos sociais ou na política partidária institucional, o país andará na mesma direção.
E a Cortina de Ferro continuará se fechando no Brasil...
por Anderson Gonçalves
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