Em visita a Israel, Lula, com efeito, deu demonstrações da sua enorme capacidade de ser um “novo interlocutor” no Oriente Médio. No Parlamento de Israel, suas críticas foram dirigidas exclusivamente ao país. No encontro com autoridades palestinas, os isaelenses apanharam de novo. “Ah, mas e as 1.600 casas?”, poderia indagar alguém. A crise é um tanto mais antiga, não é mesmo?
Um “negociador” tenta encontrar um meio-termo entre os litigantes; os mais sagazes sabem que uma de sua tarefas é reduzir a pauta de reivindicações, em vez de ampliá-la. Lula aproveitou a visita à Autoridade Nacional Palestina para pedir a derrubada do muro que separa a Cisjordânia de Israel, o que não está sendo cogitado, no momento, nem por Mohamoud Abbas. É como apagar incêndio com gasolina, para usar imagem popular sofisticada perto de outra a que Celso Amorim, o Megalonanico, recorreu. Já falo a respeito.
Talvez não tenham informado a Lula que o tão detestado muro reduziu a praticamente zero os atentados terroristas em território israelense praticados por palestinos oriundos da Cisjordânia. O nosso gênio da negociação sempre poderá dizer que este não é melhor caminho. Claro que não! O melhor é pôr fim aos atentados terroristas. Mas Lula não tocou no assunto, preferindo destacar o sofrimento do povo palestino com o muro e o bloqueio. As razões por que existem uma coisa e outra foram solenemente ignoradas.
Hoje, Lula depositará flores no túmulo de Yasser Arafat, o histórico líder palestino, que tinha as mãos inequivocamente sujas de sangue. Levará as flores que se negou a deixar sobre o campa de Theodor Hezrl, o fundador do Movimento Sionista, que nunca matou ninguém.
EIS O PERFIL ACABADO DO HOMEM QUE PRETENDE SER UM NOVO ATOR NAS NEGOCIAÇÕES NO ORIENTE MÉDIO.
Lula visitou o Museu do Holocausto em Jerusalém. Fez o discurso de praxe, afirmando que aquilo nunca mais pode se repetir etc e tal. E dramatizou: “Nunca Mais, nunca mais, nunca mais!”, como uma litania. Daqui a dois meses, encontra-se com um contumaz negador do Holocausto, Mahmoud Arhmadinejad. Na visita do facínora ao Brasil, o governo brasileiro deixou claro que Lula não tocaria no assunto. E o próprio Demiurgo se encarregou de resumir: como chefe de estado, não tinha de se meter nos conflitos entre judeus e árabes — ele pensava que iranianos fossem árabes…
Esse é o grande negociador que chegou ao Oriente Médio! Ele se quer “uma alternativa”. Israel está sob fogo cerrado. Ontem, a Casa Branca confirmou o cancelamento da visita ao país do enviado para o Oriente Médio, George Mitchell, prevista para sexta. A decisão acentuou a crise entre os dois países. Indagado a respeito, Amorim deu uma resposta iluminada: “Em briga de jacu, nhambu não entra. Não vou me meter nas discussões entre Hillary Clinton e Binyamin Netanyahu”.
Lula volta a se encontrar com Mahamoud Abbas nesta quarta. Uma das suas intenções é promover o entendimento entre os terroristas do Hamas, que deram um golpe na Faixa de Gaza, e o Fattah. Vai tentar emprestar a sua tecnologia “companheira” de negociação. Deve imaginar que isso é mais ou menos como fazer um acordo por aqui entre a CUT e a Força Sindical…
Lula já tinha revelado ao mundo seu real tamanho na questão cubana. Em Israel, dá seqüência à obra. Daqui a dois meses, ele faz um arremate abraçando Ahmadinejad.
É a diplomacia do nhambu!
por Reinaldo Azevedo
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