O nosso STF, a um formidável custo de dinheiro e de recursos intelectuais, levou meses estudando o caso Battisti. Por fim, depois de horas a fio esfregando flanela no próprio saber e ostentando seu lustro jurídico, os membros da corte deliberaram que sua decisão valia tanto quanto a opinião do senhor que abastecia de água o copo do ministro Gilmar Mendes.
A esquerda vibrou! Após anos de empenho para retornarmos ao Estado Democrático de Direito, a esquerda vem mostrando o quanto o despreza. Ao expressar seus apoios, deixa evidente que, para ela, coisas como devido processo e cumprimento das leis são papo de burguês. Bom mesmo é meter o pé na porta e puxar o gatilho. Não exagero, não. Ela está para o caso Battisti, para as FARC, para o MST, para o terrorismo islâmico, para o chavismo, etc., assim como a torcida do Flamengo está para o Flamengo.
Há um poderoso lobby de apoio às ações criminosas desenvolvidas por tais grupos. Cresce, no Brasil, a indulgência de setores da mídia, das instituições de Estado. Esse abraço protetor procede, também, de boa parte do mundo acadêmico, dos cursos de doutorado, da Igreja e do universo da cultura. Azar, leitor, se um grupo invadir propriedade sua, destruir seus bens e o submeter a cárcere privado. Azar seu! Mas se houver intervenção judicial ou policial, imediatamente se erguerão vozes para denunciar a tal “criminalização dos movimentos sociais”. De modo ardiloso, invertem os critérios de juízo e a função das instituições. Transformam os réus em vítimas e as vítimas em réus.
Eu pensei que essa esperteza fosse criação da malandragem brasileira. Não é. Procurei no Google as palavras “criminalization of social movements”, e encontrei, para espanto meu, mais de 200 mil referências. Em português a coisa saltou para 1,2 milhão. E, em espanhol, passou de dois milhões! Creio que isso basta para evidenciar a força de convencimento que se associa à persistente reiteração de chavões. Ou, dizendo melhor, às estratégias de mistificação para dissuasão.
Descobri que no Paraguai, na Colômbia e no Peru é a mesma coisa. Mas nosso país vai além. Está se transformando em valhacouto da bandidagem nacional e internacional. Aqui as FARC têm “embaixador”. Aqui se concede refúgio a qualquer delinqüente que exiba no currículo a integração a alguma organização criminosa esquerdista travestida de “social”.
Quando as forças colombianas bombardearam, em território equatoriano, um reduto das FARC, acabaram apreendendo o famoso notebook de Raúl Reyes. Foi um corre-corre mundial porque havia de tudo ali, informações sobre tráfico, remessas de dinheiro venezuelano, afetuosas mensagens de Reyes para o presidente do Equador, e por aí vai. Entre essas peças, um email do paraguaio Partido Patria Libre celebrando a acolhida proporcionada pelo nosso governo aos companheiros Juan Arrom, Anuncio Martí e Victor Colman.
Quem são eles? Os três pertenciam ao Partido Patria Libre (PPL). Esse grupo, depois de promover vários crimes no Paraguai, deu origem a outro gentil movimento, o Exercito Popular Paraguaio (EPP). Como estavam querendo criminalizá-los por coisas triviais como assalto a banco e sequestro uns fugiram para a Argentina, que lhes deu um pé no traseiro, e outros para o Brasil, que os acolheu de braços abertos. Aqui, só devolvemos, mesmo, perigosos atletas cubanos.
por Percival Puggina, no Zero Hora, em 22/11/2009
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