Ao comentar a generosa doação de R$ 120 milhões do governo federal para o Fórum Social Mundial, (...) Cândido Grzybowski, sociólogo e fundador do Fórum, reconheceu que “qualquer político quer um público de 120 mil pessoas do mundo todo”. Mas o interesse dos políticos não costuma coincidir com o interesse da população. Se as pessoas valorizassem tanto assim o Fórum Social Mundial, não seria preciso financiá-lo com os impostos. Bastava recolher os R$ 120 milhões em doações voluntárias.
Por outro lado, nem mesmo quem discorda da transferência de R$ 120 milhões do bolso do contribuinte para os inimigos da globalização pode acusar os organizadores do evento de incoerência entre teoria e prática. Tomar o dinheiro do contribuinte para fins considerados mais dignos por seus participantes é o espírito do Fórum Social Mundial. O propósito de suas reuniões é justamente criar estratégias para utilizar ainda mais recursos da sociedade. A obtenção de tanto dinheiro público não apenas passa pelo teste da racionalidade socialista como atesta o sucesso do movimento.
Para manter a mesma lógica, um fórum que combate essa transferência do dinheiro público precisa abrir mão de semelhante privilégio. É por isso que o Fórum da Liberdade de Porto Alegre, talvez o maior evento liberal do hemisfério, conta com um orçamento total 100 vezes menor do que a bolada recebida por seu contraponto ideológico.
Se os dois eventos prezam pela lógica na arrecadação, a realização de seus objetivos levaria a cenários antagônicos. Os liberais sustentam que pessoas adultas devem ser livres para realizar quaisquer atividades pacíficas, sejam de cunho religioso, artístico, sexual ou capitalista. Os socialistas não concedem o mesmo grau de liberdade. No socialismo, os cidadãos não podem se organizar ou dispor de seus bens da maneira que lhes aprouver. Quem decide o que será feito com os recursos da sociedade são os políticos, exatamente como decidiram o destino de 120 milhões de reais da sociedade brasileira.
Portanto, num mundo em que triunfassem definitivamente os objetivos políticos do Fórum Social Mundial, não haveria Fórum da Liberdade. Já num mundo em que vigorasse o programa do Fórum da Liberdade, o Fórum Social Mundial continuaria existindo. Da teoria à prática, no mundo melhor dos ativistas do Fórum Social Mundial, eles decidiriam não apenas como gastar R$ 120 milhões, mas o PIB inteiro — do mundo.
por Diogo Costa
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