quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Pré-Sal: Bilhete Premiado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no dia 28/08/2008, que o Brasil ganhou um “bilhete premiado” ao encontrar as reservas de petróleo na camada do pré-sal na costa brasileira.

Segundo ele, é preciso tomar cuidado para “não sair gastando o que não temos ainda” e ter em mente que a descoberta tem que atender a todos os brasileiros, sendo que parte da receita obtida com o petróleo ali extraído seja destinado para investimentos sociais.

O que Lula não contou é que o barulho do governo em torno das mega-reservas do pré-sal só será convertido em produção comercial de óleo e gás no final da próxima década.

José Formigli, que ocupa na Petrobras a gerência-executiva de Exploração e Produção do pré-sal, deu uma idéia da distância que separa o ruído político dos resultados econômicos.

Nesta terça (16), falando na conferência Rio Oil & Gás, Formigli disse que, em
2017, três projetos pilotos e oito plataformas do pré-sal estarão em fase de produção.

"Será um marco histórico para a Petrobras, alcançando um valor de produção bastante significativo", disse ele.

Ou seja, o “marco histórico” do pré-sal é coisa para o penúltimo ano do mandato do sucessor do sucessor de Lula, que tomará posse em 2015.

Na véspera, em discurso feito na mesma Rio Oil & Gás, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, já havia traduzido em cifras o desafio petrolífero.

Segundo Gabrielli, cada sistema produtivo necessário à exploração do pré-sal (plataformas e respectivos equipamentos) pede investimento de US$ 7 bilhões.

“E são muitos sistemas produtivos, até 60”, disse o presidente da Petrobras. Na ponta do lápis: 60 X US$ 7 bilhões = US$ 420 bilhões.

Não é por outra razão que a Petrobras foi às pranchetas para refazer o seu plano de investimentos estratégicos.

O plano anterior, que se pretendia válido até 2012, previa inversões de US$ 112 bilhões. Uma cifra que o pré-sal tornou risivelmente obsoleta.

“Os desembolsos serão gigantescos nos próximos 10 anos”, antevê Sérgio Gabrielli.

Na noite desta quarta (17) Lula voará para o Rio Grande do Sul. Vai participar de uma nova pajelança organizada pela Petrobras.

Mais uma oportunidade para que o presidente leve os lábios ao trombone, para festejar o ainda longínquo óleo do pré-sal.

Lula pernoitará numa pousada chamada Charqueada Santa Rita, em Pelotas. Na manhã de quinta (18), segue para a cidade de Rio Grande.

Ali funciona um estaleiro arrendado pela Petrobras. Junto com Gabrielli, Lula despachará para o Rio de Janeiro, via marítima, a plataforma P-53, encomendada há um ano.

O que une a cerimônia ao pré-sal é o fato de que também em Rio Grande será iniciada em breve a fabricação de dez plataformas do tipo FPSO.

Na sigla em inglês a FPSO é uma “Floating Production Storage.” São navios-tanque. Do tipo que Gabrielli orçou em US$ 7 bilhões.

Destinam-se exatamente à exploração do pré-sal. A encomenda foi aprovada pela diretoria da Petrobras na última segunda (15).

Tenta-se correr, para que a previsão do gerente-executivo José Formigli (produção em 2017) possa virar realidade.

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