quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Farsa Lula

Os petistas estão exultantes. Pesquisa mais recente mostrou que 64% da população brasileira considera o governo Lula da Silva "ótimo" ou "bom". É o maior índice de popularidade de um presidente da República nos últimos vinte anos. "E aí? Ainda vai falar mal de nosso líder?", é a pergunta que não perdem a chance de fazer nessas horas os adoradores do Molusco.

Para tristeza da petralhada, vou continuar falando mal de Lula, sim. Agora, com ímpeto redobrado. A popularidade de Lula é mais uma prova da necessidade de criticá-lo. É mais um argumento a favor dos que o atacam e insultam. Não o contrário.

Os petistas e seus cupinchas acham que a popularidade de um mandatário é a prova da excelência de seu governo. Mais: acreditam que isso o exime de qualquer responsabilidade por seus desmandos. É como se dissessem: "viram? 64% de aprovação! Que mensalão, o quê! Que valerioduto, caixa dois, dossiê coisa nenhuma!". É típico de totalitários pensarem assim.


O ex-presidente Garrastazu Médici era bastante popular. Salvo engano, até mais do que Lula. Hitler e Mussolini também. Stálin e Mao Tsé-tung eram idolatrados como deuses. E nem por isso se vê alguém usando a popularidade deles para inocentá-los ou justificá-los. Seus crimes não se tornaram menos crimes por causa disso.

Assim como urna não é tribunal, popularidade não é atestado de inocência, nem de caráter. Na verdade, ocorre justamente o contrário: a popularidade, para esse tipo de governante, é vista quase sempre como um álibi, como um cheque em branco para fazerem o que quiserem e detonarem a democracia. Quanto mais popular for Lula, mais haverá motivos para descer a ripa no Apedeuta.

A popularidade de Lula tem uma causa principal: a economia. Aqui a farsa lulista se revela em toda sua desfaçatez. O governo Lula é uma farsa total, ética, política - e também econômica. Para os economistas, Lula é um bom presidente, apesar de ignorante e corrupto, pois tem mantido a política econômica "neoliberal" de FHC. É mais um engodo.

Se os lulistas mantiveram, à revelia de muitos petistas, a responsabilidade fiscal e as metas de inflação, isso não se deve a nenhuma conversão dos mesmos aos princípios da economia de mercado, mas a um simples cálculo político. Seu objetivo não é garantir a estabilidade e os fundamentos do capitalismo, mas, assim como os burocratas do Estado chinês, manter o poder. É isso que explica essa conversão sem confissão nem arrependimento (uma falsa conversão, portanto), e não qualquer lampejo de racionalidade por parte dos petralhas. Nada impede que, aparecendo a oportunidade de fazê-lo, ou em momento de crise, eles recorram ao velho receituário nacional-estatista, se lhes for conveniente.

Cegos pelos números da economia e pelo crescimento do PIB, a maioria dos economistas liberais não percebe essa grande empulhação. Não se dão conta de que o compromisso dos lulistas com a estabilidade econômica é instrumental, não filosófico. Assim como puramente instrumental é seu compromisso com a ética e a democracia (é bom porque é útil, única e simplesmente). Vêem como competência o que é apenas oportunismo e dissimulação.

Outra fonte do cartaz de Lula junto aos pobres é, claro, o Bolsa-Família. Não é de hoje que se sabe que programas assistencialistas são muito populares, como provam os currais eleitorais dos antigos coronéis do sertão. Lula não fez mais do que seguir essa tradição paternalista, federalizando-a. Ao fazer isso, ele se tornou o padrinho de milhões de crianças de famílias miseráveis do interior, que, para a glória e felicidade dos lulistas, ficarão um pouco menos miseráveis e muito mais dependentes do pai-Estado. Como não falar mal disso?

A popularidade de Lula diz mais sobre os que o aprovam do que sobre ele em si. Um povo que coonesta a mentira e a safadeza não pode exigir coisa melhor. A popularidade de Lula não surpreende. O inverso é que seria estranho. Afinal, ser impopular, como sabemos, é para quem fala a verdade, não para políticos.

Um antigo lema udenista dizia que somos um país honrado governado por ladrões. Concordo com a segunda parte.

por Gustavo Bezerra, no
Blog do Contra

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