Quatro anos após o Supremo Tribunal Federal determinar que a área de Raposa Serra do Sol era uma reserva indígena e que os "brancos" teriam de ir embora, a energia elétrica finalmente chegou ao barraco de madeira de dois quartos do líder da etnia macuxi Avelino Pereira.
Ele mora com a mulher, filha e neta lá. Mas seu barraco, contudo, está a cerca de 180 km da comunidade da Raposa Serra do Sol em que residiu boa parte de sua vida.
Hoje Pereira vive em Nova Esperança, uma invasão na periferia da capital de Roraima, Boa Vista, situação que ilustra o que ocorreu com parte da comunidade indígena após a demarcação.
"Hoje a realidade [em Raposa Serra do Sol] está ai, não tem uma agricultura melhor, não tem estrada boa, saúde boa. Se alguém disser que está boa, é mentira", diz Pereira, 50 anos, acostumado com a vida próxima a cerca de 340 famílias de produtores rurais que tiveram que deixar as terras para cerca de 20 mil índios após a decisão do STF.
Não há dados oficiais, diz o IBGE, sobre os indígenas que deixaram a região.
No município de Cantá à 38 km de Boa Vista, outro líder indígena, Sílvio da Silva, faz coro e fala sobre uma "maldição da Raposa".
"Hoje temos vários indígenas 'saídos' [da reserva] para procurar melhora de vida", diz Silva, ex-presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima.
Entre os principais alvos das queixas está a própria Funai (Fundação Nacional do Índio). "Eles querem que o índio volte a viver no passado, como viveram os nossos, que tinham raiz e usavam capemba de buritis [adereço] no pé, a bunda aparecendo. Hoje não, não quero fazer isso."
No percurso de carro de Cantá a Boa Vista, o indígena comenta: "Pena que estamos com pouco tempo, queria ir lá no lixão para te mostrar". Ao longo da BR-174 está Venâncio, um macuxi de fala mansa. Ele trabalha num lixão à beira da estrada, cercado por urubus, tratores e o mau cheiro. Consegue de R$ 20 a R$ 30 por dia.
"Essa realidade do lixão ela começa hoje em Roraima em escala pequena, mas a tendência é que se não fizermos nada vai crescer", diz o governador de Roraima, José de Anchieta (PSDB).
Com a chegada da noite em Boa Vista, surge outra face da busca por sobrevivência de indígenas nas periferias: a prostituição. No bairro Asa Branca, algumas mulheres conversam com vestidos curtos e maquiagens carregadas, vozes abafadas pela música alta do grupo Calcinha Preta.
Entre elas, Menezes, 26, que há seis meses começou a trabalhar no estabelecimento como garçonete. Agora, virou prostituta e diz ganhar R$ 300 por dia. Segundo o IBGE, a renda média mensal na região, na faixa etária de Menezes, é de R$ 954.
"Estou aqui porque preciso pagar minhas contas", diz ela, que morava em Uiramutã, comunidade em que ela nasceu na reserva.
A Funai não se pronunciou sobre a situação da reserva.
Os produtores rurais, por sua vez, migraram para outros Estados e para a Guiana. Dono de duas fazendas na área, Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR), hoje tem fazenda na ilha de Marajó, no Pará.
O deputado, que chegou a ser preso durante o processo de retirada de produtores, faz parte da Comissão de Integração Nacional da Câmara que se reuniu em Boa Vista com agricultores e índios para discutir a situação da região.
Pequenos produtores também vivem dificuldades. "O governo prometeu que ia dar uma casa, um poço artesiano e não deu nada", diz Wilson Alves Galego, 72.
por Erich Decat
Alguém se espanta com este resultado? Não os que me leem, não é mesmo? Há algum tempo eu venho falando sobre as prováveis consequências desta demarcação - embora eu tenha parado de escrever há algum tempo, hehe.
Ali, já sabemos, não era mais "área indígena" há muito tempo:
- o "homem branco" (e os negros também!) já estava lá há mais de 200 anos;
- há muita miscigenação entre os habitantes;
- haveria, com certeza, uma decadência econômica da área, mesmo com os índios pecuaristas, com celular, cherokee e internet;
- a expulsão dos não-índios era uma reivindicação de uma minoria dos índios, apoiados por uma série de ONGs "ambientalistas", mas o maior interesse destas ONGs, ditas ambientalistas e indigenistas, todas nas mãos dos padres da escatologia da libertação e do PT - financiados pela Fundação Ford -, e da FUNAI não era com os índios, mas, sim, com as reservas minerais lá existentes;
- as fazendas outrora ali existentes ocupavam aproximadamente 0,7% da área e empregavam farta mão-de-obra indígena
Perderam todos os índios que trabalhavam em condições mais dignas, perdeu a região Norte, que dependia em grande parte do arroz produzido pelos fazendeiros.
Os esquerdistas das ONGs, da escatologia da libertação, do PT e partidos comunistas afins e os idiotas úteis que seguem a idiotologia socialista não vão fazer uma "mea culpa". Jamais! Em sua meta de dominar a tudo e a todos, não importa se alguns seres humanos (índios ou não-índios) estarão na miséria até que eles resolvam estender sua "mão redentora" ou atirá-los aos campos de trabalho forçado ou ao paredão, como sempre foi. Seguindo o decálogo de Lenin, eles preferem dividir a sociedade para socializar os homens!
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