A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), presidida pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), vai fazer uma sabatina com os presidenciáveis no dia 1º de julho, em Brasília. O encontro será transmitido pelo site e twitter do Canal do Produtor. O tucano José Serra e a verde Marina Silva estarão lá. Dilma Rousseff, do PT, não vai. Ela está com “problema de agenda”, sabem?, o mesmo alegado para cair fora da sabatina da Folha/UOL. Esse papo de confronto não é com ela. Valdo Cruz, colunista da Folha Online, garante, no entanto, que ela está afiadíssima… O veículo em que ele trabalha faz a sabatina, a candidata do PT promete ir, sabota o encontro, mas os petistas asseguram, por intermédio de Cruz, que ela está um azougue!!! Taí um jornalista independente — ao menos do veículo…
Dilma quer falar sozinha. Na entrevista concedida em Uberlândia (ver post acima), criticou as ilegalidades dos invasores de terra. Leiam a sua fala:
“Quero dizer que sou contra qualquer ilegalidade cometida pelo Movimento dos Sem Terra ou qualquer outro movimento. Acho que ninguém que governe um país, um estado ou um município pode ser complacente com a ilegalidade. Invasão de terra, invasão de campo de pesquisa, invasão de prédio público é ilegalidade. E ilegalidade não é permitido (sic), e ninguém pode permitir que ocorra”.
“Ilegalidade não é permitido” não chega a ser, assim, uma frase que honre o pensamento ou gramática. Não fosse por isso, eu diria que Dilma tomou a fala de Kátia Abreu, não é mesmo? Tornou-se, de súbito, uma defensora da legalidade no campo e crítica dura do MST??? Ah, o que não faz a boca da urna, não é? Conseguiria fazer a bruxa passar por Branca de Neve.
E a metáfora me remete a Dunga, aquele rapaz que não sabe se comportar na vitória. Como disse o irado treinador, “o que me atrapalha e a minha memória de elefante, tchê”! Em outubro do ano passado, quando o MST invadiu e depredou uma fazenda da Cutrale, em vez da censura inequívoca à bandidagem, o que disse a então ministra da Casa Civil? Isto:
“Não vamos ser complacentes com qualquer ato ilegal. Mas também não vamos ser conservadores a ponto de tratar os movimentos sociais como caso de polícia.”
Ninguém queria tratar “movimento social como caso de polícia”, mas tratar CASO DE POLÍCIA COMO CASO DE POLÍCIA.
Dilma, afinal, pensa como Dilma ou pensa como Kátia? Ou será que veste agora o figurino da legalidade para meter depois o boné na cabeça? Em São Paulo, o PT e/ou Dilma estimularam e deram suporte a greves políticas — alguns líderes escolheram o caminho do confronto, da violência, da ilegalidade…
Uberlândia é uma região com forte presença do agronegócio, que tem sofrido com as ilegalidades impunes dos sem-terra. Como diria Dilma, nesse momento poeticamente tautológico, “a ilegalidade não é permitida” (minha Nossa Senhora de Forma Geral!!!). Ou melhor: não deveria ser. Neste governo, é. Afinal, existe uma lei que indispõe para reforma agrária terras invadidas. Nunca foi aplicada.
O governo a que Dilma pertence incentiva o conflito agrário e sustenta o MST com verba oficial. E ela vem se fingir de Kátia Abreu??? Fique atenta, senadora! Se Dilma perder a eleição, ainda tenta disputar a presidência da CNA!!!
por Reinaldo Azevedo
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