O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ter seguido seu instinto político. Quando soube da convocação, pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, da reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para examinar a crise boliviana, seu primeiro impulso foi recusar o convite e mandar um representante em seu lugar. Ele não via sentido numa reunião de chefes de Estado, uma vez que o grupo não poderia tomar decisões que só cabem ao presidente Evo Morales. Isso, aliás, havia ficado claro quando o presidente boliviano recusou a mediação do Grupo de Amigos da Bolívia (Brasil, Argentina e Colômbia) oferecida dias antes pelo próprio Lula - enquanto procura negociar com seus opositores. De certo, o presidente brasileiro também receava que o encontro de presidentes fosse usado como palco para mais uma das agressivas demonstrações de radicalismo do caudilho Hugo Chávez, que já havia ameaçado intervir militarmente na Bolívia se a crise interna pusesse em risco o governo de seu discípulo bolivariano, Evo Morales.
Mas Lula deixou-se convencer, finalmente, de que a reunião da Unasul não apenas não configuraria uma intromissão nos assuntos internos da Bolívia, como sua realização interessava a Morales. Também teria pesado na sua decisão de ir a Santiago o fato de ser aquela a primeira reunião do novo organismo regional criado para substituir a OEA - ou seja, para evitar qualquer ingerência política dos Estados Unidos nos assuntos sul-americanos.
Os debates entre os presidentes e o texto do comunicado final da Unasul mostram que o presidente Lula teria saído no lucro não indo a Santiago. Para começar, Michelle Bachelet, presidente de turno da organização, teve grande trabalho para evitar que referências grosseiras aos Estados Unidos - acusados de fomentarem uma guerra civil na Bolívia - constassem do documento final, como exigiam Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. Mesmo assim, o texto aprovado por unanimidade é um primor de parcialidade, não por dar respaldo a um presidente eleito, mas por considerá-lo, contra todas as evidências, como o paladino da "institucionalidade democrática", do "Estado de Direito" e da "ordem jurídica vigente".
Não há quem não saiba que o caos político e social se instalou na Bolívia porque Evo Morales violentou todos os princípios da democracia na sua tentativa de implantar no país um extravagante regime socialista, baseado no autoritarismo do confuso bolivarianismo de Chávez e temperado com um modelo de organização social pré-colombiano.
Antes que a situação chegasse ao ponto atual, o homem que a Unasul considera o guardião das liberdades democráticas fechou o Congresso, praticamente dissolveu a Corte Suprema e fraudou escandalosamente o processo de elaboração da Constituição que quer impor ao país. Foi contra tudo isso que se insurgiram cinco dos nove Departamentos da Bolívia. Seus governadores também deixaram a lei de lado e seria risível, não fosse trágico, falar na "ordem legal vigente" na Bolívia.
É também estranho que a Unasul exija respeito à integridade territorial da Bolívia. Há pelo menos dois anos, desde que os ânimos começaram a se acirrar, os governadores de oposição e as organizações cívicas que os apóiam não se cansam de afirmar que seu objetivo é evitar a imposição do socialismo e da ordem social pré-colombiana - que deixa em posição de submissão quem não é índio - e consagrar a autonomia dos Departamentos - e não a deposição de Evo Morales e, muito menos, a secessão do país. Se, nesse período, existiu alguma ameaça à integridade da Bolívia, ela partiu do caudilho Hugo Chávez, que mais de uma vez se disse disposto a intervir militarmente no país.
Do espetáculo encenado em Santiago teria restado de útil a decisão de organizar uma comissão para acompanhar os trabalhos de uma mesa de diálogo entre o governo e a oposição bolivianos. Mas os presidentes reunidos fizeram um "apelo ao diálogo" quando, havia já 48 horas, se reuniam no Palácio Quemado, em La Paz, o vice-presidente Álvaro Garcia Linera e o governador de Tarija, Mario Cossio, para acertar as bases das negociações entre o governo e os governadores da "meia-lua". É desse diálogo que pode surgir a tão desejada "harmonização" entre a Constituição de Morales e as reivindicações políticas dos governadores - única forma pacífica de solucionar a crise boliviana.
Fonte: Editorial OESP, 17/09/2008
Lula, embora Apedeuta, não é de todo tolo. Sabe muito do que se diz, por aí, nas alas decentes da sociedade brasileira - aquela que ainda não foi cooptada por seu assitencialismo e aquela que não pensa com a cabeça alheia (a dos "intelectuais" comunistas), sobre seus passos rumo ao comunismo.
A reunião da URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), digo, UNASUL, não mais é do que um pretexto para os governantes esquerdistas ajudarem a manter a política de tomada total da Bolívia por parte do presidente Evo (I)Morales, o índio "cocalero" - uma vez que todos são membros do Foro de São Paulo, organismo que vem ditando as ações de tomada do sub-continente.
Como sempre, o trio assombro do Foro (Chávez, Correa e Evo) acusam os Estados Unidos - o império - de fomentar a crise pela qual a Bolívia vem passando, chegando ao cúmulo de expulsar os embaixadores estadunidenses daqueles países, ato imediatamente retaliado, e com razão, pelos EUA.
Sei que não é necessário explicar o início desta situação de "estado de guerra" que vive a Bolívia, uma vez que a mídia têm amplamente divulgado as notícias, mas ocorre que muito dela, já cooptada ou dominada pelas esquerdas, tem defendido Morales e, portanto, há detalhes que a imprensa não informa e é necessário enfatizar.
Nenhum destes presidentes que estão apoiando Morales o faz por diplomacia, mas por força da aliança que mantêm, repito, no Foro de São Paulo. Embora tenham terminado a reunião da UNASUL dando apoio incondicional a Morales, dizendo que os distúrbios que estão ocorrendo na Bolívia são "atos de terrorismo praticados por um setor fascista e racista da oposição de direita", tanto Chávez quanto Lula já haviam dito que, caso houvesse a derrocada do governo, retaliariam o fato - o primeiro dizendo que "os 'golpistas' da Bolívia que estariam me dando luz verde para apoiar qualquer movimento armado na Bolívia" e o segundo que "se tentarem derrubar Morales, o Brasil não reconhecerá nenhum governo que pretenda substitui-lo", palavras estas suportadas por seu assessor Marco Aurélio Garcia, o rei do tártaro comunista.
Ora, não é isto uma ingerência? É. E quem melhor explica esta ingerência é o ex-ministro colombiano Fernando Lodoño, no editorial de "La Hora de La Verdad" de 12 de setembro:
"Isto não é somente uma 'bisbilhotice' mas um crime, por ferir acordos internacionais que impedem terminantemente que os países – enquanto Estados – interfiram nos assuntos internos dos outros.
Tanto Lula quanto Chávez (e toda a militância comunista em torno deles) sabem gritar do alto dos palanques que não admitem a interferência do “império” em seus países. Até hoje ainda rende a história da IV Frota americana que sequer veio com o objetivo que a paranóia desses dementes denuncia, mas a alegação é a tal “não-interferência” nos negócios internos dos outros países.
A diferença, entretanto, é que, entre os membros do Foro de São Paulo, não só esses acordos internacionais são rasgados, como agem todos em comum acordo, contando com a participação prestimosa de suas redes e ONGs."
Ademais, sabemos todos muito bem o que são terroristas para este bendo do Foro de São Paulo: todos aqueles que não rezam por seu credo totalitarista. Tome-se, por exemplo, que as barbáries cometidas pelas FARC não são atos terroristas, tampouco os atos praticados nas décadas de 60-70 pelos hoje ministros do governo brasileiro Carlos Minc, Dilma Roussef, Franklin Martins.
Assim, como podem querer denunciar a sabotagem no gasoduto boliviano, supostamente atribuído aos opositores autonomistas, quando há mais ou menos um mês as FARC fizeram o mesmo na Colômbia e não houve um só desses cínicos a denunciar ou prestar solidariedade ao presidente Álvaro Uribe?
Esta sabotagem é, com certeza, mais uma digital do Foro de São Paulo, agindo de acordo com o decálogo de Lenin, uma vez que, quando o Brasil resolveu ceder às exigências do governo boliviano para que assinasse uma contrato de fornecimento de gás lesivo à nossa nação, Evo reconheceu que não teria como cumprí-lo (e, estranhamente, a falta de gás atingirá, justamente, o estado São Paulo, a locomotiva do Brasil), uma vez que nossa demanda era bem maior que a produção existente naquele país.
Não é uma estranha coincidência tudo isto? E o bode expiatório são as oposições (verdadeiras oposições) bolivianas, que apenas querem autonomia do governo - tal qual a autonomia existente entre os governos estadual e federal brasileiros - e rechaçar a nova constituinte aprovada por unilateralmente pelos governistas. Quem, então, são os verdadeiros terroristas?
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