quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O Libertário de Ontem é o Ditador de Hoje

Millor Fernandes disse há trocentos anos que o perigo maior dos comunistas é quando eles aprendem a contar dinheiro. Vide a fortuna de Fidel Castro, as apropriações dos líderes europeus do Leste, as narco-finanças das Farc e os mensalões e cuecões do PT no Brasil.

Meu amigo paraibano Bráulio Tavares concluiu anos depois do decano filósofo do humor que "a direita nunca me enganou. A esquerda, já". E lá por volta dos anos 1980, meu lado cazuzo-publicitário ainda vivo compôs o adesivo "Ideologia, eu quero uma pra vender".

Longe do conhecimento de nosotros brasileiros e ignorada pela imprensa tupiniquim preocupada em pregar a queda do império americano e a falência do capitalismo, a pobre Nicarágua virou uma aldeia abandonada ao deusdará, uma sesmaria ideológica onde a família Ortega constrói fortuna e destrói a democracia.

O senhor Daniel Ortega [um dos membros do famigerado Foro de São Paulo], o ex-guerrilheiro que comandou a reação ao ditador Anastácio Somoza nos anos 1970, conseguiu em várias administrações provocar no pequeno país uma hecatombe maior do que o grande terremoto que devastou Manágua em 1972 e levou 10 mil vidas em apenas 30 segundos.

Quando Ortega e seus guerrilheiros combateram a dinastia Somoza, com ataques a la vietcongs e foram acusados pelo governo de violentos, saiu em defesa deles um senhor grisalho, cinquentão, querido pelo povo por sua importância religiosa e cultural: o então arcebispo Ernesto Cardenal.

O religioso foi o responsável por um conceito que tirava da luta armada qualquer culpa no campo divino: "não deporemos Somoza com orações, mas com balas". Uma versão brasileira foi composta pelo bispo Pedro Casaldáliga: "Erradicar a fonte da violência não é violência".

Ao justificar a ação guerrilheira do movimento sandinista, Cardenal estava pondo em prática as pregações do bispo colombiano Camilo Torres, um ícone católico da esquerda latina naquela época. Torres dizia que "o dever de todo cristão é ser revolucionário e o dever de todo revolucionário é fazer a revolução". Mais automático que a escrita de Breton.

A Nicarágua de hoje é mais um retrato da farsa marxista pregada pela esquerdopatia mundial. Uma nação destroçada, empobrecida, violentada nos mínimos direitos de cidadania, governada por um ex-guerrilheiro com todos os componentes de chefe de quadrilha, um corrupto, um carrasco sanguinário e sem escrúpulos.

Me assusta quando vejo um radical sentar a bunda no poder. Sua primeira ação é quase sempre passar uma borracha na própria condição pregressa. O Luiz Inácio que hoje ameaça nas ruas um líder que faz oposição no Parlamento, é aquele mesmo que fez oposição radical e até votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Quando liderou a oposição no tempo dos governos Sarney, Itamar, Collor e FHC, o senhor Luiz Inácio foi respeitado como manda o protocolo de uma democracia. Com exceção dos arroubos do alagoano, nenhum chefe de Estado subiu em palanques ou nas tamancas para desancar a outra banda da sociedade.

Voltemos à Nicarágua. Entre os muitos perseguidos pelo sacripanta Daniel Ortega está um senhor octogenário, cansado de tanta esperança, teimoso na sua fé de uma nação para o povo. Seu sofrimento diante da ditadura atual é o mais frio e cruel retrato do espírito amoral das esquerdas. O corsário comunista persegue Ernesto Cardenal.

por Alex Medeiros, no
Jornal de Hoje

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