terça-feira, 24 de julho de 2012

Morre Mais um Bravo Lutador Pela Liberdade na Ilha-Prisão

Morreu neste domingo, 22/07/2012, num acidente de carro, em circunstâncias estranhas, o dissidente cubano Oswaldo Payá. Em sua página na Internet, lê-se o seguinte comunicado, assinado por Regis Iglezias Ramirez:

"Às 16h deste 22 de julho se confirmou a notícia fatal: a morte do líder do Movimento Cristão Libertação Oswaldo Payá, e de Harold Cepero, líder jovem do MCL. As circunstâncias da morte não estão claras, e todas as hipóteses estão abertas. Pedimos, portanto, à Junta Militar cubana uma investigação transparente e conclamamos todos os amigos solidários com a causa da libertação dos cubanos para se mantenham em alerta, apoiando-nos nesse pedido.

Somos um movimento e seguiremos trabalhando até conseguir alcançar o sonho de Oswaldo e de milhares de cubanos: viver em um país livre.

O MCL agradece as condolências que estão chegando de todo o mundo, de governos, políticos e cidadãos, o que anima o movimento a seguir o trabalho que começou há 20 anos.

São momentos dolorosos para as respectivas famílias de Oswaldo e Harold, e nossas orações e pensamentos estão com eles. São momentos dolorosos para o Movimento Cristão Libertação, mas seguiremos com nosso compromisso e nosso trabalho dentro e fora da ilha, até que a soberania e a liberdade sejam devolvidas ao povo cubano."

Não foi o primeiro
Payá, um dos mais importantes dissidentes cubanos, já havia sofrido um acidente de carro bastante suspeito. Um caminhão acertou o seu carro, tirou-o da pista, e ele capotou. Leiam o que informa Agência Efe:

O opositor cubano Oswaldo Payá, um dos mais destacados líderes da dissidência interna da ilha, morreu neste domingo em consequência de um acidente de trânsito na província oriental de Granma, informaram diversas fontes. Uma funcionária do hospital Carlos Manuel de Céspedes da cidade de Bayamo confirmou à Agência Efe por telefone a morte de Payá, informada também na rede social Twitter pela conhecida blogueira Yoani Sánchez e inclusive pelo internauta governista conhecido como Yohandry. Além disso, um porta-voz do Arcebispado de Havana disse à Efe que o cardeal cubano Jaime Ortega falou esta tarde com a esposa de Payá, que lhe confirmou a trágica notícia.

Sem que ainda se saibam detalhes do fato, as diversas fontes consultadas pela Efe explicaram que Payá morreu após um acidente de trânsito que sofreu nas proximidades da cidade de Bayamo o veículo no qual viajava com outras três pessoas.

O site oficial “Cubadebate” qualificou “lamentável” o acidente no qual morreu Oswaldo Payá, em uma incomum nota onde assegura que as autoridades do país averiguam as causas do acidente. A nota deste site oficial diz que o acidente aconteceu às 13h50 (horário local, 15h50 de Brasília) deste domingo na localidade conhecida como La Gavina, situada a 22 quilômetros da cidade de Bayamo, na província oriental de Granma.

Detalha que os mortos "são os cidadãos cubanos Oswaldo Payá Sardiñas, morador em Havana, e Harold Cepero Escalante, oriundo de Ciego de Ávila". Além disso, informa que ficaram feridos o espanhol Ángel Carromero Barrios e o sueco Jens Aron Modig, que sofreram ferimentos leves e recebem assistência médica no hospital Clínico Cirúrgico Docente "Carlos Manuel de Gramados" de Bayamo.

O opositor cubano Oswaldo Payá, de 60 anos, era um dos mais destacados líderes da dissidência interna da ilha, foi o fundador do Movimento Cristão Libertação e o promotor do denominado "Projeto Varela", uma iniciativa que apresentou ao Parlamento cubano, em 2002, após recolher 11.020 assinaturas em apoio, um referendo para introduzir reformas à Constituição.

Em outubro de 2002, o Parlamento Europeu lhe outorgou o prêmio Sajarov para os Direitos Humanos e a Liberdade de Pensamento, em reconhecimento a sua luta pacífica a favor da transição à democracia em Cuba.

Por Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Diabólico Plano do Foro de São Paulo

A jornalista Graça Salgueiro, do NotaLatina, brinda-nos mais uma vez com suas pungentes reportagens a respeito dos desígnios malignos do Foro de São Paulo. Como ela citou a reportagem da Veja sobre a última reunião do Foro, vou tomar a liberdade de contrapor esta (em vermelho) com seu artigo.

Depois que Lula deu luz verde para que o Foro de São Paulo (FSP) pudesse ser mencionado como um fato, toda a imprensa nacional passou a falar como se fosse um tema corriqueiro, de conhecimento geral da população e absolutamente inofensivo. Durante 16 anos não se viu o mais mínimo comentário sobre a existência nefasta desta organização criminosa, esta mesmo que há poucos dias celebrou seu XVII Encontro anual e que, de repente, ocupou os noticiários de revistas e jornais brasileiros.

Entretanto, salta aos olhos de quem estuda esta organização quase desde a sua criação em 1990 que o modo como foi divulgado o fato demonstra desconhecimento total - não somente do FSP como dos personagens habituées deste sub-mundo -, censura (auto ou imposta) ou conivência com o que aconteceu em Caracas entre os dias 4 e 6 de julho.

Nas reportagens feitas pela revista Veja, que mandou repórteres para cobrir o evento, leio coisas como “reuniões das esquerdas mundiais”, que o evento foi criado em 1990 pelas “lideranças brasileiras do Partido dos Trabalhadores” (e não especificamente por Lula e Fidel Castro), com o objetivo de “propor alternativas ao capitalismo”.

Começou hoje em Caracas, a capital da Venezuela, a 18a edição do Foro de São Paulo, encontro anual que reúne cerca de 600 delegados de partidos de esquerda da América Latina e do resto do mundo.

O evento foi criado em 1990 pelas lideranças brasileiras do Partido dos Trabalhadores (PT) e pela ditadura cubana com a meta de propor "alternativas ao capitalismo". Como nenhuma alternativa factível até hoje se materializou, o objetivo ostensivo continua o de sempre. O lema de 2012 é Os povos do mundo contra o neoliberalismo e pela paz.Ora, quem estuda sabe que não foi NADA disso, mas uma tentativa de “reconquistar na América Latina o que perdeu-se no Leste Europeu”, segundo palavras mesmas de Fidel Castro, que temia que com a queda do muro de Berlim e o colapso da antiga União Soviética o comunismo afundasse e acabasse de vez no mundo.



Na prática, contudo, o Foro deste ano tornou-se uma extensão da campanha para presidente de Hugo Chávez, que em outubro enfrenta o candidato opositor Henrique Capriles. A imagem do caudilho estava em toda parte. Pelos corredores, dizia-se que ele, em pessoa, pode aparecer na sexta-feira nos salões do Alba Caracas, hotel estatizado recentemente, para encerrar o encontro.

A ideia de que o Foro é um veículo para reforçar a campanha de Chávez e espalhar sua revolução bolivariana foi expressa tanto por pessoas ligadas ao governo quanto por grupos de oposição. Esses últimos observaram que a reunião constitui uma ingerência no processo eleitoral. Defensores de Chávez, como a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, preferiram enxergar no evento uma ratificação da peculiar "democracia" venezuelana. Se Chávez vencer as eleições de outubro, estará a caminho de completar vinte anos no poder.
"Ingerência" foi palavra proibida também ao se falar de Paraguai. Na última sexta-feira, o governo paraguaio revelou que o chanceler venezuelano Nicolás Maduro esteve em Assunção durante a votação do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo e fez contato com militares, tentando articular uma resistência à deposição do mandatário, que seguiu a legislação do país. Nesta segunda, um vídeo foi divulgado demonstrando que Maduro realmente fez contato com oficiais do exército. Isso motivou a expulsão do embaixador venezuelano de Assunção, ao mesmo tempo em que tinha início o encontro de esquerdistas em Caracas. Os participantes do Foro peroraram muito contra a queda de Lugo, um dos coadjuvantes da revolução bolivariana. Mas fizeram de conta que a conspiração de Nicolás Maduro - e o vídeo que a comprova - jamais existiu.
 
Com relação à ex-senadora Piedad Córdoba, cognominada pelas FARC de “Teodora de Bolívar”, dizem que ela “usava um lenço na cabeça”. Se um colombiano lesse isso daria gargalhadas, pois em toda a Colômbia ela é conhecida como “a negra do turbante” por usar há anos este artefato em homenagem aos terroristas islâmicos com quem os terroristas das FARC têm “negócios”.

Se houvesse de fato uma preocupação em denunciar o FSP como o que ele é, uma organização criminosa que abriga terroristas e comunistas do mundo inteiro, os enviados a Caracas teriam observado e reportado com fidedignidade o que se tramou lá, e não obviedades fúteis e tolas que não comprometem nenhum dos seus participantes.

Correu pela imprensa a idéia de que “este” Encontro foi feito para dar apoio a Chávez nas eleições de 7 de outubro. Entretanto, se quem escreveu isto estudasse os planos estratégicos do FSP saberia que isto sempre ocorreu em tempo de eleições, sobretudo presidenciais, se o candidato-membro do Foro estiver de algum modo ameaçado. Aconteceu em El Salvador, na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, na Nicarágua e agora na Venezuela. Todavia, há algo mais do que simplesmente apoiar um “companheiro”. A admissão apressada - e ilegal - da Venezuela no Mercosul deveu-se principalmente para garantir que não se possa remover Chávez do cargo, (através de um “golpe de Estado”, como eles alegam em relação ao Paraguai), e eles dão a vitória como certa, “na lei ou na marra”, amparando-o no Protocolo de Ushuaia II, que identifica o Estado com a figura do presidente, defendendo-se uns aos outros. Foi golpe sobre golpe, agora ratificado neste Encontro ocorrido em Caracas.

Chamou fortemente a atenção a quantidade de novos membros associados e os países participantes, pois agora o FSP abriu mais ainda seu leque avançando para a Europa, Estados Unidos, Ásia e Oriente Médio. Vale a pena elencar alguns. Do Brasil participaram o PT, PSB, PCB, PC do B e o PPL (Partido Pátria Livre do MR-8, cujo nome imita o também terrorista paraguaio PPL, cujo braço armado é o EPP - Exército do Povo Paraguaio). Pela Colômbia, o Polo Democratico Alternativo (PDA), o Partido Comunista Colombiano (criador e mantenedor das FARC) e a organização “Marcha Patriótica”, formada e mantida pelas FARC (esta é a maneira que as FARC têm de, agora, participar legalmente do FSP sem serem molestadas). A Espanha compareceu com o Izquierda Abertzale, o partido do ETA basco. A Palestina veio com o Al Fatah, além das Frentes e do Partido Comunista (PC) e todos os PC’s dos seguintes países: Chile, Espanha, China, Alemanha, Aruba, África, Curaçao, Finlândia, Grécia, Líbano, Portugal, Rússia, Sérvia, Turquia, Curdistão, Vietnã e Venezuela. Saudou-se ainda os “indignados” e “ocupa” dos Estados Unidos e Europa. Mas estes são “detalhes” sem importância alguma para os jornais e revistas brasileiros que cobriram (nos dois sentidos) o evento.

Das resoluções ainda não houve publicação, mas da Resolução Final vale conhecer o que estabelecem os itens 20, 21, 23, 30 (de apoio a Lugo), 32 (que decide formar uma “comissão representativa de partidos e movimentos do FSP para visitar a Colômbia e propor uma agenda de estudo, contatos e apoio para uma solução pacífica ao conflito armado”), 34 que apóia a candidatura de Xiomara Zelaya à presidência de Honduras, e o 38 afirmando que “O FSP manifesta seu compromisso, solidariedade e total apoio” à candidatura à re-eleição de Rafael Correa nas eleições presidenciais do Equador em fevereiro de 2013.

Além de convocar as “forças progressistas” e de esquerda para respaldar a “democracia” venezuelana, estabeleceram algumas metas a cumprir, sendo a primeira delas um “Dia de Solidariedade Mundial com a Revolução Bolivariana e o Comandante Hugo Chávez” no próximo 24 de julho. Promover uma “carta de solidariedade com a Revolução Bolivariana” subscrita por vários setores do mundo (eles são megalômanos, sem dúvida) que será publicada em agosto, realizar um “Twittaço mundial com Chávez” através da conta @chavezcandanga numa data do mês de agosto escolhida por ele e o mais importante: assistir às eleições de 7 de outubro e começar, a partir do término do Encontro até o dia das eleições, visitas aos países e regiões onde governam porta-vozes da Revolução Bolivariana e promover palestras acerca da “verdade” sobre a democracia venezuelana e a “confiabilidade e fortaleza” de seu sistema eleitoral.

Chama a atenção também que não se tenha dito nada no Brasil acerca de um comunicado que o bando comuno-terrorista colombiano ELN enviou ao FSP, pedindo um “diálogo direto ou epistolar para falar de paz” e que nesse mesmo período as FARC tenham intensificado seus ataques terroristas no Cauca, culminando com a derrubada de um avião Super Tucano da Força Aérea Colombiana na última quarta-feira, por um míssil terra-ar. Santos diz não acreditar que as FARC tenham tal artefato bélico mas até as pedras sabem que Chávez comprou da Rússia, entre 2006 e 2008, 472 mísseis e mecanismos de lançamento que os Estados Unidos temiam que fossem parar nas mãos das FARC. E elas mesmas afirmaram terem sido as autoras do atentado e ainda assassinaram um dos sobreviventes que saltou num para-quedas. Mas Santos as defende.

E com a aprovação da lei “Marco Legal para a Paz”, conhecida como “lei da impunidade”, os terroristas das FARC não têm mais com o que se preocupar em sua sanha assassina, que tem o total apoio do FSP. Não custa lembrar que em 2008 o próprio Lula advogou para que as FARC viessem a se tornar um partido político legalizado, e essa lei vem para provar isto. Segundo um documento elaborado pela Universidade Sergio Arboleda, as FARC voltaram a dominar 50 novos municípios de onde já haviam sido expulsas pela Força Pública em anos anteriores (no governo de Uribe), sendo 155 localidades afetadas pela violência terrorista. Hoje, o Cauca já é conhecido como o “novo Caguán”, onde comunidades inteiras estão sendo expulsas pelas FARC, que participaram legalmente do último encontro do FSP e falavam cinicamente de “propostas de paz”.

E no encerramento do XVIII Encontro Chávez esteve presente fazendo um discurso enfadonho de mais de duas horas, falando bobagens, repetindo-se e pedindo vivas a Fidel. Entretanto, de tudo isso o que ficou mais evidente foi sua certeza de que ganhará as eleições, mesmo que seja por meio de fraude, embora tanto ele quanto Valter Pomar tenham se antecipado em “alertar” seus seguidores sobre a “ofensiva” que a oposição fará para não aceitar sua vitória. No vídeo apresentado abaixo, um resumo do longo discurso, observe-se o minuto 07:09 quando ele diz que “ganhará as eleições por nocaute” e depois repete: “tomar por nocaute”, quer dizer, de qualquer maneira, gostem ou não, ele não largará o poder e conta com o apoio irrestrito do FSP.

Tudo isto me remeteu a um magnífico livro intitulado “O grande culpado - O plano de Stalin para iniciar a Segunda Guerra Mundial”, do escritor russo ex-agente do extinto KGB, Viktor Suvorov, pois o objetivo inicial do Foro de São Paulo, de salvar na América Latina o comunismo que expirava na Europa, ficou pequeno e agora resolveu expandir-se para o mundo inteiro. Em abril deste ano foi criada a Secretaria Européia do Foro de São Paulo e já existe um comitê nos Estados Unidos. Leiam o que diz Suvorov a respeito da criação da União Soviética e depois comparem com tudo o que falei a respeito desse último encontro. Não é coincidência; é uma reedição. E o PT é o equivalente à Rússia.

Em 1919, em Moscou, Lenin e Trotsky criaram a Internacional Comunista, abreviada para ‘Komintern’. Essa organização definia-se como ‘quartel-general da revolução mundial’. O objetivo da Internacional Comunista era a criação de uma ‘República Socialista Soviética Mundial’. Assim começou o processo de criar e fortalecer partidos comunistas em todos os continentes. Tais partidos constituíam braços da Internacional Comunista e a ela estavam subordinados”.

Supostamente, todos os partidos comunistas do mundo, incluindo o da Rússia, eram do mesmo nível. Todos contribuíam para o banco comunal da Internacional Comunista. Delegados de todos os partidos comunistas do mundo organizavam congressos, desenvolviam estratégias e táticas, e elegiam um grupo líder comum - o Comitê Executivo da Internacional Comunista. Esse órgão supervisionava todos os comunistas do mundo. Oficialmente, o Partido Comunista da Rússia era o braço da Internacional Comunista, em pé de igualdade com os demais partidos, e sujeito a aceitar as decisões formuladas em comum”. (“O grande culpado - O plano de Stalin para iniciar a Segunda Guerra Mundial”, Viktor Suvorov, Ed. Amarilis, pg. 17).

por Graça Salgueiro

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dilma e o Pequeno Príncipe

Faria sucesso num concurso de miss o discurso da presidente Dilma Rousseff na 9.ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília. Sua declaração mais notável, destacada pelos jornais e reapresentada exaustivamente nas tevês e rádios, foi digna de uma devota leitora d'O Pequeno Príncipe: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto (PIB). É a capacidade do país, do governo e da sociedade, de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes". Na interpretação mais benevolente, essa peroração é apenas uma banalidade. Na menos caridosa, é uma grande tolice apresentada na embalagem rosa da mais pobre filosofice.

Não há como discutir seriamente o bem-estar e o futuro das novas gerações sem levar em conta os meios necessários para educá-las, capacitá-las para viver com independência e dignidade e proporcionar-lhes oportunidades de ocupação produtiva e decente. Mas, também no sentido inverso, a relação é verdadeira: só se pode criar uma economia dinâmica, moderna e capaz de competir globalmente por meio da formação de pessoas qualificadas para tarefas cada vez mais complexas. Examinado de qualquer dos dois ângulos, o desempenho do governo brasileiro tem sido miseravelmente falho e nenhuma retórica pode obscurecer esse dado.

Ao contrário, no entanto, das graciosas candidatas a um título de miss, a presidente Dilma Rousseff recitou sua mensagem num tom furioso, como se reagisse a uma ofensa ou, talvez, a um imerecido golpe da Fortuna. Há uma explicação óbvia tanto para sua visível irritação quanto para a desqualificação do econômico. Horas antes o Banco Central (BC) havia divulgado seu indicador de nível de atividade, considerado uma prévia mensal do PIB. Esse indicador havia recuado 0,02% de abril para maio, confirmando vários outros sinais de estagnação da economia e reforçando as previsões de um crescimento, em 2012, menor que o de 2011.

Há um vínculo evidente entre os resultados pífios da política educacional e o emperramento da produção. No último exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil ficou em 53.º lugar em leitura e em 57.º em matemática, numa lista de 65 países. O teste é realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Quase todas as crianças estão na escola, graças a um esforço de universalização do ensino iniciado há longo tempo, mas a formação continua péssima. Cerca de 20% dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais, incapazes de ler e entender instruções simples. Empresas têm dificuldade para contratar, por falta de mão de obra em condições até de ser treinada no trabalho. Há um evidente funil no ensino médio, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu facilitar o ingresso nas faculdades, numa escolha errada e demagógica.

O erro na escolha das prioridades tem permeado toda a política econômica. O consumo, apesar da queda observada recentemente, continua, segundo o IBGE, maior que o observado há um ano, mas a indústria brasileira tem tido dificuldade para suprir o mercado interno, por falta de competitividade. Fabricantes estrangeiros têm ocupado uma fatia crescente desse mercado, como já mostrou a Confederação Nacional da Indústria.
Incapaz de reconhecer os erros e de impor novos rumos à política econômica, a presidente Dilma Rousseff, como seu antecessor, prefere insistir na retórica e nas bravatas. "Vamos enfrentar os desafios para garantir à população emprego de qualidade", disse a presidente no batismo de uma plataforma da Petrobrás, na sexta-feira. A plataforma foi construída, recordou, pela "teimosia de um brasileiro chamado Lula".

Seria mais justo e mais realista lembrar a enorme e custosa lista de erros cometidos na Petrobrás a partir de 2003 e apontados pela nova presidente da empresa, Graça Foster, no dia de sua posse. Foram erros de uma gestão guiada por objetivos político-eleitorais e centralizada no Palácio do Planalto - erros essencialmente idênticos àqueles cometidos na política educacional.

Editorial do Estadão

Mensalão: Mais Foco nos Verdadeiros Protagonistas!

A defesa do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, em memorial apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), insiste na tese de que a atuação do chamado operador do mensalão ganhou uma "dimensão exagerada" no escândalo e o foco da mídia nas investigações foi deslocado para ele pelos "protagonistas políticos".

O documento de 146 páginas, com as alegações derradeiras da defesa de Valério, cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-ministros, dirigentes do PT, parlamentares e partidos da base aliada. "Quem não era presidente, ministro, dirigente político, parlamentar, detentor de mandato ou liderança com poder político, foi transformado em peça principal do enredo político e jornalístico, cunhando-se na mídia a expressão 'valerioduto', martelada diuturnamente, como forma de condenar, por antecipação, o mesmo, em franco desrespeito ao princípio constitucional", diz o documento assinado pelo advogado Marcelo Leonardo e encaminhado ao STF no último dia 28.

Em setembro do ano passado, a defesa de Valério sustentou que a acusação da Procuradoria-Geral da República é um "raríssimo caso de versão acusatória de crime em que o operador do intermediário aparece como a pessoa mais importante da narrativa, ficando mandantes e beneficiários em segundo plano, alguns, inclusive, de fora da imputação, como o próprio presidente Lula".

Na época, Leonardo divulgou nota negando ter cobrado a inclusão do ex-presidente na denúncia do mensalão. Essa parte das alegações finais, porém, foi mantida no memorial encaminhado aos ministros do STF.

Valério será julgado pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. O advogado pede na peça a absolvição de seu cliente e alega que não há prova de que foram usados recursos públicos no caso. Afirma ainda que o mensalão - a compra de apoio político no Congresso - denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), também réu no processo, não ficou comprovado.

Foro
A defesa de Valério também contesta a competência do STF de julgar réus sem foro privilegiado. O advogado avalia que ainda cabe aos ministros decidir sobre a separação do processo na abertura do julgamento, pois apenas três réus possuem atualmente prerrogativa de foro.

"A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal tem determinado a separação de processo e julgamento, mesmo entre acusados de um mesmo crime em concurso de pessoas, quando um dos acusados tem foro por prerrogativa de função e outro não", destaca Leonardo.

Toffoli
Valério já pediu o impedimento do relator, ministro Joaquim Barbosa, mas a Corte não aceitou. Sobre Antonio Dias Toffoli, o advogado do réu acredita que o ministro não pode se declarar impedido pois já atuou no processo. "O ministro Dias Toffoli já julgou dois agravos regimentais nessa ação penal 470. Então ele já reconheceu-se habilitado a julgar", disse ao Estado.

Na introdução do memorial, a defesa de Valério acusa a mídia de condenar e depois criticar "o Poder Judiciário, pressionando-o para confirmar, rapidamente, as conclusões afoitas do processo midiático terrorista".

por Eduardo Katah, de O Estado de S.Paulo

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Cuidado com os Verdes!

As Várias Faces da Esquerda

A esquerda é uma praga da qual não nos livramos. Egressa da tradição judaico-cristã messiânica, traz consigo a tara do fanatismo daquela. Mas ela tem várias faces.

No Brasil, após a ditadura, a esquerda tinha o absoluto controle da universidade e, por tabela, de muitas das instâncias de razão pública, como escolas de nível médio, mídia, tribunais e escolas de magistratura. Coitadinha dela.

Neste caso, do aparelho jurídico, sente-se o impacto quando vemos a bem-sucedida manobra da esquerda em fazer do Código Penal uma província ridícula do politicamente correto, para quem, como diz a piada, entre matar um fiscal do Ibama e um jacaré, é menos crime matar o fiscal.

Com a crise da Europa e a Primavera Árabe, a esquerda se sente renovada. Interessante como, no caso árabe, ela flerta com os movimentos islamitas. A razão é, antes de tudo, sua ignorância completa com relação ao Oriente Médio. A esquerda sempre foi provinciana. Ela confunde o fanatismo islamita com o fanatismo revolucionário. Lá, não existe “povo em busca de igualdade democrática”, mas sim fiéis em busca de tutela absoluta.

Antes de tudo, devo dizer que há uma forma de esquerda que respeito: os melancólicos de Frankfurt. Para estes, como Adorno e Horkheimer, vivemos o “échec” (impasse, fracasso) da modernidade, devido à mercantilização das relações. Para mim, isso é um fato. E, enfim, a melancolia sempre me encanta. Os melancólicos têm razão.

Desde Deleuze, Derrida e Foucault (três chifres da mesma cabra), a esquerda assumiu ares de revolução de campus universitário, que encampa desde movimentos como o engodo do Maio de 68, passando pela crítica da gramática como forma de opressão (risadas…), até a ideia boba de que orientação sexual seja atitude revolucionária. Que tal sexo com pandas? Por falar em pandas…

Outra forma é a esquerda-melancia. Verde por fora, vermelha por dentro. Essa se traveste de preocupação com os pandas para querer roubar o dinheiro e o esforço alheios, além de refundar a união das Repúblicas Socialistas Soviéticas, mas com obrigação de comida orgânica no cardápio.

Existe também a esquerda “de classe executiva” que vai a jantares inteligentes. O mais perto que ela chega de qualquer coisa vermelha é do vinho que gosta de discutir, marca de sua falsa “finesse”. Nada mais “fake” do que falar de vinhos como modo de elegância afetada.

Há também a religiosa, que se divide em duas. A budista “light”, aquela que acha que o budismo é uma espiritualidade “progressista”. A outra, a católica, pensou que Marx precisava de um Che Jesus e se deu mal. Nem a esquerda a leva a sério, nem a igreja a considera mais.

Claro, não podemos esquecer do feminismo, aquele que acha que o patriarcalismo é responsável por todos os males e afirma que Shakespeare era uma menina vestida de menino.

Outra forma é a esquerda multicultural. Essa confunde o mundo com uma praça de alimentação étnica de um shopping center de classe média, achando que “culturas” (esse conceito “pseudo”) se misturam como molhos.

Outra forma é a esquerda “aborígene”, aquela que entende que a vida pré-descoberta da roda é a forma plena de habitar o cosmo.

Há também a esquerda da psicologia social, composta basicamente de psicólogas, pedagogas e assistentes sociais a favor da educação democrática e da ideia de que tudo é construído no diálogo. Essas creem que se pode dialogar com serial killers, culpando a escola, o capital e a igreja pelas mulheres que eles cortam em pedaços nas redondezas.

Todos esses tipos têm um traço em comum: são todos frouxos, como diria Paulo Francis.

Mas existe uma outra esquerda, a bolchevique “traveco”. Os bolcheviques eram cabras que gostavam de violência e a praticaram em larga escala. Hoje, para a esquerda, pega mal pregar violência. Ela sofre com um problema que é a imagem de si mesma como um conjunto de seres puros, dóceis e pacíficos.

Então, para os simpatizantes da violência revolucionária bolchevique, a saída é se travestir de gente dócil e falar em “violência criadora”. O amor e a violência são os mesmos, mas a saia confunde.

por Luiz Felipe Pondé

Finalmente Um Bom Exemplo na Nossa Política! Se tudo Fosse Assim...

O Senado cassou o mandato de Demóstenes Torres por um placar bastante eloquente: 56 votos a 19, com 5 abstenções. Um único senador, que já estava de licença, não votou. Ninguém faltou à sessão. Está proibido de se candidatar a cargo eletivo por oito anos a partir do fim do seu mandato, que expiraria em 2018 — foi reeleito em 2010. A punição se estende até 2026, e ele só poderá se apresentar ao eleitorado, mantido o atual calendário, em 2028, já que não há eleições em 2027. Na prática, foi banido das urnas por 16 anos. Termina de modo melancólico — e emblemático — a carreira política de um homem que parecia talhado para tarefas até maiores do que as compreendidas num mandato parlamentar.

Havia, no entanto, dois Demóstenes no Senado: Dr. Jekyll costumava abraçar as boas causas, afinadas com o estado democrático e de direito e se mostrava implacável com os desmandos da República, com os arroubos autoritários do Executivo e com as agressões aos direitos individuais. Era, por isso, admirado por muitos, inclusive por alguns adversários ideológicos, que reconheciam nele as virtudes da coerência e da firmeza. Mas ninguém sabia da existência de Mr. Hyde, aquele que trocava telefonemas frequentes com o contraventor Carlinhos Cachoeira e que atuava como uma espécie de despachante dos interesses de um grupo que se esgueirava nas sombras, do qual fazia parte.

Ainda que não tivesse sido cassado por seus pares, Demóstenes sabia que já tinha sido cassado por juízes bem mais severos: o seu eleitorado, que jamais o perdoaria ou perdoará. Quando recuperar seus direitos políticos, José Dirceu vai se apresentar aos petistas e se elegerá deputado. Eles se orgulham das porcarias que seu líder faz. Os eleitores do senador que teve o mandato cassado nesta quarta são, na esmagadora maioria, pessoas honradas. Não reconhecem naquele senhor das gravações o seu representante.

Esse é o aspecto que chamei “emblemático” do caso Demóstenes. É claro que as esquerdas e os petistas procuraram inflar as suas lambanças; é evidente que o fato de ele ser considerado um político conservador, “de direita”, pesou no processo de satanização; é inquestionável que a patrulha ideológica colaborou para fazer do agora ex-senador o inimigo público número um do país. Mas atenção! Nada disso tira o peso daquilo que ele efetivamente fez. Não foram os seus adversários que o impeliram ou o convidaram a se comportar como mero esbirro de um esquema que, tudo indica, frauda licitações, compra o mandato e o voto de políticos, torna irrelevantes os instrumentos de controle do uso do dinheiro público.

E aqui começo a tratar da segunda parte do título deste post, aquela que remete ao STF. Vamos ver.

Não se iludam. Demóstenes Torres não era o único braço de um esquema a atuar no Senado ou, se quiserem, no Parlamento. Seu caso provoca especial constrangimento porque parte das atividades de Cachoeira é clandestina. Há outros que se comportam como despachantes de interesses privados no Legislativo, no Executivo e, infelizmente, também no Judiciário. É certo que o nome do grande esquema, de que o contraventor é mera expressão local, é Delta. Refaço aqui algumas perguntas: quem é, por exemplo, o Cachoeira do Rio? Vale indagar: quem é o despachante de Fernando Cavendish nesse estado? Quem é o Cachoeira do governo federal, o maior cliente da empreiteira? Tudo indica que nem Polícia Federal nem CPI fornecerão essas respostas. Nesse particular aspecto, Demóstenes é um bom bode expiatório: era um político de perfil conservador, defendia em seus discursos valores afinados com a austeridade (que agora são tachados de “falso moralismo”) e perdeu sua base social, uma vez que seus eleitores não moverão uma palha para defendê-lo. E o STF com isso?

No começo de agosto, tem início o julgamento do mensalão — que é criminal, não político, como o do Senado, que avaliou se Demóstenes quebrou ou não o decoro. Seria interessante indagar ao senador Humberto Costa (PT-PE), relator implacável do caso Demóstenes no Conselho de Ética do Senado, que destino ele espera para seus pares petistas no Supremo. Não perderei um dos mindinhos se apostar que ele os considera a todos inocentes, puros como as flores. Aquela que foi a mais grave ameaça institucional aos fundamentos da República — a compra de partidos políticos e de parlamentares, acenando para a tentativa de criar um Congresso paralelo — certamente parecerá coisa de pouca importância ao duríssimo Costa, convicto, a exemplo da esmagadora maioria dos petistas, de que os adversários são sempre criminosos, mesmo quando inocentes, mas que os aliados são sempre inocentes, mesmo quando criminosos.

Reparem, senhoras ministras e senhores ministros do Supremo: Demóstenes Torres foi cassado — e responderá por seus atos também na esfera criminal —, e ninguém sai por aí a alardear uma tramoia política para desestabilizar um ativo parlamentar da oposição. Porque a suposição seria mesmo descabida, e ninguém, entre os antigos admiradores do trabalho do então senador, tem essa cara de pau. Os defensores dos mensaleiros (vejam que até a CUT entrou na defesa deles), no entanto, na política e também na imprensa, não se vexam de afirmar que o julgamento do Supremo representará o confronto entre as forças reformistas — os petistas — e os conservadores. Um articulista como Janio de Freitas, por exemplo, da Folha, escolheu essa vereda.

Não, não! As convicções de Demóstenes — aquelas que ele alardeava ao menos — não foram cassadas; tampouco foram julgadas. Nem faria sentido! Em nove anos e meio de mandato, ele defendeu, reitero, os fundamentos do estado democrático e os direitos individuais. Não caiu por isso. Da mesma sorte, O SUPREMO NÃO VAI JULGAR O DISCURSO OFICIAL DO PT, O SEU PROPALADO AMOR PELA JUSTIÇA SOCIAL E SUAS PREOCUPAÇÕES COM A REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES — sempre destacando que há muito de mistificação e picaretagem nessa conversa. Não será, em suma, isto a que chamam “progressismo” que estará em julgamento.

É claro que alguns vigaristas votaram em favor da cassação de Demóstenes também como vingança. Em si, isso não tem grande importância. O que interessa é o fato de a instituição ter deixado claro que certos comportamentos, se descobertos, são inaceitáveis. Temos é de cobrar sempre mais transparência do Poder Público e exigir que as evidências de falcatruas sejam investigadas. Cumpre listar no caderninho da rede mundial de computadores os políticos que estão tentando impedir que a Delta seja investigada. O caso de Raul Filho (PT), prefeito de Palmas, é por demais eloquente. O acordo, conforme revelam as fitas, foi feito com Cachoeira, mas a empreiteira é que foi beneficiada por contratos sem licitação. A cassação de Demóstenes é positiva, ainda que insuficiente. Cumpriu-se um dever, mas, como se vê, e como Palmas evidencia, ainda não se cumpriu a tarefa.

Como instituição, o Senado sai engrandecido desse embate. Em agosto, será a vez de o Supremo dizer que Brasil espera nossos filhos e nossos netos. Vamos saber, em suma, se as instituições que acabaram com a carreira política de Demóstenes Torres seguirão na trilha do bem ou serão expostas à sanha e aos métodos de José Dirceu.

Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Ayres Britto, Cezar Peluso, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia, Dias Toffoli (???), Luiz Fux e Rosa Weber vão dizer se os crimes dos petistas são crimes ou são virtudes. O Senado que há, se aproximou um pouco mais de um bom Brasil a haver.

O STF vai decidir se o empurra ou não para a lama.

Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 11 de julho de 2012

CUT, o Braço Sindical do PT, Ameaça a Democracia

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, disse ontem que o escândalo do mensalão foi uma tentativa de golpe contra o ex-presidente Lula.

Ele afirmou ainda que a democracia brasileira corre risco ao criticar a destituição do ex-presidente Fernando Lugo no Paraguai.

"Esse ataque à democracia pode acontecer no Brasil. Ou não foi isso que tentaram neste país em 2005? Ou não tentaram depor e derrubar o presidente Lula com o apoio da imprensa?", disse.

Em discurso no 11º congresso nacional da CUT, o sindicalista chamou de "companheiros" dois réus do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal): o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Os dois foram recebidos como celebridades no evento, num centro de convenções na zona sul de São Paulo. Posaram para fotos com sindicalistas e se sentaram na ala de autoridades.

Henrique declarou apoio ao candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e prometeu que a central atuará para evitar "o retrocesso e a volta da direita".

"Não temos vergonha de dizer claramente que esta central sindical tem lado na disputa política", disse. "É um prazer ter você [Haddad] aqui no nosso congresso."

Mais cedo, o sindicalista descreveu o PSDB como inimigo a ser batido nas eleições. "Não vamos permitir o retrocesso, a volta dos tucanos, do PSDB, ao governo."

Em entrevista publicada ontem na Folha, o presidente eleito da CUT Vagner Freitas, que assume na quinta, ameaçou comandar protestos caso identifique julgamento "político" no mensalão.

O caso começará a ser julgado em agosto.

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), criticou a ideia e defendeu que os sindicatos não pressionem o STF.

"Se começa uma pressão da mídia e dos partidos de oposição, é óbvio que quem se sentir prejudicado vai usar das armas que tem para tentar influenciar. Mas eu estou numa campanha pelo desarmamento", afirmou.

O candidato do PSDB a prefeito, José Serra, criticou o novo dirigente da CUT. "Ele [Freitas] tem que definir o que é 'político'. Provavelmente, é o que o contraria. As entidades sindicais têm recursos públicos. Não são para ser usadas em campanha."

Durante o evento, parte da plateia vaiou quando foi lida mensagem do governador Eduardo Campos, presidente do PSB, partido que rompeu alianças com os petistas em BH, Fortaleza e Recife.

por Mariana Carneiro e Bernardo Mello Franco, na Folha de São Paulo



Comento:

O que seria dos esquerdistas sem uma ameaça aos seus (deles) projetos de poder, aos seus (deles) desmandos, às suas (deles) empulhações, não é? O que seria dos esquerdistas sem a "mídia" para culpar pelos seus (delaes) arroubos falso-democráticos, não é?

O tal Arthur Henrique, ao escolher quem abraça e com quem anda, mostra bem sua faceta leninista: não importam os meios, desde que os fins sejam conquistados. E os fins são, como sempre, a eliminação dos inimigos e a tomada total do poder, como Lenin fez ao eliminar todos os social-democratas nos anos seguintes à Revolução Russa de 1917. E o PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileira) é o inimigo e merece, na visão deturpada de Arthur, o destino tão cantado por outro comunista débil mental, Che Guevara: “O ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona o revolucionário para além das limitações naturais do ser humano e o converte em uma efetiva, seletiva e fria máquina de matar: nossos soldados têm de ser assim.

Ao abraçar o revolucionário que nunca deu um tiro!, os "Cuteiros" mostram que realmente o socialismo/comunismo não consegue por um pingo de vergonha na cara dos seus fanáticos e que é não uma ideologia, mas uma religião macabra e sem um deus para dizer só seu - sim, porque Karl Marx, embora tendo estudado num colégio de padres, criou "poesias" adorando "o lado escuro da força"...

E ainda vão protestar caso identifiquem um julgamento político do mensalão... Ou seja, se os réus do mensalão - e Dirceu é o principal, já que foi acusado de ser o "chefe da quadrilha" - estiverem prá ser condenados, vai ter quebradeira e revolução à la Stalin; senão, eles continuaram a tomada de poder pela via ocidental, como Marco Maia sugere: tudo na maciota, devagar e sempre, colocando a sociedade cada vez mais refém das ideias progresistas da ditadura do proletariado do início do século passado!

O Sr. Oliveira e o Dia-a-Dia

Imagine-se um hipotético indivíduo que doravante chamaremos de Sr. Oliveira.

O Sr. Oliveira é um homem comum. É um pai de família.

Habita uma região metropolitana que poderia ser São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte ou Recife ou alguma outra grande cidade.

Tem um emprego em uma instituição financeira, ou em uma revendedora de peças por exemplo. Pertence àquela classe média ligeira, que além de trabalhar 4 meses por ano de graça para o governo esforça-se para pagar as contas de aluguel, escola, natação e inglês dos filhos, plano de saúde, o guarda da rua e outros pormenores no fim do mês.

O Sr. Oliveira levanta-se de manhã e veste-se com roupas de algodão, algodão esse crescido nos campos de Chapadão do Sul - MS, Campo Novo dos Parecis - MT e processado em Blumenau - SC. Talvez esteja um pouco frio e ele use um pulôver de lã de carneiros criados em Pelotas - RS e fabricado em Americana - SP.

Calça seus sapatos de couro vindo de bois do Mato Grosso, e fabricados em Novo Hamburgo, RS.

Ele toma café da manhã, com ovos vindos de Bastos, SP, leite de uma cooperativa do Rio de Janeiro, broa de milho colhido em Londrina, PR, um mamão vindo do Espírito Santo, suco de laranja de Araraquara, SP e um cafezinho vindo direto de São Lourenço, MG.

Ele lê um jornal, impresso em papel feito de eucalipto crescido em Três Lagoas, MS.

O Sr. Oliveira entra em seu carro, abastecido com álcool de cana de açúcar produzida em Piracicaba, SP, com pneus de borracha saída dos seringais de São José do Rio Preto, SP.

Enquanto ele vai ao trabalho, a Sra. Oliveira vai às compras nos supermercados do bairro, sempre pesquisando os melhores preços das frutas, das verduras e da carne para não apertar o orçamento familiar.

No almoço, o Sr. Oliveira come um filé de frango criado no Paraná, alimentado com soja e milho de Goiás e de Mato Grosso, com molho de tomate de Goiás.

Tem arroz do Rio Grande do Sul, feijão dos pivôs do oeste baiano.

Tem salada das hortas de Mogi das Cruzes, SP. Suco de uvas do Vale do São Francisco e de sobremesa goiabada feita com goiabas de Valinhos, SP e açúcar de Ribeirão Preto, SP, e queijo de Uberlândia, MG.

Outro cafezinho dessa vez da Bahia.

Hoje a noite é de comemoração. Sua empresa fez um corte de pessoal, mas felizmente o Sr. Oliveira manteve o emprego.

Ele leva a esposa jantar fora. Vinho do Vale dos Vinhedos gaúcho.

Presuntos e frios de porco criado em Santa Catarina, alimentado com soja paranaense, filet mignon de bois criados no Sul do Pará.

Chocolate produzido com cacau do sul da Bahia. E outro café de Minas, adoçado com açúcar pernambucano.

O Sr. Oliveira é um homem razoavelmente informado e inteligente.

No dia seguinte ele lerá os jornais novamente.

Pelos jornais ele ficará sabendo que há conflitos em terras indígenas recentemente demarcadas e fazendeiros cujas famílias foram incentivadas a ocupar aquelas terras há décadas atrás.

Pelos jornais ele ficará sabendo que a pecuária é a maior poluidora do país (embora ele mesmo tenha o sonho de um dia abandonar a cidade poluída e viver no campo por uma qualidade de vida melhor).

Pelos jornais ele tem notícias de invasões de terras, de conflitos agrários, de saques e estradas bloqueadas (o Sr. Oliveira é a favor da reforma agrária, embora repudie a violência).

Pelos jornais ele toma conhecimento de ações do Ministério Público contra empresas do agronegócio (ele não entende que mal há em empresas que ganham dinheiro).

Pelos jornais ele acha que a Amazônia está sendo desmatada por plantadores de soja e criadores de boi...

Mas o Sr. Oliveira pensa que isso não tem nada a ver com ele.

Pois eu gostaria de agarrá-lo pela orelha, e gritar bem alto, de megafone talvez - não um, nem dez, mas mil megafones -, que TUDO ISSO É PROBLEMA DELE SIM!

- Gostaria de lhe dizer que a agropecuária está presente em todos os dias da vida dele.

- Gostaria de lhe dizer que o agronegócio gera um terço do PIB e dos empregos do país.

- Gostaria de lhe dizer que quem diz que a pecuária polui mente descaradamente.

- Gostaria de lhe dizer que o maior desmatador da Amazônia é o INCRA, que com o dinheiro dos impostos dele sustenta assentamentos que não produzem absolutamente nada, condenando uma multidão de miseráveis manipulados por canalhas balizados por uma ideologia assassina à eterna assistência do Estado.

- Gostaria de lhe dizer que estes mesmos canalhas estão tentando, sob a palatável desculpa dos direitos humanos, acabar com o direito de propriedade, arruinando qualquer futuro para o agronegócio brasileiro.

- Gostaria de lhe dizer, que os mesmos canalhas querem fechar índios, que há 5 séculos estão em contato com brancos, em gigantescos zoológicos onde eles estarão condenados à miséria e ao suicídio.

- Gostaria de lhe dizer que os índios são 0,5% da população brasileira e não obstante são donos de 13% do país.

- Gostaria de lhe dizer que querem transformar 2/3 do país em reservas e parques, que estão sendo demarcados sobre importantes reservas minerais e aquíferos subterrâneos essenciais para o futuro do país.

- Gostaria de lhe dizer que a agricultura ocupa apenas 7,5% da superfície do país, e que mesmo assim somos os maiores exportadores do mundo de carne, soja, café, açúcar, suco de laranja e inúmeros outros produtos.

- Gostaria de lhe dizer que podemos dobrar ou triplicar a produção pecuária do país sem derrubar uma árvore sequer.

- Gostaria de lhe dizer que o produtor rural não é a espécie arrogante e retrógrada que os canalhas dizem que são: é gente que está vivendo em lugares onde você não se animaria a viver, transitando por estradas intransitáveis e mortais, acordando nas madrugadas para ver nascer um animal, rezando para chover na hora de plantar e para parar de chover na hora de colher, com um contato e um conhecimento da natureza muito maior do que o seu.

- É gente cujos antepassados foram enviados às fronteiras desse país para garantir que esse território fosse nosso, incentivados a abrir a mata, abrir estradas, plantar e colher, às vezes por causa do governo, às vezes apesar dele.

- Gostaria enfim de gritar a plenos pulmões, que qualquer problema que afete um produtor rural, uma empresa rural, uma agroindústria É UM PROBLEMA DELE, DO PAÍS E DO MUNDO.

- Sim, porque no mesmo jornal que o Sr. Oliveira leu, há uma nota de rodapé que diz que há 1 bilhão de pessoas no mundo passando fome.

- E grito finalmente para o Sr. Oliveira e tantos outros iguais a ele: ABRA OS OLHOS! E desconfie daqueles que querem transformar o agronegócio em uma atividade criminosa.

por Fernando Sampaio (engenheiro Agrônomo)

terça-feira, 10 de julho de 2012

A Volta de Karl Marx, o Cara de Pau

Um leitor chamado Matheus enviou recentemente um comentário no post Karl Marx, o Celerado Cara de Pau em que diz:

Olá José Weiss, achei muito interessante o seu texto e os dados sobre a vida de Karl Marx. Acontece que o "clima" da minha escola é de esquerda, e faz algumas semanas que eu ando lendo Denis Rosenfield, Pondé, J.P.Coutinho etc... Eu vou escrever um artigo sobre o assunto e publicar no jornal da escola. Creio que esses dados sobre Marx são bastante relevantes para a minha pesquisa e ficaria muito agradecido se o senhor postasse a sua fonte aqui,ou me mandasse por email(jacobhorta@gmail.com), para que eu possa usufruir dela e dos dados que você me forneceu.



Desde já agradeço,


Matheus
 
Bem, Matheus, este é o "clima" normal nas nossas escolas. Se você acessar o site Escola sem Partido, verá que este assédio moral feito pelos esquerdistas é a coisa mais comum que existe.
 
Infelizmente, as pessoas não são ensinadas a pensar logicamente; são, apenas, doutrinadas, o máximo possível, nas "filosofias" ditas socialistas - nenhum professor vai expor os alunos às teorias liberais, por exemplo; afinal, estas teorias irão fazê-los começar a pensar por si próprios e, além disto, fazê-los abandonar a massa de manobra que os socialistas precisam para "criar o novo homem para o novo mundo".
 
Para este artigo que eu escrevi, houve diversas fontes, muitas delas totalmente disponíveis na internet. No tocante a'O Capital, uma delas foi o livro Karl Marx and the critical examination of his works de Leslie R. Page, de 1987. Também poderá usar o Marx as politician de David, F. Felix, de 1983.
 
Mas há mais: Marx - e Engels, aquele burguês que o sustentou a vida inteira - eram extremamente racistas.
 
Acho que você poderá escrever um artigo muito interessante, mas será totalmente tachado de "conservador", "reacionário", "burguês", e outras palavras de ordem que eles - os esquerdistas - são ensinados a chamar aqueles que não professam sua ideologia macabra.
 
É interessante ver, ainda, que Hitler não era, como insistem em dizer, "de direita", mas, sim, totalmente esquerdista! Ele, inclusive, dizia-se o verdadeiro socialista.
 
E, mais legal do que isso, é pode mostrar o que as ideias deturpadas de Karl Marx causaram no mundo - e prová-las, além de tudo: quase 100 milhões de mortos nos países onde a ideologia comunista foi implantada. E tudo isto comprovado por documentos e exposto no Livro Negro do Comunismo, sem falar no documentário The Soviet Story de Edvīns Šnore.
 
Hoje, muitas das ideias marxistas persistem. Muito do que os esquerdistas fazem vem das ideias dele, de Lenin, em seu decálogo, e de Gramsci, principalmente. Mas há muitos outros pulhas esquerdistas. Veja que a própria ideia do aquecimento global foi desmascarada recentemente e o chefe da gangue teve que dizer que era uma mentira!
 
Assim, de novo, tente sempre ler os liberais (leia este artigo de Ludwig Von Mises, por exemplo), os recém-convertidos (Pondé, Coutinho, Rosenfeld eram esquerdistas até há pouco) e muitos outros, inclusive os conservadores. Leia os esquerdistas e contraponha com o pensamento liberal: você verá, em detalhes berrantes, o erro desta ideologia assassina.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Comunistas: Nenhum de Nós lhes Deve Nada!

“Ainda bem que a gente não chegou ao poder: se isso acontecesse, teria de devolver no dia seguinte”, disse Vladimir Palmeira, em maio do ano passado, num debate entre veteranos de 1968. “A gente sabia muito pouco, não tinha preparo para governar país nenhum”. Certíssimo. “A gente não tinha nem mesmo um projeto de poder”. Errado. Os comandantes do movimento estudantil (e, sobretudo, seus mentores na clandestinidade) tinham um projeto, sim. Tão claro quanto perverso: substituir a ditadura militar pela ditadura do proletariado.

Quem não tinha projeto de poder era a “massa de manobra”, como se referiam os chefes à multidão de jovens ingênuos, generosos, anônimos, que repetiam palavras-de-ordem cujo real significado ignoravam e cumpriam ordens e instruções vindas de cima. Os soldados rasos lutavam pela liberdade. Os comandantes planejavam suprimi-la. O rebanho sonhava com a ressurreição da democracia. Os pastores queriam muito mais, confirma Daniel Aarão Reis, ex-militante do MR-8, ex-exilado e hoje professor de História na Universidade Federal Fluminense.

“As esquerdas radicais não queriam restaurar a democracia, considerada um conceito burguês, mas instaurar o socialismo por meio de uma ditadura revolucionária”, fala de cadeira Aarão Reis, principal ideólogo de uma dissidência do PCB que desembocou no MR-8. “Não compartilho da lenda segundo a qual fomos ­ o braço armado de uma resistência democrática. Não existe um só documento dessas organizações que optaram pela luta armada que as apresente como instrumento da resistência democrática”.

Recrutados na massa de manobra, os alunos dos cursinhos intensivos de revolução ainda estavam na terceira vírgula de O Capital e no quinto parágrafo de um palavrório de Engels quando descobriam que desistir da aula semanal era crime sem perdão. “Ele desbundou”, desdenhavam os mestres de qualquer discípulo sumido. Meia dúzia de panfletos de Lenin depois, os aprendizes descobriam que se haviam tornado oficiais do exército mobilizado para sepultar o capitalismo e conduzir o povo ao paraíso comunista.

Muitos se diplomavam sem sequer desconfiar da grande missão. Mas gente como Vladimir Palmeira tinha idade e milhagem suficientes para saber que perseguia um regime ainda mais selvagem, brutal e infame que o imposto ao Brasil. Conviviam com tutores de larga milhagem. O sessentão Carlos Marighela, por exemplo, ensinava aos pupilos da ALN a beleza que há em “matar com naturalidade”, ou por que “ser terrorista é motivo de orgulho”. Deveriam todos orgulhar-se da escolha feita quando confrontados com a bifurcação escavada pelo AI-5.

A rota certa era a esquerda, avisavam os que jamais tinham dúvidas. Passava pela luta armada e levava à luz. A outra era a errada. Passava pela rendição vergonhosa e levava à cumplicidade ostensiva com os donos do poder. Ou, na menos lamentável das hipóteses, aos campos da omissão onde se amontoavam desertores da guerra justa. A falácia foi implodida pelos que se mantiveram lúcidos, recusaram a idiotia maniqueísta e percorreram o caminho da resistência democrática.

Estivemos certos desde sempre. Desarmados, prosseguimos o combate contra quem os derrotara em poucos meses. Enquanto lutávamos pela destruição dos porões da tortura, eles se distraíam em cursinhos de guerrilha ou no parto de manifestos delirantes. Estavam longe quando militares ultradireitistas tentaram trucidar a abertura política. Só se livraram do cárcere e do exílio porque conseguimos a anistia, restabelecemos as eleições diretas e restauramos a democracia. Nós vencemos. Eles perderam todas. Alguns enfim conseguiram tornar-se contemporâneos do mundo ao redor. Quase todos permaneceram com a cabeça estacionada em algum lugar do passado. E voltaram com a pose dos condenados ao triunfo.

Fantasiados de feridos de guerra, os sessentões de 68 se apropriaram de indenizações milionárias, empregos federais, mesadas de filho mimado. Com a velha arrogância, seguem convencidos de que quem está com eles tem razão. Passa a fazer parte da tropa de elite formada por guerreiros a serviço das causas populares. Quem não se junta ao bando é inimigo do povo, lacaio dos patrões, reacionário, elitista, golpista vocacional. O comportamento e a discurseira dos dirceus, franklins, dilmas, genoínos, palmeiras, garcias, tarsos, vannuchis e o resto da turma confirmam: passados tantos anos, estão prontos para errar de novo. Infiltrados no governo de um presidente que não lê, não sabe escrever, merece zero em conhecimentos gerais e faz qualquer negócio para desfrutar do poder, eles aparelharam o Estado e vão forjando alianças com o que há de pior na vizinhança para eternizar-se no controle do país. Se não roubam , associam-se a ladrões. Se não matam, tornam-se comparsas de homicidas. E continuam seus delírios comunistas no governo da camarada Stella, codinome de Dilma Rousseff, terrorista de carteirinha.

Sequestradores da liberdade e assassinos da democracia jamais deixam de sonhar com o pesadelo. Não têm cura. Nenhum democrata lhes deve nada. Eles é que nos devem tudo, a começar pela vida.

por Augusto Nunes

Um Cadáver Comunista para a Comissão da Verdade

Márcio Leite de Toledo tinha 19 anos quando foi enviado a Cuba pela Aliança Libertadora Nacional, para fazer um curso de guerrilha. De volta ao Brasil em 1970, tinha 20 quando se tornou e um dos cinco integrantes da Coordenação Nacional da ALN, organização de extrema-esquerda fundada pelo terrorista Carlos Marighela. Então com 19 anos, fazia parte do quinteto o militante comunista Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, o “Clemente”. Da mesma forma que o Paz da certidão de nascimento, o codinome contrastava com o temperamento e o prontuário de um devoto da violência.

Em outubro de 1970, durante uma reunião clandestina, os componentes da Coordenação Nacional debateram as circunstâncias do assassinato de Joaquim Câmara Ferreira, que havia 11 meses substituíra o chefe supremo Marighela, fuzilado numa rua de São Paulo por uma milícia liderada pelo delegado Sérgio Fleury. Sob o argumento de que estavam percorrendo o caminho mais curto para a eliminação física dos engajados na luta armada, Márcio propôs aos demais dirigentes uma pausa na guerra desigual.

Não era a primeira vez que aquele companheiro desafinava do restante da direção, desconfiou Clemente. Demorou duas horas para concluir que Márcio era um dissidente prestes a traí-los, entregar-se à polícia da ditadura e contar o muito que sabia. Demorou dois dias para convencer o restante da cúpula a avalizar seu parecer. Demorou um pouco mais para, com o endosso dos parceiros, montar o tribunal revolucionário, propor a pena capital e aprovar a sentença que, já com 20 anos, ajudou a executar numa rua de São Paulo.

Convocado para uma reunião de rotina do alto comando, Márcio foi para o encontro com a morte no fim da tarde de 23 de março de 1971. Antes de sair do apartamento que lhe servia de esconderijo, o condenado que não tivera o direito de defender-se e sequer suspeitava da tocaia deixou um registro manuscrito: “Nada me impedirá de continuar combatendo”, prometeu-se. Não imaginava que fora proibido de continuar vivendo. Assim que chegou ao ponto combinado na região dos Jardins, foi abatido a tiros.

Alguns foram disparados por Clemente, acaba de admitir o terrorista aposentado ao jornalista Geneton Moraes Neto, que o entrevistou para o programa Dossiê, exibido pela Globo News neste 30 de junho. O vídeo abaixo reproduz o trecho da entrevista em que o depoente se transforma oficialmente em assassino confesso. “Então nós fomos lá e cumprimos a tarefa”, diz Clemente depois de resumir a decisão do tribunal revolucionário composto por três juízes com pouco mais de 20 anos de idade. “Cumprir a tarefa” é bem menos chocante que “executar um companheiro de luta contra a ditadura”.

Entrevistador competente, Geneton vai direto ao ponto: “Você participou diretamente da execução, então?” Com a placidez de quem recita uma receita de bolo, Clemente enfim assume a autoria do crime. “Essa é uma informação que até hoje eu não dei”, avisa. “E, na verdade verdadeira, eu não dei também porque ninguém teve essa atitude de chegar e me perguntar diretamente. Participei, sim, da ação. A tiros… a tiros…” A expressão sem culpas e o olhar de quem não perde o sono por pouca coisa informam que, para o declarante, tirar ou não a vida de um ser humano é algo que merece tanta reflexão quanto ir à praia ou ficar na piscina do prédio.

Alguns integrantes da Comissão da Verdade dividem o universo que resolveram devassar em torturadores a serviço da ditadura e heróis da resistência. Uns merecem o fogo do inferno, outros só merecem a gratidão do país (e desfrutar de uma Bolsa Ditadura de bom tamanho). Em qual dessas categorias devem ser enquadrados Carlos Engênio Coelho Sarmento da Paz e Márcio Leite de Toledo? O algoz pode alegar que a execução de um dissidente que também combatia a ditadura militar foi um acidente de percurso? Essa espécie de homicídio foi engavetada pela anistia? A família da vítima de um crime que o Estado não cometeu pode figurar na relação dos indenizados? Como reparar a memória do jovem executado? A Comissão da Verdade está convidada a oferecer respostas convincentes para tais interrogações.

Bem menos complicado é responder à pergunta feita por Clemente em novembro de 2008, quando voltei a tratar do episódio infame: “O que quer o jornalista Augusto Nunes quando publica um artigo como este?”. Simples: quero deixar claro que não há nenhuma diferença entre o torturador que matou Vladimir Herzog e o terrorista que executou Márcio Leite de Toledo. Um a serviço da ditadura militar, outro a serviço da ditadura comunista, ambos são assassinos sem direito ao perdão.

por Augusto Nunes