O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no dia 28/08/2008, que o Brasil ganhou um “bilhete premiado” ao encontrar as reservas de petróleo na camada do pré-sal na costa brasileira.
Segundo ele, é preciso tomar cuidado para “não sair gastando o que não temos ainda” e ter em mente que a descoberta tem que atender a todos os brasileiros, sendo que parte da receita obtida com o petróleo ali extraído seja destinado para investimentos sociais.
O que Lula não contou é que o barulho do governo em torno das mega-reservas do pré-sal só será convertido em produção comercial de óleo e gás no final da próxima década.
José Formigli, que ocupa na Petrobras a gerência-executiva de Exploração e Produção do pré-sal, deu uma idéia da distância que separa o ruído político dos resultados econômicos.
Nesta terça (16), falando na conferência Rio Oil & Gás, Formigli disse que, em 2017, três projetos pilotos e oito plataformas do pré-sal estarão em fase de produção.
"Será um marco histórico para a Petrobras, alcançando um valor de produção bastante significativo", disse ele.
Ou seja, o “marco histórico” do pré-sal é coisa para o penúltimo ano do mandato do sucessor do sucessor de Lula, que tomará posse em 2015.
Na véspera, em discurso feito na mesma Rio Oil & Gás, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, já havia traduzido em cifras o desafio petrolífero.
Segundo Gabrielli, cada sistema produtivo necessário à exploração do pré-sal (plataformas e respectivos equipamentos) pede investimento de US$ 7 bilhões.
“E são muitos sistemas produtivos, até 60”, disse o presidente da Petrobras. Na ponta do lápis: 60 X US$ 7 bilhões = US$ 420 bilhões.
Não é por outra razão que a Petrobras foi às pranchetas para refazer o seu plano de investimentos estratégicos.
O plano anterior, que se pretendia válido até 2012, previa inversões de US$ 112 bilhões. Uma cifra que o pré-sal tornou risivelmente obsoleta.
“Os desembolsos serão gigantescos nos próximos 10 anos”, antevê Sérgio Gabrielli.
Na noite desta quarta (17) Lula voará para o Rio Grande do Sul. Vai participar de uma nova pajelança organizada pela Petrobras.
Mais uma oportunidade para que o presidente leve os lábios ao trombone, para festejar o ainda longínquo óleo do pré-sal.
Lula pernoitará numa pousada chamada Charqueada Santa Rita, em Pelotas. Na manhã de quinta (18), segue para a cidade de Rio Grande.
Ali funciona um estaleiro arrendado pela Petrobras. Junto com Gabrielli, Lula despachará para o Rio de Janeiro, via marítima, a plataforma P-53, encomendada há um ano.
O que une a cerimônia ao pré-sal é o fato de que também em Rio Grande será iniciada em breve a fabricação de dez plataformas do tipo FPSO.
Na sigla em inglês a FPSO é uma “Floating Production Storage.” São navios-tanque. Do tipo que Gabrielli orçou em US$ 7 bilhões.
Destinam-se exatamente à exploração do pré-sal. A encomenda foi aprovada pela diretoria da Petrobras na última segunda (15).
Tenta-se correr, para que a previsão do gerente-executivo José Formigli (produção em 2017) possa virar realidade.
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