Tanto conservadores quanto esquerdistas ficariam indubitavelmente mais felizes vivendo no tipo de mundo sonhado pela esquerda. Muito poucas pessoas têm interesses pessoais ou uma preferência ideológica por um mundo em que haja muitas desigualdades. Menos ainda prefeririam um mundo em que grandes somas de dinheiro tenham de ser direcionadas para a defesa militar, quando tanto beneficio adviria se tais recursos fossem aplicados na pesquisa médica.
Não é surpresa que os jovens prefiram a esquerda. A única razão para rejeitarmos a visão da esquerda é que o mundo real em que vivemos é muito diferente do mundo que a esquerda percebe hoje e sonha para o amanhã. A maioria de nós aprende com a experiência - mas experiência é precisamente o que os jovens não têm.
"Experiência" é freqüentemente apenas uma palavra pomposa para os erros que, tardiamente, percebemos que cometemos, somente depois que as realidades do mundo nos fizeram pagar um doloroso preço por estarmos errados. Aqueles que estão isolados da dor - por terem nascido em famílias ricas, por estarem protegidos pelo estado de bem-estar social, ou isolados pela estabilidade de emprego na universidade ou no judiciário - podem permanecer num estado de imaturidade perpétua.
Indivíduos podem se recusar a crescer, especialmente quando circundados, no trabalho e na vida social, por outros indivíduos na mesma situação e com o mesmo universo mental. Até pessoas nascidas em famílias comuns, mas que tiveram a oportunidade, pelo talento ou pela sorte, de ascenderem ao estrelato e à riqueza, podem, de forma similar, se colocar na posição invejável de poder escolher se vão crescer ou não.
Aqueles de nós que se lembram de como foi sua adolescência devem saber que crescer pode ser uma transição dolorosa do mundo protegido da infância. Não importa o quanto sonhamos com a liberdade dos adultos: há muito menos entusiasmo em assumirmos a carga das responsabilidades da idade adulta e em pesarmos os dolorosos prós e contras num mundo que nos cerceia de todos os lados, muito depois de estarmos liberados das restrições de nossos pais.
Devemos nos surpreender com o fato de que os mais ardorosos apoiadores da esquerda são encontrados na juventude, no mundo acadêmico, dentre os ricos esquerdistas de limusines, celebridades da mídia e juízes federais? Esses não são os proletários de Karl Marx, que supostamente fariam a revolução. A classe trabalhadora está hoje entre os mais céticos sobre a visão da esquerda.
A agenda da esquerda é boa para o mundo que eles acreditam existir hoje e para o mundo com que eles sonham para o futuro. Esse é um mundo que não é cerceado por todos os lados por restrições e pelos dolorosos compromissos que as restrições implicam.
No mundo deles há "soluções" atrativas, em que todos ganham, em vez daqueles horríveis compromissos que se tem de fazer no mundo em que o resto de nós vive. No mundo deles, nós podemos tão somente conversar com as nações inimigas e resolver a situação, em vez de ter de derramar toneladas de dinheiro na construção de equipamentos militares para mantê-las acuadas.
A esquerda chama isso de "mudança", mas, de fato, é um conjunto de noções que já foi tentado pelas democracias ocidentais nos anos de 1930 - e que nos levou à mais catastrófica guerra da história.
Para aqueles que se preocupam em estudar história, foram precisamente as políticas opostas nos anos 1980 - derramar toneladas de dinheiro na construção de equipamentos militares - que pôs fim à Guerra Fria e à suas ameaças de um aniquilamento nuclear. A esquerda lutou amargamente contra aquela "corrida armamentista" que, de fato, aliviou o peso da ameaça soviética, em vez de nos levar à guerra, como as elites alegavam.
Pessoalmente, eu preferiria que Ronald Reagan pudesse ter convencido os soviéticos a serem mais bonzinhos, em vez de ter gastado todo aquele dinheiro. Somente a experiência nos faz mais céticos sobre o ponto de vista "mais bonzinho e gentil" e a visão que o fundamenta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário