O movimento já nasce impregnado de ideologia. O sindicalismo da Petrobras pede o reajuste dos contracheques enrolado na bandeira do “Pré-sal é Nosso.”
No pedaço monetário de sua pauta de reivindicações, os petroleiros exigem aumento de 12% —7% de reposição de perdas; 5% de reajuste real, acima da inflação.
No naco extra-salarial da agenda, a FUP se propõe a liderar uma “ampla mobilização nacional para garantir o controle estatal e social das reservas do pré-sal.”
Na última quarta (3), em reunião ocorrida na sede paulistana da CUT, os petroleiros ganharam a adesão da barulhenta CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais).
É uma logomarca sob cujo guarda-chuva espremem-se entidades como MST, Via Campesina, UNE e UBES –todas simpátics ao petismo.
Nos próximos dias, vão às ruas para defender teses inspiradas na prosperidade petrolífera do pré-sal. Coisas assim:
1. Restabelecimento do monopólio estatal do petróleo;
2. Fim das concessões a empresas estrangeiras para exploração de petróleo e gás;
3. Destinação social dos recursos gerados pela prospecção do pré-sal;
4. Fortalecimento da Petrobrás como “empresa eminentemente pública.”
Com o auxílio dos “aliados sociais”, os petroleiros tentam coletar 1,3 milhão de assinaturas, para protocolar no Congresso um projeto de lei de iniciativa popular. Levou-se à rede um formulário.
Uma proposta que visa ajustar o marco legal do petróleo aos anseios nacionalistas do sindicalismo petroleiro.
A FUP foi criada em 93. É filiada à CUT. Reúne 18 sindicatos estaduais. Diz representar algo como 150 mil trabalhadores, entre ativos e aposentados.
Não dá para impor as vontades do movimento. Mas é o bastante para fazer barulho. Sobretudo se os sem-terra e os estudantes levarem a sério a promessa de apoio.
por Josias de Souza, em seu blog
Fala-se do petróleo do pré-sal como se fosse a maior moleza. Para Lula, em um ano, é possível que em um ano a exploração esteja em fase comercial, em larga escala. A ministra Dilma Roussef diz que se encontrou óleo “atrás do galinheiro”. E os fatos?
Iniciou-se uma produção experimental em um campo, o de Jubarte, que é uma circunstância muito especial. Ali, o petróleo do pré-sal está bem abaixo de um poço, digamos, normal. A camada de sal perfurada é de apenas 250 metros e a jazida fica a 70 quilômetros do litoral.
Já no Campo de Tupi, o único para o qual a Petrobras fez uma estimativa de reservas (de 5 bilhões a 8 bilhões de barris), a jazida está entre 5,5 e 7 quilômetros de profundidade, e a camada de sal a ser perfurada chega a 2 mil metros.
Hoje, a Petrobrás tem tecnologia garantida para chegar a poços localizados a até a 3 mil metros de profundidade. Para mais, ainda precisa desenvolver tecnologia.
Não é impossível, mas é um enorme desafio, dizem os técnicos da Petrobrás. E o custo é altíssimo, cerca de US$ 1 milhão ao dia só para pesquisar e procurar.
Ou seja, não está atrás do galinheiro, nem vai ter produção em larga escala daqui a um ano.
Acreditar que o óleo está na mão é como acreditar que o Brasil á auto-suficiente em petróleo, mesmo com um déficit de US$ 5,5 bilhões neste ano na conta de óleo e combustíveis. A auto-suficiência foi tema da campanha de 2002. O pré-sal já é de 2010.
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