Vejamos algumas manchetes de jornais e sites. Depois, eu comento:
Filosofia e sociologia passam a ser obrigatórias no ensino médio
UOL Educação, em 07/07/2006
O CNE (Conselho Nacional de Educação) decidiu nesta sexta-feira (07/07), por unanimidade, que as escolas de ensino médio devem oferecer as disciplinas de filosofia e sociologia aos alunos. A medida torna obrigatória a inclusão das duas matérias no currículo do ensino médio em todo o país, ampliando o que já era praticado em 17 Estados.
O parecer será homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo o documento aprovado, os Estados terão um ano para incluir a filosofia e a sociologia na grade curricular.Sociologia já foi matéria obrigatória entre 1925 e 1942. Mesmo sendo optativa, várias escolas continuaram com a disciplina. O governo nunca exigiu antes o ensino de filosofia nas escolas.
De acordo com o relator da proposta, o conselheiro César Callegari, a decisão vai estimular os estudantes a desenvolverem o espírito crítico. "Isso significa uma aposta para que os alunos possam ter discernimento quando tomam decisões e que sejam tolerantes porque compreendem a origem das diversidades", disse.
Na avaliação do titular da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), Francisco das Chagas, a medida vai ampliar o número de vagas para profissionais de filosofia e sociologia. "A falta de professores em algumas situações também vai se adequar porque, com o ensino obrigatório das duas disciplinas, os cursos de graduação formarão mais profissionais para atuar no setor", disse.
Para o professor de filosofia Aldo Santos, de São Paulo, a decisão deverá promover uma mudança na estratégia educacional que desenvolve o pensamento, a reflexão e a ação dos estudantes. "Agora, o jovem vai entender o seu papel na história e saber que ele pode ser um agente transformador na sociedade", analisou.
A inclusão das disciplinas de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio foi comemorada por cerca de 150 professores e estudantes, que compareceram ao auditório do CNE.
Aulas de sociologia e filosofia serão obrigatórias por lei
Globo.Com - Ensino, em 08/05/2008
O Senado Federal aprovou nesta quinta-feira (8) o projeto de lei da Câmara que altera a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e torna as disciplinas de filosofia e sociologia obrigatórias no ensino médio. Para entrar em vigor, a lei depende de sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o secretário Júlio Ricardo Borges Linhares, da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado, se a lei for sancionada, as disciplinas serão obrigatórias no currículo escolar.
Ambas as disciplinas já são obrigatórias, segundo um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE). No entanto, para o conselheiro Cesar Callegari, que esteve à frente do processo de implantação das disciplinas, a mudança da LDB é mais firme do que o parecer do conselho já em vigor. "No meio do ano passado, todas as redes de ensino tinham de mostrar como implantariam as aulas de filosofia e sociologia. Houve contestação do parecer do Conselho, que não deveria ter sido contestado. Mas a mudança possibilita menos contestação", afirma Callegari.
Disciplinas já fizeram parte do currículo
As disciplinas de sociologia e filosofia foram excluídas do currículo por decisão do regime militar que governou o país (1964-1985). À época, elas foram substituídas pela disciplina de educação moral e cívica.
A proposta de reinclusão das disciplinas como obrigatórias tramitou durante 11 anos. "As duas disciplinas permitem à juventude acessar todas as matérias do conhecimento, permite que se formem conceitos, caráter moral e que as pessoas tenham uma visão humanista. Fizemos um acordo e votamos por unanimidade. Hoje fizemos um grande benefício à juventude brasileira", disse a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
Sancionada lei que torna filosofia e sociologia obrigatórias no ensino médio
Globo.com, em 02/06/2008
O presidente da República em exercício, José Alencar, sancionou nesta segunda-feira (2) a lei que torna obrigatório o ensino das disciplinas de sociologia e filosofia nas escolas de ensino médio. A lei havia sido aprovada pelo Senado no dia 8 de maio. Para tornar obrigatório o ensino de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio, o Congresso Nacional alterou o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A obrigatoriedade, segundo a lei, entra em vigor a partir da sua publicação no Diário Oficial da União.
"Estamos devolvendo ao ensino médio matérias que são fundamentais como instrumento para que o cidadão seja de fato um cidadão", disse Alencar. O Ministro da Educação (MEC), Fernando Haddad, também participou da cerimônia.
O presidente em exercício lembrou que as duas matérias ficaram fora do currículo da educação básica por 37 anos, de 1971 a 2008. As disciplinas de sociologia e filosofia já fizeram parte do currículo e foram excluídas por decisão do regime militar que governou o país (1964-1985). À época, elas foram substituídas pela disciplina de educação moral e cívica.
Resolução estipulava oferta das disciplinas
A inclusão de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio não é novidade para os sistemas estaduais. Em 21 de agosto de 2006, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou uma resolução orientando as redes estaduais de educação, que são responsáveis pelo ensino médio, sobre a oferta das duas disciplinas.
A Resolução ofereceu aos sistemas duas alternativas de inclusão: nas escolas que adotam organização curricular flexível, não estruturada por disciplinas, os conteúdos devem ser tratados de forma interdisciplinar e contextualizada; já para as escolas que adotam currículo estruturado por disciplina, devem ser incluídas sociologia e filosofia. A resolução deu aos sistemas de ensino um ano de prazo para as providências necessárias.
Voltei. E vamos lá: nos textos apresentados, inclusive pelos nossos "nobres" políticos petistas, há algumas inverdades (como sempre, aliás, já que isto é uma características esquerdista marcante).
O ensino de sociologia no Brasil é marcado por um processo de inclusão e exclusão da disciplina no ensino fundamental e médio. Fazendo uma breve análise cronológica, podemos dividir esta história em três importantes períodos: (1891-1941) período de sua institucionalização; (1941-1981) período de alijamento e (1982-2001) período de retorno gradativo.
Note-se, porém, que em 1941, quando ocorreu a Reforma Capanema, na época do estado Novo, retirou-se a obrigatoriedade do ensino de sociologia do currículo do ensino médio, tornando-a facultativa. E somente em 1971 é que foi retirada, definitivamente, tal obrigatoriedade na formação de professores, com a Reforma Jarbas Passarinho.
Assim, quando se afirma que o ensino desta disciplina ficou "fora do currículo da educação básica por 37 anos, de 1971 a 2008", temos uma inverdade, já que muitas escolas particulares de ensino médio não deixaram de manter tal disciplina em sua grade curricular a partir da reforma Capanema - e as de ensino público deixaram de adotá-la, gradativamente, a partir de então.
Mas ficam algumas questões: os Estados terão, aí, um ano para se prepararem, a fim de introduzir as referidas matérias na grade curricular das escolas de ensino médio, mas onde estão os professores? Sem contar que, para que tais matérias sejam ensinadas, tal grade terá que ser rearranjada e as demais disciplinas, hoje muito mal ensinadas - e pouco aprendidas - terão, certamente, sensível piora. As escolas particulares darão um jeito de ampliar a carga horária e, muito provavelmente, elevarão o preço das mensalidades. Mas como ampliar o período de quatro horas de aula dos estudantes do ensino noturno?
E mais: os recentes exames internacionais de matemática e entendimento de texto mostram que o ensino brasileiro é uma tragédia - e nas chamadas "ciências humanas", então, uma catástrofe, já que 50% dos brasileiros não sabem localizar o país no mapa-mundi. Filosofia e sociologia vão ajudar em quê? Em nada.
Pense comigo (atenção esquerdalha, isso é uma coisa inédita para vocês, eu sei, mas se esforcem, por favor): uma pessoa que sequer consegue interpretar um texto simples, que não tem hábito de leitura - coisa que foi alijada das escolas nos anos pós-ditadura -, vai conseguir, como é mesmo, "acessar todas as matérias do conhecimento" permitindo "que se formem conceitos, caráter moral e que as pessoas tenham uma visão humanista", como disse a Palhaça Tautológica ou vai "permitir que os alunos possam ter discernimento quando tomam decisões e que sejam tolerantes porque compreendem a origem das diversidades", segundo Callegari?
Não. Não vai. Se o ensino de matemática - e das ciências exatas em geral - e da língua portuguesa é uma lástima, como já disse, o das disciplinas abrigadas na rubrica "ciências humanas" é uma barbaridade sem tamanho, o que pode ser comprovado por um exame simples dos livros didáticos de história e geografia, por exemplo: são a prova cabal do mais estúpido proselitismo, encabeçados pelo ideologia estupidificante dos ditames coletivistas de Marx e Engels.
O Brasil do PT acha que ensinar a fazer conta é coisa muito complicada. O negócio deles é "ensinar a pensar", entenderam? A "refletir criticamente sobre a nossa realidade", para que se formem, então, "cidadãos conscientes".
Os alunos continuarão com alguma dificuldade para dizer quanto é sete vezes nove e a acertar os tempos verbais e os diferentes tipos de sujeito, mas saberão argumentar, muito inteligentemente, sobre o motivo de não ser necessário estes saberes. Afinal, esta necessidade de conhecimento é coisa da burguesia, da "zelite" que domina o país e nem olha para o pobre "proletariado".
Pois é, pais, cuidem de suas crianças: já começou o período do assédio ideológico explícito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário