Em Minas, após um protesto de cinco horas, os manifestantes da Via Campesina e da Assembléia Popular bloquearam nesta terça-feira, 10, a linha férrea da mineradora Vale do Rio Doce, na altura do bairro São Geraldo, em Belo Horizonte. De acordo com os organizadores, cerca de 500 pessoas permaneceram em pé nos trilhos das 7 horas às 12 horas. Os manifestantes exigiram a transposição imediata da linha e a indenização das famílias das pessoas que morreram na ferrovia. A Vale informou que a interrupção da ferrovia provocou o cancelamento do transporte do trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas e a parada de treze trens de carga.
Em São Paulo, cerca de 500 trabalhadores rurais do movimento Via Campesina invadiram o prédio do Grupo Votorantim, no centro, para denunciar os impactos ambientais da construção da barragem de Tijuco Alto, no Rio Ribeira de Iguape, que corta os estados de São Paulo e Paraná. Eles foram retirados do prédio, após 40 minutos de ocupação, pela Policia Militar que entrou no prédio, retirando os membros da Via Campesina, com bombas de gás e tiros de bala de borracha.
No Pontal do Paranapanema, no interior de São Paulo, cerca de 500 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram às 6h20 as obras de construção de uma usina de açúcar e álcool do grupo Odebrecht em Mirante do Paranapanema, oeste do Estado. Os manifestantes obrigaram os trabalhadores da empresa a parar as máquinas e se retirar do local. Os sem-terra, procedentes de acampamentos da região, reforçados por militantes das regiões de Iaras e Itapeva, montaram barracos no terreno. Eles pretendiam permanecer no local por tempo indeterminado.
A direção da Odebrecht no Pontal estava reunida no final desta tarde em Teodoro Sampaio para discutir a invasão. De acordo com funcionários, a empresa entraria ainda ontem com pedido de reintegração de posse no Fórum de Mirante do Paranapanema.
No Espírito Santo, cerca de 500 trabalhadores da Via Campesina realizaram protesto contra a expansão da cultura da cana-de-açúcar no estado do Espírito Santo. A manifestação, que durou cerca de uma hora, segundo os organizadores do movimento, ocorreu no município de Montanha, local escolhido pela empresa Infinity Bio-Energy para instalar sua sede no estado. A companhia, criada em 2006 e com sede na Ilha das Bermudas, já investiu perto de R$ 1 bilhão na aquisição de oito usinas e planeja construir mais cinco unidades no Norte do Espírito Santo.
Depois de cerca de oito horas de ocupação, os cerca de 700 integrantes de movimentos sociais, organizados pela Via Campesina, deixaram, no início da tarde desta terça a área de controle da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em Sobradinho (BA), 556 quilômetros a noroeste de Salvador. O protesto, contra os projetos de transposição do Rio São Francisco e de construção de novas barragens em seu leito, começou às 5h30.
Em Pernambuco, cerca de 100 pessoas ligadas à Via Campesina invadiram a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar de Carpina, na zona da mata norte, a cerca de 60 quilômetros do Recife. A estação, que faz pesquisas, é ligada à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Eles renderam o vigilante, sem uso de armas, e em meia hora, destruíram mudas de cana-de-açúcar - fruto de melhoramento genético que se encontravam em estufas - experimentos associados a programas de doutorados e mestrados e parte do cultivo de campo. Meia hora depois saíram, deixando duas bandeiras da Via Campesina fincadas no local.
Em Alagoas, cerca de mil trabalhadores rurais, ligados a diversas organizações populares - Via Campesina, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas e pescadores artesanais) - realizaram um protesto na Hidrelétrica de Xingó, no município de Piranhas, a 280 quilômetros de Maceió. Os manifestantes protestavam contra a transposição do São Francisco, a construção das novas barragens e a baixa vazão do rio, que causam fortes impactos na foz do rio, na divisa dos Estados de Alagoas e Sergipe.
No Ceará, armados com paus, cerca de mil agricultores ligados à Via Campesina ocuparam o Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de Fortaleza. A ação contou com o apoio do Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais sem-terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens. À tarde, após os manifestantes exporem suas reivindicações aos representantes governamentais, os policiais deixaram o local.
No Rio Grande do Sul, Manifestantes ligados à Via Campesina invadiram o pátio da empresa Bunge, em Passo Fundo, e bloquearam a estrada que dá acesso à Usina Hidrelétrica de Itá, em Aratiba, no norte do Rio Grande do Sul. As duas ações de hoje protestam contra o agronegócio, a construção de barragens e as plantações de eucaliptos para a indústria da celulose.
Em Santa Catarina, a Via Campesina liberou a BR 282 no trevo de acesso a Maravilha, no oeste catarinense, após quase duas horas de protesto contra o modelo agrícola que favorece empresas transnacionais e a monocultura, segundo a entidade. A rodovia tinha sido bloqueada às 10h15 por cerca de 750 integrantes de grupos ligados à Via Campesina e foi liberada às 11h45.
Depois do ato na estrada, os manifestantes concentraram o protesto em frente ao frigorífico da Coopercentral Aurora de Maravilha, que fica nas proximidades do trevo. O acesso à unidade ficou interditado entre 13h30 e 14h30, conforme Celestino Dersch, da coordenação da Via Campesina. A Aurora informou que a obstrução da rodovia e da entrada da unidade prejudicou o abate de 30 mil aves. Ainda em Santa Catarina, houve manifestação em frente à Klabin de Otacílio Costa.
No Paraná, um grupo de integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina acampou às margens da BR-158, em frente à Hidrelétrica Salto Santiago, no município de Saudade do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, a cerca de 410 quilômetros de Curitiba. Segundo os manifestantes, havia cerca de 300 pessoas no local, enquanto a Polícia Militar calculou entre 60 e 80. A polícia disse que a situação estava tranqüila.
O Grupo Votorantim emitiu uma nota em que manifesta o seu repúdio à invasão do escritório central da empresa, na Praça Ramos, em São Paulo, ocorrida na manhã desta terça-feira. Diz a nota do Votorantim que "em seus 90 anos, o Grupo Votorantim tem sua trajetória marcada pelo respeito a toda e qualquer manifestação democrática. O Grupo sempre esteve aberto ao diálogo com todos os setores da sociedade, no entanto, considera inaceitável práticas que violem as leis vigentes do País". E conclui que "o Grupo Votorantim emprega mais de 60 mil colaboradores, está presente em todo o território nacional e reitera seu compromisso com o estado democrático de direito e com o desenvolvimento sustentável, respeitando o meio ambiente e as comunidades onde atua".
Em 10/06/2008, no Estado de São Paulo
Comento: Quem é essa Via Campesina?
A Via Campesina intitula-se um movimento internacional que coordena organizações camponesas, pequenos e médios produtores, mulheres rurais, comunidades indígenas, gente sem terra, jovens rurais e trabalhadores agrícolas migrantes. Diz-se um movimento autônomo, plural, independente, sem nenhuma filiação política, econômica ou de outro tipo. É composta por 135 organizações de 56 países da Ásia, África, Europa e continente americano, organizadas em 8 regiões: Europa, Leste e Sudeste da Ásia, América do Norte, América Central, Caribe, América do Sul e África.
Até 2006, quatro organizações brasileiras integram a Via Campesina: Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR); Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
A idéia da constituição de uma organização mundial teve sua origem em abril de 1992, quando vários líderes camponeses da América Central, América do Norte e Europa estiveram reunidos em Manágua, Nicarágua, no Congresso da União Nacional de Agricultores e de Criadores de Gado. Em maio de 1993 foi realizada uma Conferência em Mons, Bélgica, ocasião em que foi constituída essa organização mundial que adotou a denominação de Via Campesina. A II Conferência Internacional foi realizada em Tlaxcala, México, em abril de 1996, da qual participaram 69 organizações de 37 países. Quatro anos depois, no ano 2000, a III Conferência foi realizada em Bangalore, Índia.
A IV Conferência foi realizada entre 14 e 20 de junho de 2004, em Itaici, São Paulo, precedida, no mesmo local, pela II Assembléia de Mulheres e I Assembléia de Jovens. "Organizemos a Luta! Terra, Alimento, Dignidade e Vida!" foi o tema dessa Conferência e as deliberações orientadas no sentido de:
A Via Campesina intitula-se um movimento internacional que coordena organizações camponesas, pequenos e médios produtores, mulheres rurais, comunidades indígenas, gente sem terra, jovens rurais e trabalhadores agrícolas migrantes. Diz-se um movimento autônomo, plural, independente, sem nenhuma filiação política, econômica ou de outro tipo. É composta por 135 organizações de 56 países da Ásia, África, Europa e continente americano, organizadas em 8 regiões: Europa, Leste e Sudeste da Ásia, América do Norte, América Central, Caribe, América do Sul e África.
Até 2006, quatro organizações brasileiras integram a Via Campesina: Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR); Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
A idéia da constituição de uma organização mundial teve sua origem em abril de 1992, quando vários líderes camponeses da América Central, América do Norte e Europa estiveram reunidos em Manágua, Nicarágua, no Congresso da União Nacional de Agricultores e de Criadores de Gado. Em maio de 1993 foi realizada uma Conferência em Mons, Bélgica, ocasião em que foi constituída essa organização mundial que adotou a denominação de Via Campesina. A II Conferência Internacional foi realizada em Tlaxcala, México, em abril de 1996, da qual participaram 69 organizações de 37 países. Quatro anos depois, no ano 2000, a III Conferência foi realizada em Bangalore, Índia.
A IV Conferência foi realizada entre 14 e 20 de junho de 2004, em Itaici, São Paulo, precedida, no mesmo local, pela II Assembléia de Mulheres e I Assembléia de Jovens. "Organizemos a Luta! Terra, Alimento, Dignidade e Vida!" foi o tema dessa Conferência e as deliberações orientadas no sentido de:
- fortalecer e redefinir as políticas de alianças projetando sua ação no conjunto dos movimentos sociais;
- integrar as estratégias e ações internacionais futuras no trabalho das organizações nacionais;
- desenvolver mecanismos para a capacitação e formação de líderes internacionais;
- promover e fortalecer a participação geral das mulheres e dos jovens na Via Campesina.
Nessa IV Conferência a Via Campesina declarou seu apoio formal ao governo da Venezuela e se solidarizou com Hugo Chavez, com as organizações e com o povo venezuelano. Fidel Castro também contou com o apoio das organizações vinculadas à Via Campesina, "em virtude do recrudescimento das ofensivas estadunidenses aos cubanos". Esse apoio foi estendido aos povos árabes, especialmente a iraquianos e palestinos.
No final desta Conferência, a Via Campesina assinalou: "Estamos em oposição total ao modelo neoliberal, que mata e destrói culturas, povos e famílias camponesas no mundo inteiro".
O presidente Lula e o Ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu, embora convidados, não participaram da IV Conferência, em Itaici. Nesse sentido, com data de 19 de junho, o então ministro José Dirceu enviou uma carta à Via Campesina. Nessa carta, José Dirceu afirmou que: "(...) Quero manifestar que se não estou presente nessa comemoração, a verdade é que estamos juntos nessa luta há muitos anos. Nossas histórias se confundem. A história do MST, do PT, minha história e a história de cada um dos que estão nesse encontro de hoje. (...) Para finalizar, quero dizer que neste momento, somente nossos papéis são distintos, pois continuamos todos do mesmo lado, na mesma luta".
Realmente, nesse momento os papéis da Via Campesina e do Ministro José Dirceu eram distintos: a Via Campesina - e suas filiais nacionais, já citadas - invadia e destruía empreendimentos florestais e cultivos transgênicos, e José Dirceu, então, implantava e coordenava o crime público organizado.
E a bandalheira continua! E quem paga estes baderneiros, que já não mais querem "terras para plantar"? Veja o que diz a reportagem do site Contas Abertas: nos últimos seis anos, o Lula repassou quase R$ 50 milhões aos "movimentos sociais" ligados ao MST. Só em 2007, o Lula deu, aos amigos comunistas destes "movimentos", R$ 1,9 milhão, dinheiro que, dizem eles, serve para "são aplicados em projetos de educação rural, construção de moradias, eletrificação, saúde, cultura, produção e comercialização agrícola.. Portanto, quem financia esse exército de depredadores, sua violência e vandalismo contra os brasileiros de bem, somos nós mesmos, que pagamos impostos, através da pessoa do sr. Lula da Silva e seus "sinistros".
Estes são os maiores inimigos do agronegócio brasileiro, e têm se mostrado cada vez mais agressivos, travestidos de "movimentos sociais". Repetem-se a cada dia os espetáculos de violência destes "movimentos", como o ataque ao trem da Vale e a invasão à sede da Votorantim, que representam verdadeiros atos terroristas, afetando a capacidade do País de competir no mercado mundial. Apesar das inegáveis vantagens comparativas que o País desfruta no mercado internacional, elas depende mde constantes investimentos em pesquisa e tecnologia para manter sua liderança. A agressiva atuação desses grupos mostra claramente que a luta desses "movimentos " não é pela terra, mas contra a agricultura "capitalista" e a economia de mercado. Invasões de propriedades, de sedes de órgãos públicos e bloqueios de estradas, ataques a laboratórios e plantações se tornaram rotineiros, escarnecendo da lei e do direito de propriedade.
Não se pode mais ter, se é que houve em algum momento, dúvidas de que a maioria dos autointitulados "movimentos sociais" possui objetivos outros do que aqueles de melhorar a situação da população mais humilde, agindo por razões ideológicas a fim de implantar a "ditadura do proletariado", o tão falado comunismo. Como disse João Pedro Stédile, por ocasião da já citada IV Conferência Internacional: "(...) nossos movimentos devem defender a soberania nacional e o rol desse outro Estado, que é o único poder do povo que pode fazer mudanças e ajudar a construir uma sociedade menos desigual. E temos que juntarmo-nos para enfrentar os organismos internacionais e os acordos que eles fazem e que representam os interesses do capital."
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