A notícia está no jornal britânico The Independent. A Organização Mundial de Saúde confirma o que todos já sabíamos mais ou menos intuitivamente ou observando o que se passa ao redor: INEXISTE A AMEAÇA DE UMA EPIDEMIA DE AIDS ENTRE HETEROSSEXUAIS. A exceção é a África Subsaariana, onde ela já está presente. A informação é do chefe do departamento para HIV/aids da Organização Mundial de Saúde (OMS), Kevin de Cock — e nada de fazer trocadilho com o nome do homem... Ele também confirmou outra coisa que já sabíamos: fora da África, a doença é um problema grave entre homossexuais masculinos, usuários de droga e os chamados “trabalhadores do sexo” e seus clientes.
O que se noticiou, vejam lá, é que a ameaça da epidemia entre heterossexuais “desapareceu”. Bem, não pode ter desaparecido o que nunca existiu. Até porque a lógica indica o óbvio: como a informação era falsa, as políticas de combate à contaminação mundo afora foram pautadas pela mentira. Logo, o “desaparecimento” nem pode ser atribuído à eficiência do combate.
A questão é saber por que isso aconteceu. É simples. A pauta da OMS e de todos os organismos encarregados de combater a doença serviu ao lobby politicamente correto dos gays e de suas ONGs. Em alguns países, como é o caso do Brasil, grupos militantes respondem pelas políticas antiaids, a começar das campanhas publicitárias. Quem não se lembra? Passou a ser proibido falar em “grupos de risco”. Agora a OMS admite: eles existem.
Ora, África subsaariana, com grande contaminação de heterosseuxuais, e os grupos de risco fora daquela região indicam o óbvio: a aids contraída pela via sexual, a maioria dos casos, é uma doença do comportamento promíscuo, sim. Mas afirmá-lo era considerado “preconceito”, “discriminação”. Eu sei o quanto apanhei aqui e já no Primeira Leitura quando criticava as campanhas públicas de combate à doença, centradas exclusivamente no uso da camisinha. Mais: incentivam justamente a promiscuidade e o sexo irresponsável. Vocês encontram muitos posts no blog a respeito desse assunto.
Ah, mas qualquer abordagem que fugisse da pregação supostamente libertária era considerada coisa de carola, de reacionário católico. Por incrível que pareça, nem mesmo se dizia que o sexo entre duas pessoas saudáveis pode produzir neném, mas não doença... Numa das propagandas, um sujeito acordava assustado com alguém dormindo a seu lado, na cama. Ele nem lembrava como aquele “corpo” tinha ido parar lá. Só se tranqüiliza quando vê o invólucro da camisinha rompido. Acho que não preciso analisar a mensagem, né? Numa outra, um garoto tenta dar um pega na namorada no meio-fio mesmo. Ela pergunta: “Tem camisinha?” Sei, com o preservativo, vai na calçada mesmo...
Uganda é um caso raro de sucesso de combate à doença na África. E a campanha pública incentiva, olhem que esquisito!, castidade para os solteiros e fidelidade para os casados. Fala-se em camisinha, sim. Mas o centro da pregação é a responsabilidade individual. O número de contaminados caiu espantosamente. Nos países vizinhos, é um flagelo. Estou fazendo um uso moralista do assunto? Eu não. Só estou deixando clara a conclusão a que chegou a OMS, embora ela evite chamar as coisas pelo nome: a aids é uma doença típica da promiscuidade sexual — e, por razões que não vêm ao caso agora, boa parte dos gays masculinos opta pelo comportamento de risco.
Mesmo a matéria do Independent contribui para alguma confusão. Informa que a OMS é alvo de ataques por ter superestimado o risco da epidemia de aids, o que teria prejudicado o combate a outras doenças. E também diz que programas de abstinência sexual tiveram prioridade, em vez do uso da camisinha. Besteira! Onde é que a abstinência foi incentivada? Que eu saiba, só em Uganda. Mas os resultados são positivos, não negativos.
Volto à minha tese de sempre. Controlada a contaminação por transfusão de sangue, a aids é uma doença do comportamento, que vinha sendo tratada como um fatalismo da vida moderna. Não é. A Organização Mundial de Saúde demorou 25 anos para admitir isso. E só o fez porque, no mundo inteiro — exceção feita à África —, o número de heterossexuais infectados é muito baixo. Já o de contaminados entre os grupos de risco segue estável — e alto. O que eles têm em comum? Não gostam de limites — e, com freqüência, quem não aceita limites rejeita até a camisinha.
Fazer sexo, qualquer tipo de sexo, é uma escolha. Já escrevi umas 300 vezes: camisinha não é uma categoria moral. Mas, é claro, ninguém dirá que, nesse caso, João Paulo 2º e Bento 16 sempre estiveram certos, e os "cientistas" que cederam ao lobby, errados. Então eu digo. *
*Justiça se faça: muitos médicos sempre trataram como bobagem o risco da epidemia entre heterossexuais. Conheço alguns. Por que nunca se manifestaram? Porque nem todo mundo tem paciência para comprar briga. Isso é pro Diogo, pra mim, pro Olavo. Vocês sabem como muita gente no Brasil, a começar dos jornalistas, querem apenas ser boas pessoas, ainda que isso custe alguns desastres.
por Reinaldo Azevedo
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