Entre os dias 22 e 25 deste mês, acontece no Uruguai o XIV Encontro do Foro de São Paulo. O encontro reunirá cerca de 400 delegados de 40 países, além de representantes de partidos de esquerda, como o Farabundo Martí de El Salvador, o Comunista de Cuba e os Socialistas do Chile e da Bolívia. Espera-se também a presença de presidentes da região, como do brasileiro, Lula, e do equatoriano, Rafael Correa, mas a única confirmada pela organização do evento até agora é a participação do chefe de Estado da Nicarágua, Daniel Ortega.
Além destes, integram a organização, entre outros:
o PT (Partido dos Trabalhadores), do presidente Lula;
o MAS (Movimento ao Socialismo), do presidente da Bolívia, Evo Morales;
o Pátria Livre, do presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo;
o Partido Socialista Unido da Venezuela, de Hugo Chávez, que deverá participar do encontro na capital Uruguaia;
O Alianza País, de Rafael Correa, do Equador, vai mandar representantes e deve ser admitido no grupo.
Não custa lembrar, mais uma vez, que Evo já deu uma "tungada" no Brasil, tomando a Petrobrás, sob os auspícios de Chávez, e que Lugo está prestes a fazer o mesmo, obrigando os brasileiros a pagar mais por aquilo que lhes pertence de direito: energia.
Na reunião do Uruguai, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), grupo cujas credenciais terroristas, a esta altura, não precisam ser mais apresentadas, deverão estar presentes, embora TODOS, absolutamente TODOS os bandos reconhecidamente terroristas (FARC e o ELN colombianos, o MIR chileno e até mesmo o PSUV de Chávez) tenham sido retirados da Lista de membros atualizada - talvez para limpar toda e qualquer pista de ligação entre tais grupos e os membros do Foro de São Paulo - concomitantemente ao fato de o site das FARC encontrar-se "indisponível" e de os equipamentos resgatados no acampamento de Reyes terem sido avaliados pela INTERPOL, que atestou que todas as informações ali existentes são verídicas, isto é, não houve, por parte do governo colombiano, qualquer modificação nos arquivos de tais equipamentos.
Clóvis Rossi relata, na Folha deste domingo, que Lula, no Peru, onde participou de um seminário, referiu-se ao Foro de São Paulo:
Por fim, o presidente brasileiro falou do Foro de São Paulo, conglomerado de organizações de esquerda criado pelo PT em 1990. Disse que "esse foro foi educando a esquerda a disputar eleições e ganhá-las de forma democrática", em vez de recorrer à luta armada.
Não citou, no entanto, o fato de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) fazem parte do foro e não foram ainda educadas para disputar eleições, tanto que mantêm a luta armada e, pior, tornaram-se o pivô de uma crise triangular entre os governos da Colômbia, do Equador e da Venezuela.
Lula elogiou ainda o crescimento do país do presidente Alan García (o maior da América do Sul, na faixa dos 9%), em uma frase que provocou sorrisos maliciosos em parte dos espectadores: "A gente vê na rua o crescimento do Peru".
O Foro se reúne, desta feita, depois de a INTERPOL ter provado que os arquivos dos computadores de Raúl Reyes são verdadeiros, como já disse. E, por verdadeiros, resta, então, evidente que os governos de Chávez e Correa colaboram com o terrorismo. O bandoleiro que governa a Venezuela planejava enviar US$ 250 milhões aos narcotraficantes. Nada distingue o coronel dos líderes do chamado "Eixo do Mal", que colaboram com o terrorismo no mundo.
O governo brasileiro - e os petistas em geral - mantém distância prudente das Farc, porém jamais condenou de forma inequívoca a guerrilha: na "invasão" do território equatoriano pelas forças colombianas, que resultou na morte de Reyes, o Brasil foi enfático no repúdio à ação colombiana, sem relevar o fato de que o Equador, afinal, abrigava os bandoleiros. E, revelam os computadores, com arquivos autênticos, tratava-se mesmo de colaboração ativa com os terroristas - categoria em que o Brasil não inclui as Farc: ao ser questioando pelo pelo jornal francês "Le Figaro" se a organização é terrorista ou força beligerante, Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula e secretário geral do Foro de São Paulo, afirmou que não é nem uma coisa nem outra e que o Brasil é "neutro" nessa questão.
A pergunta que fica, e mais uma vez morre na garganta das pessoas de bem que "nunca antes neste país" viram tal bandalheira, é: como se pode ser neutro diante dos seqüestros, da execução de civis, do narcotráfico?
A fala de Lula é indecente e bem mais perigosa do que parece. O Foro de São Paulo, que a imprensa brasileira, com raras exceções, insiste em ignorar, e que Lula, volta e meia, fala dele com orgulho, é a entidade que confere articulação e inteligência à esquerda da América Latina. Os vários movimentos que ele congrega têm pouca coisa em comum quanto à sua origem mas todos têm como característica básica o fato de quererem implantar "a ditadura do proletariado", conforme a ideologia marxista e, participando do Foro de São Paulo, têm convergência nas agendas. E cada um dos governos comprometidos com o Foro vai até onde lhes permitem os limites institucionais, mas sempre dispostos a afrontá-los e a transgredi-los.
É preciso lembrar que eleições, por si mesmas, não esgotam o compromisso com a democracia. Lideranças como Chávez, Corrêa e Morales não recuam, como vemos, nem diante do risco de uma guerra civil. Nos três países, o regime democrático foi só o rito de passagem para governos autoritários. No Brasil, o desapreço pelas instituições é mais sutil e aparentemente ameno, mas não é difícil encontrar políticas públicas que pretendem opor brasileiros a brasileiros, em claro desrespeito aos princípios básicos da Constituição, como as cotas raciais, as invasões do MST e o problema da reserva Raposa do Sol.
A fala de Lula deve ser lida como uma declaração cínica: os esquerdistas reunidos pelo Foro, que ele criou em companhia de Fidel Castro concluíram que a luta armada, de fato, não é mais uma boa estratégia. As eleições são armas mais eficientes. Uma vez no poder, usam a democracia para solapar as bases da própria democracia!
Todos estes governos que ali se encontrarão, obedecem a uma única coordenação: o Foro de São Paulo e que, agora, não podendo admitir o óbvio, põem o lixo para baixo do tapete e passam a se ocupar e ocupar as páginas de jornais, sites e tv com coisas de menor importância para que público continue na ignorância, como continua até hoje sobre o quê é e o que faz e tenciona cada vez mais continuar fazendo o famigerado Foro de São Paulo.
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