Apesar de importantes derrotas políticas sofridas recentemente, desde o referendo revogatório no ano passado, a revelação de sua estreita vinculação com as FARC, não deteve seu afã de impor um "projeto internacional bolivariano'' porque já atua em boa parte, como sucessor de Fidel Castro, segundo a análise de vários especialistas reunidos ontem (quinta-feira), em Miami, durante uma convenção organizada pelo Centro para a Convenção das Américas da Universidade Internacional da Florida (FIU).
Os revezes do comandante bolivariano deixaram em relevo sua estratégia internacional com uma agenda ideológica que representa uma ameaça para a crescente fragmentação da América Latina, afirmam os especialistas da FIU, ao analisarem os 10 anos da política exterior do chavismo e seu impacto no hemisfério.
"Chávez está assumindo que Fidel lhe transferiu o testamento na América Latina'', destacou o analista político venezuelano John Magdaleno. "Talvez queira ser o grande expoente do socialismo depois da derrocada da União Soviética'', algo que "terá grandes repercussões do futuro'', disse Magdaleno.
Existe uma tentativa continuada do mandatário venezuelano em impor seu projeto bolivariano a nível internacional "por todos os meios legais e ilegais à sua disposição'', manifestou María Teresa Romero, acadêmica de assuntos internacionais da Universidade Central de Venezuela (UCV).
Longe de assimilar a derrota do referendo, Chávez "optou por aprofundar e radicalizar o processo revolucionário'' a nível nacional e internacional, e para isso está aplicando uma estratégia "expansionista e intervencionista'' que abarca desde "propiciar o desprendimento do domínio imperial'' até a "cooperação com setores e grupos de esquerda dentro dos países'', disse a acadêmica. "Ele está construindo novos pólos com a criação de novas organizações, com a integração internacional e o desenvolvimento energético como ponto de novo mapa geopolítico. A diplomacia - expressou Maria Teresa - está dirigida a partidos políticos, grupos e movimentos (legais e ilegais) e setores sociais ideologicamente afins ao projeto bolivariano. Ele usa como mecanismo de penetração suas missões diplomáticas, os Círculos Bolivarianos no exterior, o Foro de São Paulo, a Coordenadora Continental Bolivariana e as casas de ALBA (Alternativa Bolivariana das Américas).
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem logrado grande influência na América Latina outorgando ajuda financeira proveniente do petróleo, porém esta política externa pode ter como custo uma erosão da democracia, segundo a análise dos especialistas reunidos.
Román Ortiz, coordenador dos estudos de Segurança e Defesa da Fundação para a Paz (FIP), disse aos jornalistas que Chávez não tem respeitado a política tradicional de não ingerência nos assuntos internos e outros paises. "Sistematicamente ele está intervindo nos processos eleitorais de paises como Bolívia, Equador, Nicarágua e agora em El Salvador. Nunca havíamos visto nada semelhante na região até o momento”, disse o analista.
Chávez –disse ele - quer configurar a Venezuela como uma potência hegemônica na região e "nesse sentido essa política lhe tem reportado muita influência. Ele tem ganho um peso regional a custo de consumir um volume absurdo de recursos, porém tem obtido rendimentos estratégicos".
Fontes: El Tiempo e EFE Latino
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou nesta quinta-feira, 29, que seu governo lamenta o fato de não ter se reunido com "Tirofijo", principal líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e cuja morte foi anunciada na última semana.
"Nós não estamos alegres com a morte de 'Manuel Marulanda' ("Tirofijo"), e eu lamento não ter me reunido com ele para falar da paz, para falar do acordo humanitário na Colômbia", expressou Chávez.
Em um ato político, Chávez qualificou como "lamentável que haja pessoas que se alegram com a morte de 'Tirofijo'", anunciada no sábado passado pelo ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, e confirmada um dia depois pelas Farc.
O chefe do Estado venezuelano disse ainda que espera que a morte do líder e fundador das Farc abra as portas para o reinício das negociações para concretizar a troca de reféns da guerrilha por 500 de seus membros presos.
Além disso, reiterou sua disposição de "cooperar com o acordo humanitário, e até mesmo com um processo de paz na Colômbia".
Chávez e a senadora colombiana opositora Piedad Córdoba intermediaram durante quase quatro meses uma tentativa de troca de 45 reféns das Farc por cerca de 500 guerrilheiros presos, mas esse trabalho foi suspenso pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, em 22 de novembro do ano passado.
Entre janeiro e fevereiro, as Farc libertaram e entregaram a comissões venezuelanas seis políticos colombianos como um gesto de desagravo a Chávez.
no Estado de São Paulo
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