quarta-feira, 7 de maio de 2008

Como Diria Silvio Luiz: Minha Nossa Senhora!

A Bolívia, do compañero Evo Morales, está pegando fogo, principalmente após o referendo feito pelo distrito de Santa Cruz sobre sua autonomia.
O esquerdista (I)Morales e seus seguidores, como sempre fazem as esquerdas, ataca dizendo que a "oligarquia apoiada pelo 'império'" não quer perder seus privilégios e joga irmãos contra irmãos! Ora, se há algo ilegal é a Constituição boliviana vigente – na qual ele tem se apoiado para desautorizar o referendum -, pois foi feita a portas fechadas e contando apenas com os parlamentares oficialistas; a oposição foi PROIBIDA de entrar no recinto e participar da votação, o que significa, em qualquer país do mundo civilizado onde vige o regime democrático, uma fraude, um embuste, uma gigantesca FARSA.
Mas qual são os reais interesses do governo e seus asseclas - para saber com quem estamos lidando, devemos conhecê-lo - e por que a oposição insistiu tanto neste referendo?
Em um documento escrito em agosto de 2006, logo após Morales ter assumido a Presidência, seu partido (MAS - Movimiento Al Socialismo) elaborou um documento – assinado por Morales - que vem cumprindo diligentemente e que só através dele é possível compreender todo este processo. Intitulado “Guia de Ação Política de Orinoca – Para os companheiros revolucionários do MAS e seus aliados”, o documento descreve em detalhes suas estratégias, focos de ação e alvos a atingir. Embora tal documento seja imenso, eis alguns dos pontos mais importantes - com meus comentários em itálico:

1. Como objetivo: a criação de um Estado plurinacional camponês-indígena e com um governo centralista e estruturado sobre a figura de nosso líder, Evo Morales Ayma.(...)
- Trata-se de conformar uma Democracia formal socialista com poder total e absoluto [o socialismo é pragmático e deve se orientar pelos estabelecimentos do Socialismo do Século XXI e promovido pelo camarada, irmão e Comandante Hugo Chávez da Venezuela];
- Viabilidade do novo Estado: Conformar uma Pátria Grande Sul-americana e bolivariana (conforme plano do Foro de São Paulo). Para isso é desejável a conformação de forças estatais-repressivas conjuntas entre países da região com orientação socialista e financiada pelos próprios Estados (eis aí o por quê todos têm querido o treinamento conjunto das Forças Armadas dos países da América Latina), e o orçamento facilitado pelo Governo bolivariano da Venezuela;
- Estabelece-se um 'neo-foquismo', onde a Bolívia seja o centro de irradiação deste Socialismo do Século XXI em nível latino-americano e promovido principalmente pelo governo-irmão da Venezuela;
- É também desejável a conformação e o financiamento de grupos ou forças irregulares, para reprimir a sociedade civil rebelde, se isto for necessário. Estes quadros deverão ser orientados a gerar violência na sociedade boliviana, e assim confrontar exitosamente os oligarcas e anti-revolucionários (ou seja, continuarão a financiar as FARC, o MIR, a ELN etc.). Não se descarta que estes grupos sejam multinacionais: peruanos, bolivianos, colombianos, etc., pois a luta agora é universal e latino-americana;
- É positiva e funcional a cooptação de organizações sociais do país, como modo de grupos de pressão para reprimir instituições políticas ou sociais da oposição, assim como meios de comunicação burgueses e opostas à mudança (é o que temos visto dia a dia, inclusive no Brasil).
2 – Como justificativa: Se não se puder por meios democráticos, a violência [parteira da História] é necessária para impor o Novo Estado Plurinacional.Como políticas a serem levadas a cabo pelo governo revolucionário do MAS:

1. Estabelecimentos Estratégicos
1.1. Deve-se promover a agudização das contradições na sociedade boliviana. É desejável a crise econômica e política do país, deste modo a instabilidade geral e o caos possibilitarão o governo revolucionário do Companheiro Evo atuar com a força requerida para impor nosso projeto de Estado;
1.2. Destruir o neoliberalismo (este foi o mote do XIII Encontro do Foro de São Paulo ocorrido no ano passado) de ultra-direita fundamentado hoje, na chamada República boliviana e representada pela 'Meia Lua'.
1.3. Deve-se instrumentalizar exitosamente a Assembléia Constituinte para impor a visão do novo Estado.(...)
1.5. Deve-se continuar com o processo exitoso de cooptação de:
(...) b) Níveis hierárquicos das FFAA e da Polícia. Com a ajuda econômica do irmão Governo da Venezuela, espera-se a lealdade destes efetivos e funcionários para a repressão política planejada especialmente para a Meia Lua.(...)
3. Atacar o inimigo do Povo: a 'Meia Lua'
3.1. O inimigo do povo é a denominada 'Meia Lua', hoje em processo de articulação. Dentro deste contexto, o inimigo estratégico é o Estado de Santa Cruz de la Sierra, visibilizado através do Prefeito e Comitê Cívico;
Justificativa: O inimigo deve ser aniquilado porque através do processo autonômico estadual, se poderia inviabilizar o novo Estado Plurinacional [que está por nascer]. Lembremos que tais autonomias defendem o Estado de Direito, a democracia e outras instituições burguesas e corruptas próprias da atual República da Bolívia; precisamente – pois – promovem as instituições que o povo deve ‘desmontar’.
3.2. Estratégias/Ações:Gestar a inevitável divisão e confrontação campo-cidade em nível municipal. No caso de Santa Cruz inclusive, já se selecionaram municípios com elevada população migrante camponês-indígena (San Julián, etc.), para opor-se ao processo autonômico. Deve-se financiar quadros e grupos de pressão para violentar, quando seja necessário, o processo autonômico oligárquico e corrupto, e durante o processo de expropriação de terras aos fazendeiros e latifundiários”.
E encerra com as palavras do cocalero-presidente:
"Companheiras e companheiros revolucionários, creio que este guia será o instrumento de mudança para levar o poder ao povo e a nossos irmãos camponeses, indígenas e originários. Pátria ou Morte! Venceremos ao lado do povo! Morte à Bolívia senhorial e colonial!
Evo Morales Ayma – Presidente constitucional da República da Bolívia".

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