segunda-feira, 7 de abril de 2008

A Igualdade do Socialismo

Em nossos dias, tudo fala e trabalha em prol da igualdade. Feministas querem a igualdade entre o homem e a mulher, outros querem a igualdade entre as nações, considerando toda colonização criminosa. Busca-se a igualdade até nas modas, sem levar em conta as tradições de cada povo e olvidando-se mesmo as diversas condições climáticas. Hoje, a mesma arquitetura enfeia Paris, Tóquio, Buenos Aires, Argel ou São Paulo. No rádio, os mesmos ritmos igualam a música italiana, russa, alemã, argentina e americana. Por toda parte se ouvem os mesmos guinchos, os mesmos uivos, os mesmos batuques, idênticas cacofonias.

Nas relações sociais se nota o mesmo desejo de igualdade: os velhos querem, mais do que nunca, parecer jovens. Professores se dizem iguais aos alunos. Governantes, demagogos, procuram igualar-se aos governados. Padres para nivelar-se aos fiéis, deixam de lado a batina e a compostura; casam-se. Até o papa se deixa filmar esquiando e escorregando na neve, ou nadando em piscina como um atleta qualquer. Aboliram-se os títulos de nobreza e as fórmulas de cortesia. Todo mundo virou você. E todo você usa jeans e masca chicletes.

Desigualdade
Quando analisamos o Universo, podemos ver que em tudo há a desigualdade: cada sistema tem satélites que orbitam planetas, que por sua vez orbitam estrelas que giram em galáxias. Cada satélite, planeta, estrela, galáxia é diferente uns dos outros. Mesmo quando olhamos macroscopicamente, há corpos celestes mais ou menos brilhantes, e em diferentes lugares do nosso planeta, há visões diferentes destas estrelas.

No mundo atômico, cada elemento tem suas propriedades particulares. Na tabela de Mendeleiev há até - para horror dos igualitários - alguns gases nobres, assim chamados porque não se misturam com outros, mais "plebeus". Nessa mesma tabela, assim como na natureza, os elementos precioso estão próximos, porque o semelhante atrai o semelhante. O precioso atrai o precioso e o vulgar atrai o que é vil.

No reino vegetal, a desigualdade cresce de valor, porque a vida vegetal traz uma variedade maior: há cedros majestosos no Líbano, sequóias gigantescas e antiqüíssimas na Califórnia, orquídeas delicadas e exóticas nas selvas brasileiras e repolhos vulgares em qualquer horta. É a vida, nos vegetais, que lhes permite uma capacidade simbólica maior e daí uma desigualdade maior do que aquele existente entre os minerais. Se uma jovem vai a uma festa usando um bracelete de metal barato, imitando o ouro, ela não vai causar com isso escândalo nenhum. Mas se para enfeitar seu vestido colocar sobre o peito não uma rosa, mas um repolho, certamente causará uma explosão de risos. Isto porque a desigualdade entre o repolho e a rosa é muito maior do que aquela existente entre o metal vulgar e o ouro.

Entre os animais a desigualdade é ainda maior, pois sua capacidade de movimento e de atuação os faz ainda mais diferentes. É evidente.


A desigualdade existente em todos os reinos do Universo nos leva a deduzir sua existência também entre os homens. Com efeito, examinando-se os seres humanos, constatamos que eles diferem uns dos outros desde as pontas dos dedos. Por exemplo, calcula-se que antes se esgotará a energia e a luz do sol do que aparecerão dois homens com a mesma impressão digital. Há homens altos e baixos, feios e belos, gordos e magros, loiros, morenos, negros, etc. Se há uma variedade quase infinita de fisionomias, as desigualdades psicológicas e espirituais são ainda maiores do que as físicas. A variedade de inteligências, talentos e virtudes é imensamente maior do que a dos rostos. Cada homem é, em certo sentido, único.

Entretanto, há nos homens uma igualdade fundamental proveniente do fato de terem uma só natureza. Ser homem é ser animal racional, isto é, ser constituído por corpo animal e ser capaz de aprender com a inteligência, querer com a vontade e sentir com a sensibilidade. Nisto todos os homens são iguais. Daí os direitos naturais decorrentes dessa natureza, comum a todos, deverem ser iguais para todos. Assim, todos os homens têm direito igual a viver, a alimentar-se, a trabalhar, a descansar, a reproduzir-se, a ter propriedade, a saber a verdade, a amar o bem, a conhecer a beleza, etc. Os direitos naturais - repita-se - são iguais porque provém da natureza, que é a mesma para todos os homens.

Todavia, se entre os homens existe essa igualdade natural fundamental, disto não se segue que sejam iguais em tudo. No que podemos chamar de "acidentes", os homens são diferentes. Acidentes são qualidades que existem num ser mas não lhe são necessárias para ser o que é. Para ser homem, não é preciso ter pelo branca, ter 1,80 m de altura ou pesar 90 kg. Não é preciso ser doutor ou atleta. Ser alto, gordo, branco, doutor e atleta são acidentes da natureza humana. Poderíamos dividir os acidentes em dois grandes grupos: os naturais, dos quais não se pode gozar direitos, e os não-naturais. Por exemplo:

A: gordo - magro; loiro - moreno; alto - baixo; calvo - cabeludo; preto - branco.
B: ladrão - honesto; professor - aluno; capaz - incapaz; trabalhador - vadio; pai - filho.

Os acidentes do grupo A não produzem direitos. Mas acidentes do grupo B geram direitos. A acidentes desiguais correspondem direitos acidentais desiguais. É justo que o trabalhador, o capaz, tenham mais direitos que o o vadio e o incapaz. O professor deve ter mais direitos que o aluno, assim como o pai tem mais direitos que os filhos, embora todos eles sejam iguais por natureza e tenham direitos naturais iguais.

O erro fundamental de todas as formas de racismo consiste em atribuir direitos e deveres em função de um acidente do grupo A, qual seja, a raça ou a cor da pele.


Quando duas coisas são iguais em sua natureza e diferentes nos seus acidentes, elas são semelhantes, e não iguais. Assim, os triângulos, iguais na forma (natureza) e diferentes no tamanho (acidente), chamam-se semelhantes e não iguais.

Quem quisesse construir, por exemplo, um viaduto e nos cálculos tratasse dois triângulos semelhantes como se fossem iguais, erraria. O viaduto desabaria. Porque semelhante não é igual.

É esta desigualdade que explica, por exemplo, porque quanto mais um indivíduo se aperfeiçoa, mais se diferencia dos outros: quando as crianças entram na escola, todas analfabetas, e, portanto, semelhantes, vemos que, anos depois, muitas se formaram em diversas áreas do conhecimento humano; mas muitas não o fizeram, tendo simplesmente largado a escola. Merecem aquelas primeiras a igualdade social, tão propalada pelo socialismo, com estas?

Querer impor a maior igualdade possível entre os homens é querer que eles não se aperfeiçoem, mas decaiam. A igualdade só se pode realizar pelo nível mais baixo. Só a desigualdade social permite o progresso social. Quanto mais degraus houver numa escala social, mais fácil será progredir e ascender socialmente. Contrariamente, quanto menos degraus houver, ou quanto mais eles forem desproporcionados, mais difícil será a ascensão, o progresso social.

Esta igualdade, conforme ensinada pelos escritos socialistas, advém da pressuposição de que há - ou deve haver - uma guerra entre as classes sociais, onde umas exploram as outras, o que é falso. É óbvio que numa economia de livre mercado, hoje chamada de "capitalista", podem existir exploradores, mas não classes que, em si, sejam exploradoras. Assim como em nosso organismo podem existir órgãos doentes, é uma loucura afirmar que os órgaos necessariamente lutam entre si. Os órgãos do corpo humano colaboram para manter o organismo vivo e sadio, e todos são completamente diferentes uns dos outros.

No livre mercado, os patrões são os consumidores. São eles que ditam as regras e dizem o que se deve comprar mais - e portanto, o que se deve produzir mais. Quando eles - os consumidores - param de adquirir determinado produto ou serviço, o mercado deve adaptar-se a isto, com o risco de perder espaço para os competidores - o que incorre, inveriavelmente, em desemprego.

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