segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Política Eleitoreira e a Outra

Não sei se os senhores já ouviram falar de Frei Betto, o mentor espiritual de Lula da Silva. O dito Frei Beto (vai com um “t” só, porque, no seu caso, dois é demais), junto com o expurgado Leonardo Boff (cujo verdadeiro nome é Genezio Darci), é um dos pilares da Teologia da Libertação, a apostasia que subverte a premissa central do cristianismo de que o homem é um ser criado à semelhança de Deus. Como se sabe, para a teologia anticristã, o objeto da adoração dos fiéis deve voltar-se para o culto à Mãe-Terra, ou Gaia, que pretende, segundo o frenesi libertário, “espiritualizar a terra e criar um espaço vazio para que Deus atue neste mundo”.

Mas, para atuar no espaço vazio deste mundo, em vez da presença Divina, o aparato materialista da Teologia da Libertação comandado por Frei Beto e Leonardo Boff arregimentou o MST, Movimento dos Sem-Terra, que é hoje o maior proprietário de terras no Brasil, com sua virulência revolucionária impulsionada a golpes de machado, foice, martelo e malandragem por tipos como João Pedro Stédile, Bruno Maranhão, José Rainha, Gilmar Mauro et caterva.

Bem, vamos aos fatos. No limiar das eleições municipais, que em última análise irão definir se o Partido dos Trabalhadores continuará ou não no mando político do país, Frei Beto reapareceu nas páginas de O Globo (“Por que falta emoção?”, 08/08/2008) para entoar sua cantiga para lá de enganosa. De início, o puxa-saco de Fidel Castro lamenta no artigo malicioso a postura dos candidatos da presente corrida eleitoral:

“(Eles) andam pelas ruas, cumprimentam eleitores, distribuem sorrisos, entopem-se de pastéis, afogam-se em cafezinhos. E não provocam nenhuma emoção. Quantos votos haverão de angariar com esse peripatético (mais patético que outra coisa) aquecimento eleitoral?”.

Por que os candidatos, em meio à demagogia geral, como de praxe, não haveriam de cumprimentar os eleitores, comer pastéis e tomar cafezinhos? Que há de patético nisto, Beto? Pior, mas seguramente pior, seria encher a cara de aguardente “51”, como fazia o seu candidato e pupilo Lula da Silva, para, depois, aos tropeções e amparado pelas sarjetas, ficar dando vexame - conforme registram inúmeras fotos de domínio público.

No seu arrogante proselitismo crítico-ideológico, o falso moralista Beto, que não é mais frei, dá suas estocadas:

“Os candidatos a prefeito confiam nos programas de TV, capazes de levar suas imagens a inúmeros lares e, quem sabe, aumentar seus índices nas pesquisas. Os marqueteiros eleitorais capricham no visual de seus clientes, maquiam o débil de forte; o corrupto de honesto; o incompetente de capaz; o feio do bonito. Trata-se o candidato como produto e o eleitor como consumidor. Produto com prazo de validade a vencer no dia da apuração. Os derrotados evaporam e os eleitos são alçados às inalcançáveis estruturas do poder”.

Bonito, não é mesmo? Mas o teólogo, que passa por cima do “homem econômico” de Marx, deveria dar nomes aos bois. Por exemplo: quem foi e continua sendo o marqueteiro-mor da mistificação política nacional, a feiticeira que, reconhecidamente contraventora, aparou os cabelos crespos de Lula, vestiu-o à Georgio Armani, injetou-lhe botox e transformou a fera do ABC no beatifico Lulinha Paz e Amor, alçando-o às inalcançáveis estruturas do poder? Sim, o leitor acertou: foi ele mesmo, o “companheiro” Duda Mendonça, o fantástico prestidigitador que recebia pagamento da máquina petista em dólares via paraísos fiscais – mas que, nem por isso, está por trás das grades).

No seu arrazoado visionário, o teólogo da apostasia reclama da “falta de emoção” nas atuais eleições. Diz ele:

“A emoção é filha da utopia, do sonho que alenta, da paixão que encoraja, do desejo que se projeta. Esta é a palavra-chave: projeto. Qual é o projeto ou programa dos candidatos, além do próprio interesse de eleger-se? O que os candidatos a prefeito têm a dizer quanto ao sistema municipal de saúde, educação, saneamento básico, transporte coletivo, alimentação, áreas de lazer, esporte e cultura?”.

Antes assim do que assado. Quando o sujeito fala em “utopia” perto de mim, a primeira coisa que me vem à razão são os tenebrosos crimes praticados pelos partidos comunistas (Lenin, Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel), nazista (Adolf Hitler, o leitor de Marx) e fascista (Benito Mussolini, o socialista dissidente) – todos eles comprometidos com o emocionante “sonho” da organização de uma sociedade “mais justa e fraterna”. Todos eles, em nome dos seus projetos de governo voltados para “transformações sociais” nas áreas de saúde, educação, saneamento básico, transporte, alimentação, lazer, esporte e cultura, terminaram por estabelecer na face da terra um universo concentracionário marcado pela dor, miséria, angústia, exploração e extermínio em massa.

Todavia, o mais curioso, ao condenar as nocivas práticas políticas vigentes no “mercado”, a Eminência Parda de Lula não apregoa o voto nulo. Pelo contrário:

“Não podemos nos enojar da política, apesar da mediocridade da maioria dos candidatos (...) Ainda é tempo de tirar os candidatos dos patéticos sorrisos e tapinhas nas costas, e da moldura televisiva que visa a produzir sedução e não compromissos”.

Perfeito, mas para substituí-los por quem? Pressuroso, o comunista Beto não se faz de rogado: ele quer os políticos subordinados à autocracia vermelha dos “movimentos sociais”, tipo MST, que ele mesmo controla:

“Movimentos sociais, sindicatos, associações, ONGs, denominações religiosas etc. devem convocar candidatos para o debate olho no olho, de modo a avaliar se têm projetos ou apenas ambição de poder; vínculos com grupos populares ou representam interesses corporativos oligárquicos”.

Ora, Betinho, vai te catar! Democracia representativa não é a farsa da “democracia direta” - filha bastarda do “centralismo democrático” bolado pelo sanguinário Lênin - que leva o povo aos desvãos do totalitarismo escravocrata, subordinado na marra às promessas nunca alcançadas dos projetos utópicos da nomenclatura parasitária - da qual você nunca se afastou).

Moral da história: se o “outro mundo possível” idealizado por Frei Beto tem como paradigma a Cuba de Castro, sou mais o político do cafezinho – embora, pessoalmente, não vote em ninguém.

por Ipojuca Pontes, em 18/08/2008, no Mídia Sem Máscara

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