Já se passaram seis anos desde que Olavo de Carvalho lançou o Manifesto CONTRA A DITADURA ESQUERDISTA NA MÍDIA que foi assinado por centenas de pessoas, incluindo quase todos os articulistas deste jornal eletrônico que pode ser chamado de cria daquele Manifesto. Iniciava-se este memorável documento com as seguintes palavras:
A afirmação de que existe um viés, uma deformação, um preconceito esquerdista dominante na grande mídia nacional - principalmente nas páginas noticiosas e nos suplementos culturais, mas também nas páginas de diversões, nas novelas de TV, em talk shows e, enfim, em toda parte - não é simplesmente uma opinião. É a expressão fiel de um fato empiricamente constatável, que até hoje só não foi investigado e discutido livremente porque as entidades incumbidas de investigá-lo e discuti-lo - faculdades de jornalismo, sindicatos da classe e sites tipo press watch - estão igualmente a serviço da hegemonia esquerdista, que lhes interessa, por um lado, fomentar, e, por outro lado, ocultar enquanto não chegar a hora de revelá-la à plena luz do dia em todo o esplendor da sua feiúra totalitária. Quando essa hora chegar, será tarde para protestar.
Entre os pontos ali denunciados quero ressaltar o seguinte:
3. Investigações obsessivamente repetidas de violências - reais ou supostas - cometidas pelo regime militar e, em contrapartida, total silêncio quanto aos crimes cometidos pelos comunistas na mesma época.
E o faço para comentar as manifestações da imprensa em torno do imbróglio armado pelo Ministro da Justiça, Tarso Genro, ao convocar o Seminário “Limites e Possibilidades para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direitos Humanos durante Estado de Exceção no Brasil”, numa ameaça clara de revisão da Lei da Anistia promulgada em 1979 para pacificar o País, nos últimos anos do ciclo de governos militares. Estes, com justa razão, protestaram e convocaram para a última sexta-feira, no Clube Militar, outro Seminário: “A Lei da Anistia: Alcances e Conseqüências”.
Simultaneamente, a mídia comunista começou a se mexer para cobrir o evento. Em artigo violentamente anti-militar, e usando a velha tática difamatória de fazer denúncias sem provas, certa de que seus coleguinhas de todas as redações a repetirão, a indefectível Eliane Cantanhêde comentou no dia mesmo do encontro:
“E os militares erram, gravemente, ao enaltecer figuras como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Reclamar da iniciativa de Genro, vá lá. Enaltecer torturador é o fim da picada”.
A ênfase é minha para perguntar, como o fiz por carta sem resposta, quais as provas que D. Eliane tem para fazer tal acusação? Apenas testemunhos de pessoas interessadas ideológica, política e pecuniariamente na acusação? Carta mais explícita e completa foi enviada por outro missivista, que eu saiba também sem resposta.
No dia 5 p.p. fui procurado pelo repórter da revista Isto É, Alan Rodrigues, para conceder uma entrevista sobre o tema. Como já tive péssimas experiências no passado com entrevistas por telefone solicitei que enviasse as perguntas por e-mail com respostas pelo mesmo método. A revista pretendia fazer uma ampla reportagem com opiniões “dos dois lados” a respeito do problema. Não acreditei, mas mesmo assim respondi às perguntas (ver abaixo a entrevista integral).
Não foi surpresa verificar que nenhuma das minhas respostas tinha sido publicada, mas sim o tom violento de achincalhe que foi usado na edição final da matéria a se iniciar pelo título: “Tortura não é crime político”. De uma só tacada toma-se como provado o que não são nada mais do que acusações por parte de pessoas altamente interessadas em que a própria denúncia se transforme em dogma indiscutível, e se endossa sem contestação a posição do Ministro da Justiça.
O Seminário no Clube Militar é chamado de “manifestação dos saudosistas da ditadura” e “rebelião do pijama” que Cantanhêde chama “desacato do Clube Militar”. Os repórteres de Isto É, embora alegando imparcialidade, aduzem que “O Brasil não pode ficar refém de minorias sem voto que se valem do medo para impedir a verdadeira reconciliação dos brasileiros”.
O que seria a “verdadeira reconciliação dos brasileiros”? A aceitação como dogma de todas as acusações sem provas? Só com a execração pública de militares que destemidamente combateram os terroristas e guerrilheiros, mesmo que não sejam condenados pela justiça? Parece ser esta a opinião “abalizada” do entendido em terrorismo, o seqüestrador Fernando Gabeira para quem “uma saída batizada como ‘à África do Sul’ unificaria várias correntes que combateram a ditadura. Para curar as feridas do apartheid, Nelson Mandela elaborou uma Comissão de Verdade e Reconciliação que apurou os crimes do regime, mas não houve punição”. E acrescentou que “o mais importante seria a abertura dos arquivos da ditadura”. Mas é tudo o que os acusados pedem e o governo, que tem autoridade para isto, não cumpre! O site A Verdade Sufocada publica parte desta documentação onde quem quiser pode se informar.
Enfim, fui convidado para uma entrevista séria e imparcial que se revelou, ao fim e ao cabo, uma farsa que nada acrescenta às monótonas repetições da mídia nos últimos vinte ou trinta anos. Não acuso o repórter de má fé; acredito mesmo que tenha tido a intenção de fazer um bom trabalho, mas com já se dizia no Manifesto:
Essas deformações, consolidadas pelo hábito ao longo de três décadas, já são hoje aceitas como procedimentos normais, de modo que aqueles mesmos que as impõem ao jornalismo podem, ao mesmo tempo, negar a existência delas, sem às vezes nem mesmo perceber que estão mentindo. É que a mentira repetida se tornou verdade.
Comenta-se que o Presidente Lula, ao voltar de viagem desautorizou Tarso e Vannuchi e teria posto uma pedra em cima do assunto. Será? Novo round parece estar no horizonte imediato: o “Seminário Internacional Direito à Memória e à Verdade”, organizado pela revista Carta Capital com patrocínio da Caixa Econômica Federal e UNESP (Universidade Estadual Paulista), com ninguém menos do que Baltazar Garzón, enfant gâté das esquerdas mundiais desde que expediu ordem de prisão contra o General Pinochet e recusou todos os apelos dos exilados cubanos na Espanha para processar Fidel Castro. A abertura do Seminário estará a cargo do ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.
E por falar em patrocínio: o nº. 2023 da Isto É, onde saiu a reportagem, tem um encarte de luxo da Petrossauro com dez páginas. Possivelmente pura coincidência! Ou não?
por Heitor De Paola em 13 de agosto de 2008, no Mídia Sem Máscara
Nenhum comentário:
Postar um comentário