quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Chifre em Cabeça de Cavalo - ou A Volta de Eliane Esquerdanhede

Não bastasse a bobagem escrita por Eliane Castanhede em sua coluna na Folha On-Line, que reproduzi no post anterior, em 05/08/2008 ela ataca novamente. Eis o que nos fala a "jornalista" - e, para respondê-la, um vermelho (Eliane), azul (Reinaldo Azevedo) e púrpura com negrito(Yara Chiara):

Alfredo Stroessner foi ditador do Paraguai de 1954 a 1989 e não era flor que se cheirasse -que o digam suas vítimas e descendentes. Mas, ao ser chutado do poder, veio parar no Brasil, instalado cômoda e tranqüilamente na capital da República como exilado político, até morrer em 2006 de morte morrida, aos 93 anos de idade.Isso não significa que o governo brasileiro financiasse o terror paraguaio, nem articulasse um golpe no país vizinho, nem... nem coisa nenhuma. Apenas concedeu-lhe um direito internacionalmente reconhecido: o asilo político.
Xiii... Eliane não conhece a história das Farc e acaba de obscurecer também a do Paraguai. Stroessner, de fato, ficou no Brasil: sob o compromisso de que não se envolveria em questões políticas brasileiras ou paraguaias. E não se envolveu. Olivério Medina, ao contrário, é DIRIGENTE DAS FARC, Eliane Cantanhêde. Tenha você a opinião que tiver, pare de ficar desinformando os leitores, criatura. O “Cura Camilo” é um dos membros da Coordinadora Continental Bolivariana (CCB), que é o braço internacional do terrorismo. E os e-mails provam que ele desrespeita a legislação brasileira. Ademais, Stroessner não poderia mesmo financiar o terror paraguaio pela simples e óbvia razão de que não havia terror paraguaio... O único terror paraguaio conhecido, de efeitos devastadores, é o uísque.

O ditador paraguaio era chefe do Estado do Paraguai. Era, portanto, um político. Ao sofrer um golpe, podia, legitimamente, buscar asilo político no Brasil, desde que não cometesse ilícitos que fossem puníveis no Brasil ou/e no Paraguai.
Medina nunca fez parte de uma partido político, não tem assento no Congresso nem comanda a nação: ele é dirigente de um grupo cujas ações principais são o seqüestro e o tráfico de droga. Ele é dirigente de um grupo criminoso que não tem reivindicações políticas legítimas nem representatividade junto à população colombiana, que repudia as FARC com unanimidade.
Não se trata, portanto, Eliane, de uma questão política, mas criminal, penal: ele cometeu lá crimes que são puníveis no Brasil e na Colômbia, ambos estados soberanos e democráticos que assinaram tratados em que se comprometem a punir dados delitos, independentemente da nacionalidade do perpetrador. Em sua política externa, segundo a Constituição Federal, o Brasil se pauta pelo respeito à autodeterminação dos povos — isto é, neste caso, respeito à vontade da população colombiana, representada por um Estado Democrático —, à soberania e aos direitos humanos.
O Brasil, por mandamento constitucional, tem obrigação de repudiar o terrorismo, a violação dos direitos humanos e respeitar a soberania do estado Colombiano.
As FARC seqüestram e traficam drogas: são um grupo terrorista.
Do que se conclui:
a) O Brasil deveria ou processar Medina pelos crimes de "jurisdição universal", isto é, crimes que o Brasil é obrigado a punir, independentemente da nacionalidade do perpetrador;
b) Ou devolver Medina para a Colômbia, onde ele responde por crimes puníveis no Brasil também e no contexto do devido processo legal, consagrado pela legislação brasileira.
Abrigar este sujeito é um acinte à Constituição Federal e ao povo colombiano. Ele não tem nenhum direito internacionalmente reconhecido porque não tem representatividade política alguma: é um bandido que deve ser preso onde quer que se encontre.
Entendeu, Eliane?
São regras básicas do Código Penal e de Processo Penal — aliás, no que se referem à aplicação das leis no espaço (extraterritorialidade).
c) O que é inaceitável é o Brasil ignorar a população colombiana, cuja autodeterminação se dá através do Estado Democrático da Colômbia, e negociar com um grupo terrorista. Isso significa jogar a Constituição Federal no lixo, Eliane.
Caso você não os aceite, Eliane, não há debate, mas, a meu ver, e sinto muito, querida, apenas desrespeito à população colombiana e aos fundamentos da Constituição Federal do Brasil.
Por favor. Reflita sobre isso caso venha a ler. Nem falo de e-mails ou Foro de São Paulo, algo que faço em outra ocasião.Trata-se das preliminares sem as quais o debate não faz sentido, ou faz apenas um sentido macabro.


Agora, há um deus-nos-acuda porque o Brasil acolhe o cidadão colombiano Olivério Medina, ex-padre que se apresenta como "embaixador" das Farc e cuja mulher, uma brasileira, trabalha no Ministério da Pesca. Entonces, pergunta-se: 1) o país que acolheu Stroessner por 17 anos não pode fazê-lo com Medina por quê? 2) nem ele nem sua mulher podem trabalhar e devem morrer de fome?
Como Eliane é singela! Despertou em mim a vontade de levar uma marmita para Angela Slongo, a mulher do terrorista. Olivério Medina não é um “cidadão colombiano”: é um homem processado por terrorismo em seu país e que, no Brasil, como provam os e-mails, continua vinculado ao terror. Não! O país que acolheu Stroessner há 17 anos não pode acolher Medina se ele vier, como veio, na condição de emissário de um grupo armado. Eliane quer enganar-se ou quer enganar os leitores? O ex-ditador paraguaio aqui chegou porque, como ela disse muito bem, foi chutado do Paraguai. Não estava no Brasil para conspirar contra o seu país de origem, com o qual mantemos relações diplomáticas. Medina aqui está, como ele próprio revelou, para conseguir o passaporte brasileiro e ganhar mobilidade. Para quê? Para fazer o que as Farc fazem: traficar, seqüestrar, matar.Quanto ao casal morrer de fome... Confesso-me comovido. De fato, se a mulher de um terrorista não trabalhar no governo, vai trabalhar onde, não é mesmo? Coitada! Morre de fome! E o detalhe que torna tudo mais encantador: ela defende a pesca brasileira em... Brasília!!! Os únicos peixes fartos em Brasília são tubarão — no Congresso — e piranha ali nos arredores da rodoviária.
O que o terrorista faz, eu não sei. Pelo visto, Eliane acha que ele também mereceria um carguinho público.


Essa discussão está fora de controle.
Não. Há algo fora de controle, mas não é a discussão...

A crítica que se deve fazer ao governo Lula é outra, por ter sido tão rápido e tão eficiente ao entregar os dois boxeadores cubanos de bandeja (ou melhor, de avião venezuelano) para o regime nada amistoso de Fidel Castro. Não por dar a Medina um status de asilado.
Huuummm... Calma, Eliane. Respire.Quem deu a Medina o status de refugiado nem foi o governo, mas o STF — com o apoio do Planalto. De resto, todos aqueles que agora censuram as folias dos petistas com as Farc também criticaram Tarso Genro por ter entregado os boxeadores ao facinoroso cubano — aqui, então, nem se diga. Fui o primeiro, o que uma pesquisa na Internet pode comprovar. Mas o que uma coisa tem a ver com outra? Alguém, por acaso, elogiou o comportamento do governo naquele caso?

É como os e-mails das Farc citando brasileiros: isso não prova nada, muito menos participação na guerrilha, em contrabando de armas e cocaína, exportação de revoluções e articulações para derrubar Uribe.
Só faltava haver gente no governo brasileiro diretamente envolvida com todos esses crimes — incluindo o que seria uma declaração de guerra: tentar derrubar o presidente de um outro país. Estou um pouco espantado com o texto de Eliane. Só pode ser desespero de quem embarcou numa canoa furada e se pega sem argumentos. ATÉ PORQUE ELA DEVERIA SER MAIS CAUTELOSA. Nem mesmo sabe se os 85 e-mail reúnem tudo o que se tem sobre o Brasil... Intuo que não.Se, no entanto, Eliane estiver se referindo a Medina, a coisa muda de figura. Ele é dirigente das Farc e da CBR — logo, está envolvido, SIM, com o terrorismo, o contrabando de armas, a produção e a venda de cocaína, os campos de concentração e os assassinatos.

Estamos carecas de saber das antigas ligações de setores da esquerda brasileira com as Farc, mas as Farc mudaram, o PT mudou, a turma do Planalto está feliz da vida com o poder.
Não! Eu, infelizmente, estou careca. Eliane continua loura. Não me consta que ela tenha perdido cabelos escrevendo sobre as vinculações de petistas com as Farc. E que historia é essa de que elas mudaram? Não ao mesmos desde que o PT existe. As ligações do grupo com o narcotráfico já caminham para três décadas. Quando Lula e Marco Aurélio Garcia fundaram o Foro de S. Paulo junto com aqueles bandoleiros, sabiam muito bem a que atividade eles se dedicavam. Há membros no Diretório Nacional do PT que fazem a defesa escancarada dos narcoterroristas — e, por incrível que pareça, o governo brasileiro não aceita o que um dirigente da organização já admitiu em entrevista à própria Folha: sim, eles se dedicam ao tráfico de drogas. Mesmo assim, o Brasil sempre preferiu se declarar “neutro” quanto ao real caráter das Farc.Dizer que o PT mudou, lamento dizer, é não conhecer nem o PT de antes nem o PT de agora. Os petistas nunca foram partidários da luta armada. Suas escolhas para desmoralizar a democracia sempre obedeceram a uma outra receita. Não vou tratar disso aqui porque seria me alongar demais — até porque tenho tratado disso há muito tempo.

Ninguém mais fala em reformas, quanto mais em revolução em país alheio!
Huuummm... Que revolução em país alheio??? Quando é que alguém acusou o governo brasileiro de estar promovendo revolução na Colômbia? Que tática é esta de negar o que ninguém afirma? Mas esta única linha chega a ser involuntariamente engraçada porque:- nenhum crítico das Farc as considera revolucionárias; são terroristas;- afirmar que “ninguém mais fala em reformas, quanto mais em revolução” trai a idéia estúpida de que a reforma é um degrau inferior da revolução. Há momentos em que a falta de formação política faz... falta!!! A reforma, Eliane, é, acredite, a contradição da revolução. Mais não explico. Aí só em livro.

No máximo, pode-se falar em saídas negociadas entre Uribe e Farc, para evitar um mar de sangue.
Como eu suspeitava, é uma coluna inspirada pelas teses de Marco Aurélio Top Top Garcia. Que saída negociada? Surtou? São cinco mil terroristas contra 45 milhões de colombianos. A cúpula da guerrilha foi liquidada. Seus espaços são cada vez menores. A única “negociação” se dá para libertar os reféns. Não há que se falar em “saída negociada” porque não há impasse. A democracia colombiana venceu: contra a vontade da Venezuela, do Equador e do Brasil, que tentou esmagar diplomaticamente a Colômbia e dá abrigo a um dirigente terrorista. Mais do que isso: dá emprego à sua mulher — ou a coitadinha morre de fome...

E daí? Com tantos problemas reais, é pouco para a gente ficar botando chifre em cabeça de cavalo.
Eliane acha pouco que autoridades brasileiras tenham sido flagradas em negociações com um grupo que mata, que seqüestra e que mantém centenas de pessoas em campos de concentração. Acha que isso é buscar chifre em cabeça de cavalo. O clichê, como todo clichê, só desinforma. Se preciso, chama touro de cavalo só para lhes esconder os chifres...Eliane, nessa historia, lembra Franklin Martins, ainda fora do governo — mas já bastante dentro —, a negar a existência do mensalão.


Para melhorar a situação - ou, ao menos, não piorá-la -, Bárbara Gancia acordou do sonho esquerdista. Em 01/08/2008, escreveu na mesma Folha de São Paulo:

MEA culpa, mea culpa... Eu achava que o jornalista, filósofo e escritor Olavo de Carvalho fosse um tarado delirante. Não que eu não respeite sua inteligência, o cara é simplesmente brilhante. Mas a obsessão que ele tem em apontar, lá da Virgínia, onde mora, comunistas comedores de criancinhas em todas as esquinas do Brasil sempre me causou um certo desconforto.

Depois da queda do Muro de Berlim, pensava esta imbecil que vos fala, a esquerda caiu na real e o próprio PT entendeu de uma vez por todas que o eleitor brasileiro não é afeito a radicalismos. Que a grande maioria das pessoas não pretende resolver o problema da distribuição de renda ateando fogo aos ônibus da periferia ou incitando a guerra no campo.

Há anos, Olavo de Carvalho vem batendo na tecla do Foro de São Paulo e, há anos, eu venho dizendo que ele não passa de um alarmista. Que não tem nada de mais o ex-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, ou o assessor especial do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, sentirem vontade de rever velhos amigos tupamaros, sandinistas ou, sei lá, do Sendero Luminoso, duas vezinhas ao ano, em confraternização que reúne a esquerda moribunda da América Latina e do Caribe.

Afinal, o mundo mudou, não é mesmo? O que os caras podem estar tramando, se reorganizarem num ente político-partidário para reviver ideais marxistas? Montar uma guerrilha no quintal? Voltar à clandestinidade levando o Genoino? Todas as vezes em que vi Olavo de Carvalho alertar sobre o Foro de São Paulo e dizer que a turma que lá se reúne tinha segundas intenções, e que eles mentiam deslavadamente quando negavam a que vinham, eu achava que fosse alguma forma de senilidade precoce sua, um cacoete de quem está fora do país há tempo demais e não percebe que, aqui na terrinha, a democracia prevaleceu e se consolidou.

Pois, a julgar pela extensa reportagem publicada na revista colombiana "Cambio", sobre o envolvimento de autoridades petistas com as Farc, Olavo de Carvalho esteve certo todos esses anos.

Pensando bem, como pude ser tão tola? Só porque agora aluga todos os vôos disponíveis de jatinho no país, não quer dizer que José Dirceu tenha virado um John Maynard Keynes, não é mesmo? Pelo que a gente sabe, ele continua a chorar emocionado a cada vez que pisa em Cuba. E não é preciso ser nenhum gênio da lâmpada para saber que Marco Aurélio Garcia, o ex-ministro Roberto Amaral (aquele termocéfalo que fez uma trapalhada atrás da outra quando passou pelo Ministério da Ciência e Tecnologia) e o ministro Celso "Doha-a-Quem-Doer" Amorim (por falar em trapalhada...) também não mudaram de lado da noite para o dia, né não? Assim como Olavo de Carvalho, Lula também sabia o que estava acontecendo. Mesmo que seu chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho, não tenha lhe fornecido detalhes da proximidade que ele e seus colegas mantinham com os guerrilheiros das Farc, diz a "Cambio" que Álvaro Uribe se encarregou de contar tudo ao presidente no encontro que os dois tiveram no dia 19 de julho.

Alô, presidente Lula! Agora que a vaca foi pro brejo, o que eu quero mesmo saber é: o dinheiro das Farc acaba indo parar na mão do PCC?

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