No último dia 5, a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem afirmando que as Farc haviam buscado diálogo com o governo brasileiro (a reportagem está disponível somente para assinantes do jornal e do Uol).
A conclusão foi tirada de supostos e-mails encontrados no computador do ex-porta-voz internacional das Farc Raúl Reyes, afirma a última edição da revista, que entrou em circulação hoje. Leia a matéria da "Cambio" na íntegra, em espanhol.
O governo colombiano, no entanto, "usou seletivamente os arquivos do computador de Raúl Reyes".
A publicação acrescenta que com "Equador e Venezuela, (os arquivos) foram usados para colocar em contradição (o presidente venezuelano Hugo) Chávez e (o presidente equatoriano Rafael) Correa, hostis a (o chefe de Estado colombiano Álvaro) Uribe".
Com o Brasil, "a articulação foi feita embaixo da mesa para não comprometer Lula, que se mostrou mais hábil e menos combativo com a Colômbia", afirma a revista. A publicação diz que Uribe conversou sobre o assunto no último dia 19 com Lula, quando o brasileiro esteve na Colômbia.
E-mails
Nos e-mails de Reyes - cujo nome verdadeiro era Luis Edgar Devia e que foi morto por tropas colombianas em solo equatoriano em primeiro de março - são mencionados "cinco ministros, um procurador-geral, um assessor especial da Presidência, um vice-ministro, cinco deputados, um vereador e um juiz superior" brasileiros, acrescentou a revista.
Algumas mensagens foram escritas durante o processo de paz da Colômbia entre 1998 e 2002 em San Vicente del Caguán, durante o governo do então presidente colombiano Andrés Pastrana, "e envolvem um prestigioso juiz e um alto ex-oficial das Forças Armadas brasileiras".
A mesma reportagem diz que "a expansão das Farc na América Latina não incluiu apenas funcionários dos governos de Venezuela e Equador, mas também comprometeu importantes dirigentes, políticos e altos membros do PT".
A "Cambio" cita o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, a deputada distrital Erika Kokay e o chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Também são mencionados nesses e-mails o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, o subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e o assessor presidencial Selvino Heck.
A "Cambio" disse que teve acesso aos 85 e-mails de Reyes entre fevereiro de 1999 e fevereiro de 2008 enviados e respondidos pelo líder máximo das Farc, Manuel Marulanda ou Tirofijo, cujo nome verdadeiro era Pedro Antonio Marín e que morreu este ano.
Ainda segundo a "Cambio", há mensagens de Reyes para o chefe militar das Farc, Mono Jojoy --cujo nome verdadeiro é Jorge Briceño--, e para Francisco Antonio Cadena Collazos --conhecido como padre Olivério Medina e "Cura Camilo" e que atua como delegado das Farc no Brasil-- e de todos eles com dois homens identificados como Hermes e José Luis.
Cura Camilo, preso em São Paulo em agosto de 2005, vivia no Brasil há oito anos e foi beneficiado com uma proteção especial por ser casado com uma brasileira.
Cura Camilo
Em 2006, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) concedeu a Cura Camilo o status de refugiado, decisão que pesou bastante para o Supremo Tribunal Federal (STF) negar seu pedido de extradição para a Colômbia.
Cura Camilo foi "chefe de imprensa" da guerrilha colombiana no início dos frustrados diálogos de paz em San Vicente del Caguán.
O chamado "dossiê brasileiro" diz que estas mensagens "revelam a importância do Brasil na agenda externa das Farc (...) para dar suporte à estratégia continental da guerrilha".
As Farc, acrescenta a "Cambio", aproveitaram "a conjuntura criada pela chegada de Lula e do influente PT ao poder para chegar até as mais altas esferas do governo".
A revista também disse que, "apesar de os e-mails serem apenas indícios de um possível comprometimento do Governo Lula com as Farc - pois nenhum dos funcionários enviou mensagens pessoais a algum dos membros do grupo guerrilheiro - despertam muitas dúvidas que exigem uma resposta do governo" brasileiro.
Em depoimento à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados em abril, Garcia disse repudiar os métodos usados pelas Farc, como seqüestros, ataques terroristas e uso de dinheiro do narcotráfico.
Naquela oportunidade, Garcia afirmou que o Brasil tem que assumir uma posição de não interferir no conflito colombiano, mas que também não pode ficar indiferente.
Recentemente, Garcia classificou como "irrelevantes" as mensagens encontradas no computador periciado pelo governo colombiano.
Consultada pela agência Efe, a assessoria da imprensa da Presidência da República disse que desconhecia o conteúdo da matéria da Cambio.
na Folha de São Paulo, em 30/07/2008
Ai, ai, ai... É o que eu sempre digo: é dura a vida das esquerdas, pobres coitadas. Agora que não mais é possível desmentir as ligações Governo-PT-FARC, que eu já escrevi aqui em vários posts, nem é possível dizer que tais e-mails são apenas "supostos" documentos, pois a Interpol já verificou sua autenticidade, os PeTralhantras (como diz, Reinaldo Azevedo, uma mistura de Petista com Irmão Metralha e Pilantra) agora atacam as mensagens como sendo "irrelevantes".
E sai a tal colunista-esquerdista Eliane Castanhede, da Folha de São Paulo, em defesa dos "frascos e comprimidos" esquerdopatas, com a singela manchete de "E-mails da Discórdia":
Logo após crise ocorrida depois da prisão de Daniel Dantas, com acusações de supostos envolvimentos do banqueiro com deputados do PT, Lula se vê às voltas com uma polêmica internacional. Trata-se dos e-mails trocados por integrantes das Farc citando petistas e integrantes do governo.
"Sinceramente, se você espremer tudo que tem sido publicado em torno destes e-mails, não sobra muita coisa. As pessoas podem citar o 'A', o 'B', o 'C', e isso não significa nada. Se você olhar os e-mails, não tem nenhuma ação, nenhum ato, nenhum gesto citado ali que pudesse comprometer de fato o partido e o presidente, os ministros, enfim, o governo Lula", constata a colunista.
A menos que surja algum fato novo, as mensagens serviriam apenas para constranger o governo, na opinião da jornalista.
"Sua maior gravidade, portanto, é política. É saber quem e com que interesse está jogando o governo brasileiro e o partido do presidente nessa fogueira", questiona Cantanhêde.
Segundo a jornalista, os brasileiros citados não sabem ao certo o que está acontecendo e respostas devem ser buscadas na própria Colômbia.
Humm. Vamos ver: quando Olivério Medina, o "embaixador" das Farc, escrevia e-mails a Raul Reyes - alguns dos quais publicarei num próximo post -, estava em prisão domiciliar no Brasil e aguardava decisão judicial sobre uma possível extradição. Seus defensores queriam evitá-la, pois afirmavam que ele corria risco de morte na Colômbia, além de sustentar que ele havia abandonado as Farc.
Os "irrelevantes" e-mails, porém, demonstram que ele, Medina, o Cura Camilo, não havia deixado - e nem poderia - a organização terrorista. À muitos, como para a esquerdista Eliane Castanhede, pode ser irrelevante que uma organização terrorista - que trafica drogas e mantém campos de concentração, na selva, com mais de 700 pessoas, sendo que a maioria destas nada tem a ver com a política colombiana - tenha um "embaixador" no Brasil com uma impressionante lista de contatos no governo e nos partidos de esquerda que estão no poder.
Ademais, esta história de que qualquer um pode citar "'A', 'B' ou 'C' e isso não significa nada" é uma tremenda "farofice", um verdadeiro acinte à língua portuguesa e à verdade, pois é uma negação de uma negação (NÃO significa NADA) e, portanto, significa algo: que os tais citados não somente têm contatos, mas são aliados das FARC, pois tanto estas quanto o partido onde militam aqueles são membros do Foro de São Paulo, fundado pelo PT e por Fidel Castro em 1990!
O maior problema é que, à moda de Eliane, o governo não se constrange com os fatos - mesmo porque ele é o causador destes. Os e-mails provam que o governo de Lulovski Apedeutovich já estava - e continua - contaminado por uma rede de simpatizantes de um grupo que seqüestra e mata às centenas, ou milhares, além de ser o principal fomentador do narcotráfico. Portanto, se tais mensagens estão jogando o governo na fogueira, é porque os próprios membros do governo e do partido do presidente a acenderam, e não mais tem como apagá-la.
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