quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ainda sobre o Terrorismo e a Tortura

Já falei, em outro post, que, não fosse o circo montado pelos sinistros Tarso Genro (ex-terrorista do PC do B), Paulo Vanucchi (ex-terrorista da ALN e atual membro do conselho editorial da revista "America Libre", do Foro de São Paulo) , Dilma Rousseff (ex-terrorista da VAR-P) e, agora, pelo ministro Carlos Ayres, para punir apenas um dos lados do regime de exceção da ditadura, "também eu aderiria à revisão da Lei de Anistia: seria um bem enorme para o país punir todos os ex-torturadores e TODOS OS QUE ADERIRAM AO TERRORISMO querendo implantar, à base de bombas, justiçamentos, assassinatos e torturas, o comunismo em nosso país".

"Os primeiros, aqueles que, no passado, se comprometeram com a ditadura, ainda que nos porões - e o torturador, de fato, está no último degrau da 'cadeia alimentar da civilização' -, hoje, desistiram do horror. Já alguns esquerdistas que, no passado, aderiram à luta armada e ao terrorismo, continuam a namorar com o totalitarismo até hoje. Um grupo de anistiados acatou a democracia. O outro ainda não. E justamente os que não acataram querem, agora, se vingar. Faz sentido! Jamais quiseram democracia: nem antes nem depois de 1964, nem antes nem depois do fim do regime militar".

"Eu não tenho dúvida de que teríamos, certamente, punindo ambos os lados, um Brasil muito mais decente e com muito menos escândalos na administração pública".

Esse pessoal, que hoje toma conta das cadeiras de ministro, quer reencruar o passado apenas para reescrever a história a seu favor: condenar os que combateram a esquerda e seus delírios totalitários e louvar os que cometeram atos terroristas.

Mas esta falácia é facilmente derrubada, pois que é baseada em dois pilares:

1. O terrorismo cometido peas esquerdas, no Brasil pré e pós 1964, não era terrorismo.

Ora, os próprios membros das organizações esquerdistas da época deixaram documentos - e eles eram pródigos em produzí-los - que contradizem totalmente esta inverdade. Dentre eles, o mais famoso foi o "Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano", de Carlos Mariguella, líder da ALN, que dizia coisas como:
  • Hoje, ser terrorista é uma condição que enobrece qualquer homem de honra porque isto significa exatamente a atitude digna do revolucionário que luta, com as armas na mão, contra a vergonhosa ditadura militar e suas monstruosidades;
  • Sendo o nosso caminho o da violência, do radicalismo e do terrorismo (as únicas armas que podem ser antepostas com eficiência à violência inominável da ditadura), os que afluem à nossa organização não virão enganados, e sim, atraídos pela violência que nos caracteriza;
  • Ao terrorismo que a ditadura emprega contra o povo, nós contrapomos o terrorismo revolucionário.

Assim como a ALN, o MR-8, a VAR-Palmares e a VPR, das quais participaram, como militantes, vários integrantes do atual governo, seguiram este caminho. E que, nesse trabalho de terrorismo permanente, foram mortos e feridos não somente agentes da repressão, mas vítimas inocentes, atingidas em assaltos a bancos, seqüestros e atentados à bomba.

2. A luta armada de esquerda era uma forma de resistência democrática contra a ditadura militar.

Era uma forma de resistência? Sim. Era democrática? Não. O projeto guerrilheiro - pesquisem, por favor - era anterior ao regime instituído em 1964, tendo sido levado a cabo pelas Ligas Camponesas, de Francisco Julião, desde 1961, ao que se sabe, em pleno regime democrático. E as primeiras ações armadas de esquerda ocorrem antes do AI-5, considerado, historicamente, o "momento inicial" da guerrilha no Brasil.

Dentre todos os documentos produzidos pelas diversas organizações de esquerda, há nenhum documento - um mísero pedaço de papel de pão (muito usado na época) - que ateste que os guerrilheiros lutavam contra a ditadura em favor do restabelecimento da democracia. Pelo contrário: como mostram Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá, TODOS os grupos de esquerda do período viam na "ditadura do proletariado" instituída pelo socialismo, e não na democracia, o objetivo a ser alcançado, implantando, no Brasil, um regime político semelhante ao de Cuba de Fidel, da União Soviética de Stálin ou da China de Mao Tsé-tung.

Ademais, aceitar que o terrorismo era a única forma de luta contra a ditadura implica supor que a ação pacífica para depor o regime era uma tolice, uma inutilidade ou um capricho.

Mistificadores e ignorantes, os que hoje querem a vingança adoram afirmar que devemos as liberdades que temos ao sangue das vítimas que tombaram. MENTIRA! Lamento pelas vítimas que tombaram de um e de outro lados. Lamento por aqueles que foram submetidos a sevícias depois de presos - como ocorre hoje, habitualmente, nas cadeias brasileiras, sem que Paulo Vannuchi, Tarso Genro ou Carlos Ayres soltem um pio -, mas não devemos as nossas liberdades aos mortos ou torturados do PC do B, aos mortos ou torturados da ALN; aos mortos ou torturados do MR-8.

Devemos, sim, nossas liberdades, àqueles que ficaram aqui e preparam a volta da democracia fazendo oposição ao regime de forma pacífica. Gentes como Ulysses Guimarães, como Alencar Furtado, como Franco Montoro, como Petrônio Portella, vindo lá da ditadura. E, acreditem, até como Golbery do Couto e Silva.

Esta nova guerrilha, que vem sendo travada pelos nossos Sinistros ex-terroristas, é uma tentativa de politizar e ideologizar os direitos humanos, pois, como ensinava Lênin em seu
decálogo, é necessário fazer com que a confiança do povo em seus líderes seja destruída. E as Forças Armadas, desde sempre, na sua missão suprema de respeitar a Constituição, cumpriu seu dever de assegurar nossa soberania garantindo-nos a segurança contra o golpe de Estado que se asseverava no governo de João Goulart para a instituição do comunismo em nosso país.

Para estes energúmenos que querem a punição dos torturadores, a esquerda é sempre vítima, jamais culpada. O terrorismo que ela praticou nunca foi terrorismo, mas o combate a ele, sim. Logo, os mortos pelas mãos da esquerda, mesmo que simples transeuntes ou clientes de banco, não foram vítimas: ou mereceram morrer, ou foram simples "danos colaterais" de uma luta necessária. A morte de um guerrilheiro, mesmo que em combate, porém, é algo terrível e escandaloso, que precisa ser denunciado e vingado.

É uma maneira de dizer que os ex-terroristas eram moralmente superiores aos ex-torturadores, ou de afirmar, subrepticiamente, que "apesar" de terem assassinado, estuprado, seqüestrado, detonado bombas e roubado, eles nunca irão reconhecer a esquerda armada como terrorismo, pois a esquerda pode fazer o que aos demais mortais é vedado, porque está fazendo algo glorioso e profundamente humanista: todos aqueles que se colocarem em seu caminho rumo ao comunismo são vermes e merecem ser esmagados!

Fica fácil entender o porquê desse governo não reconhecer as FARC como organização terrorista.

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